A neve ainda caía lá fora quando empurrei a porta da igreja, quase correndo. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, e a raiva latejava em cada músculo do meu corpo. Dante. Menos de um mês de casamento e eu o peguei com outra mulher. Ele não demonstrou remorso, apenas aquela frieza, aquele desrespeito… como se eu fosse patética, um objeto descartável. Pensei que, talvez, se eu me esforçasse, se eu tentasse ser uma boa esposa, o amor surgiria. Mas agora eu sabia que não. Não havia amor, não havia respeito. Só humilhação.
A igreja estava silenciosa, elegante, pequena, mas imaculada. Os vitrais filtravam a luz da tarde, refletindo tons dourados e vermelhos sobre o mármore polido. Os bancos estofados estavam vazios, e o silêncio parecia pesar no ar. Um suspiro escorregou pelos meus lábios enquanto me aproximava do confessionário. Geralmente, nessa hora, o padre Abraham me esperava para a confissão.
—Senhor padre Abraham, que bom que o senhor está aqui —sussurrei, tentando soar firme.
Uma vo