Artemísia Goldryn é uma ômega marcada pela dor, inferior perante sua alcateia, rejeitada pelo companheiro que ela escolheu amar. Forte, desconfiada e feroz, ela fecha o coração para qualquer emoção que não seja sobrevivência. Mas o destino, guiado pela deusa da lua, tem outros planos. Após ser expulsa de sua matilha e vendida como uma mercadoria, Artemísia é enviada para o norte, ao território amaldiçoado da Alcateia Umbra. Lá, ela encontra Lioran Umbrawin, o Alfa Amaldiçoado, um homem frio, arrogante e dominado pelos preconceitos que ela despreza. Ele é tudo o que ela odeia... e tudo o que a deusa escolheu para ser seu companheiro predestinado. Presos num laço místico que ambos resistem, os dois embarcam num perigoso jogo de desejo, orgulho e redenção. Mas será que o amor é forte o suficiente para romper as feridas da alma e quebrar as maldições que os cercam?
Leer másAs mãos dele descem cada vez mais. Não faço menção de impedir. A parte teimosa terá que lidar com o ego ferido depois. Por ora, meu ser mais primitivo quer ser devorado.Suas garras rasgam o manto de lã robusto que cobria minha túnica de forma impaciente. Meus ombros ficam expostos, mas não sinto frio. Apenas o calor ardente.O corpo dele se pressiona contra o meu. O torso nu emanando calor e exalando um odor que provoca cada vez mais meus sentidos. Algo duro me cutuca, dentro dos trapos improvisados que ele ainda estava usando. Não preciso olhar para saber.O tamanho faz jus ao dono…Meu corpo responde antes da razão conseguir formular qualquer protesto. Ele sabe disso. Sabe o efeito que causa. E parece se alimentar disso, do meu descontrole, da minha entrega.As garras deslizam pela curva da minha cintura, e tudo em mim grita por mais.Minhas mãos começam a agir, pressionando seu membro pulsante com ferocidade contida. Lioran solta um gemido gutural em reação, e arranha suas presa
A porta rangeu suavemente ao se abrir, revelando a sala principal da residência Alfa. Entrei com cautela, os olhos percorrendo cada detalhe com atenção.O ambiente era amplo, com pé-direito alto e vigas de madeira expostas como ossos antigos. Tapetes pesados sobre o chão de pedra escura abafavam os passos e envolviam a sala em um acolhimento silencioso.À esquerda, uma lareira de pedra crepitava, lançando sombras dançantes pelas paredes. Acima dela, um brasão entalhado observava tudo com solenidade. Móveis robustos preenchiam o espaço, com almofadas em tons de vinho e musgo. Na mesa de centro, um tabuleiro de xadrez aguardava o próximo duelo. Estantes exibiam livros gastos, pergaminhos, frascos e esculturas de criaturas desconhecidas.A tecnologia estava ali, discreta: um tablet sobre a escrivaninha antiga, ao lado de uma pena e tinteiro. Cabos e tomadas se escondiam sob mantas e móveis, como se a casa tolerasse o moderno, mas preferisse o antigo.Umbra parecia isolada do tempo, mais
O som da música e das risadas descontraídas começa a se aproximar à medida que Freya corre. Por um súbito instante, interfiro na fuga, um impulso instintivo, e indico que minha loba mude o trajeto.Não podemos seguir em direção ao festival. Lá tem muita gente inocente... crianças. Não podemos ser irresponsáveis a ponto de levar uma ameaça tão perigosa para o coração da vila.Freya compreende meu raciocínio com rapidez. Sem hesitar, ela muda a rota, nos lançando em uma corrida sem rumo por um território desconhecido.A presença predadora do nosso perseguidor continua no encalço. Eu pensei que seria mais fácil despistá-lo.“Artê, veja! Ao longe, em cima daquela colina. É uma fortaleza!” Freya anuncia, as orelhas se mexendo para captar qualquer sinal de perigo.“É a nossa única saída, vamos até lá!” Respondo e ela aperta o passo, em direção à pequena fortaleza perdida na neve. Talvez lá consigamos despistar o lobo gigante.A antiga torre de vigia, feita de pedra cinzenta e fria, se torna
O relógio marcava quase seis horas da tarde, o horário que Nymerra havia frisado com firmeza. Por incrível que pareça, tudo estava em seu devido lugar.O ar estava carregado de gelo e expectativa.Ao final dos preparativos, parei no centro da vila Ômega. Meus pulmões ardiam com o frio e o esforço. Meus olhos tentavam absorver o que ajudei a construir.A paisagem, antes apagada pela neve, agora brilhava em tons de prata e fogo.Cordões de peles trançadas, tingidas com pigmentos naturais em cinza, âmbar e azul-lunar, pendiam entre os telhados baixos. Cada um carregava pequenos amuletos rústicos: dentes, garras esculpidas em madeira, luas crescentes gravadas em pedra.Oferendas simbólicas à deusa da Lua. Promessas ancestrais penduradas como se esperassem resposta.No centro da rua principal, uma espiral de tochas circundava um círculo de pedra. As chamas azuladas queimavam misturadas a ervas que exalavam um perfume seco e terroso — evocando florestas esquecidas.A luz não apenas iluminav
Umbra parecia bem menos assustadora do que diziam os boatos. Era uma Alcatéia como as outras, só que coberta de neve e gelo.O frio era extremo, típico do inverno. Mas, por algum resquício de misericórdia, nos disponibilizaram trajes quentes durante a organização dos documentos e papelada.Eu e Freya estávamos ansiosas. Não sabíamos qual destino nos aguardava aqui. Até agora, os guardas não deram muitas informações.Após um bom tempo resolvendo a parte burocrática, o oficial Beta reaparece. Dessa vez, com orientações mais claras.— Olá, eu me chamo Serys. Sou o oficial Beta responsável pelo exército e segurança, além de ser a mão direita do Alfa Líder Lioran.Vocês foram renegados em Garra Dourada. Mas aqui, não queremos saber os motivos.Nós oferecemos um recomeço. Serão aceitos como membros comuns da matilha e seguirão as funções referentes às suas classificações.Como todos vocês são Ômegas, participarão dos cargos de serviços. Esses serão designados no Centro Ômega, onde ficarão i
Não houve tempo para entender, nem para respirar. Fomos arrancados do pouco repouso que nos restava com ordens secas e olhares impacientes.— Vamos partir agora? Mas por quê? Isso nos fará passar mais uma noite em acampamento. — pergunto, tentando entender a lógica por trás da pressa.— O Alfa recebeu informações de movimentações suspeitas nas fronteiras sul. Ele quer todos fora antes do pôr do sol. Além disso, hoje enviamos suprimentos para as matilhas do norte, então será uma viagem conjunta. — responde um dos guardas, sem se importar com nossa confusão. Reagan está distante, o olhar perdido, como se algo tivesse quebrado dentro dele.A urgência era palpável. Fomos organizados às pressas e levados até a caravana de suprimentos. Alguns prisioneiros se juntaram ao grupo, cerca de quinze lobos, todos com o mesmo olhar exausto e resignado. Minhas algemas foram retiradas, mas a focinheira permaneceu. Nela, uma corrente foi acoplada e fixada à traseira de um carro de trilha. Todos os pris
Último capítulo