Mundo de ficçãoIniciar sessãoEla fugiu de um monstro, apenas para cair nas garras de outro. Melia Korin é uma ômega renegada tentando sobreviver nos becos esquecidos de Valtheria. Após fugir de um passado marcado por dor, medo e escravidão, escapando por pouco do alfa mais cruel de Obsidian, ela jura nunca mais se submeter a um homem, até que a morte de sua mãe a força a vender o próprio corpo no palco de uma boate, escondida atrás de uma máscara e um nome falso: Bunny. Mas tudo desmorona quando, numa noite, seus olhos se fixam nos olhos vermelhos e selvagens do alfa mais poderoso daquela região. Killer Knight não é um lobo comum. Ele é o predador mais temido de Valtheria, alfa da Dentes de Prata e dono de um império construído sobre poder e sangue. Cruel, dominante e brutal, Killer nunca acreditou em companheiras destinadas, não depois de passar 200 anos esperando a sua e ela nunca aparecer, até sentir o cheiro dela. A ômega mascarada que dança nua como uma deusa e treme como uma presa prestes a ser devorada. Quando o passado violento de Melia colide com o presente implacável de Killer, nasce um vínculo proibido, perigoso e visceral. Entre cicatrizes que sangram e instintos que gritam, Melia terá que decidir: ela vai fugir para sempre… ou se entregar às garras do único lobo que pode protegê-la, ou destruí-la por completo?
Ler maisEra o aniversário de Melia, naquela noite estava fazendo 17 anos.
Era frágil, magra, os cabelos grudados na testa de tanto suor. Corria pela mata com os pés descalços, tropeçando nos galhos, com os olhos marejados e o coração batendo tão alto que abafava qualquer som ao redor. A respiração arfante da mãe ao seu lado mostrava que ambas estavam no limite. A floresta de Obsidian parecia nunca terminar, árvores escuras, o chão úmido e coberto de folhas mortas e pedras que cortavam seus pés era tudo o que viam à frente. A noite densa era iluminada apenas pela luz trêmula da lua e, mesmo sem muitas esperanças, precisavam continuar.
E atrás delas… o som de lobos.
Rugidos e uivos preenchiam a mata como um coro vindo de um pesadelo sufocante. Galhos se partindo, patas rasgando o chão… Eles estavam cada vez mais perto.
— Melia, corre! — gritou sua mãe, Selene, puxando o braço da filha com força. — Não olha pra trás, minha pequena! Não para de correr!
Mas o corpo da garota já não obedecia. O terror era tanto que a ela não sentia mais o frio cortando sua pele. Então, de repente, tropeçou em uma raiz grossa e caiu de joelhos, o rosto batendo na terra molhada e o gosto de sangue chegando a sua boca.
— Mamãe… — soluçou, agarrando o vestido da mãe, os olhos arregalados. — Eu não aguento mais… ele tá aqui, ele tá falando comigo… Tô ouvindo a voz dele…
A voz na mente das duas era monstruosa, profunda, cheia de fúria e ódio.
“Selene, pare com isso. Devolva minha companheira, essa menina me pertence!”
Selene apertou os dentes, os olhos brilhando com uma raiva que queimava como brasas. Sabia que a filha não ia conseguir sozinha, diferente das outras, melia não tinha sua forma de loba, mesmo aos dezessete anos.
Não hesitou.
Num segundo, se transformou.
O corpo da mulher alongou, os ossos estalaram, e no lugar da mãe, surgiu uma loba. Elegante, embora magra, com pelos rajados em preto e cinza. Seus olhos amarelos brilharam como tochas.
Ela se abaixou, abocanhou com cuidado a blusa da filha e jogou Melia sobre suas costas, protegendo o corpo dela entre os ombros. Não deixaria aquele monstro levar sua menina, nem que precisasse dar sua vida para isso.
A loba correu.
Melia chorava sem parar, agarrada ao pescoço da mãe.
— Ele tá aqui! — gritou. — Ele tá dentro da minha cabeça! Mãe, faz ele sair! Faz ele parar!
A voz do alfa Van Smaill agora era um trovão em suas mentes.
“Melia… minha pequena companheira… Acha que pode fugir de mim? Acha mesmo que pode escapar do alfa de Obsidian?”
O uivo dele ecoou pela floresta, como uma sentença de morte.
Mas a loba não parava, saltava entre raízes, pedras, e atravessava galhos afiados. Mesmo ferida, mesmo com o sangue escorrendo das patas, continuava.
Ao longe, a clareira já era vista, a linha invisível que separava Obsidian de Valtheria. A fronteira entre os dois territórios, um passo a mais e estariam sob a proteção de outro alfa.
Era a única esperança delas.
Mas ele estava atrás, o alfa dos carnifices não as deixaria ir tão fácil.
Claro que não.
Era um lobo monstruoso, de pelos avermelhados e olhos vermelhos como brasas. Imenso, selvagem, as garras arrancavam a terra, e os dentes estavam expostos em um rosnado animalesco. Corria pela mata como um vulto vermelho, decidido a alcançar as escravas e estraçalhar aquela loba insolente que teve a pretensão de lhe tirar o que lhe pertencia.
Melia olhou para trás e gritou.
— Ele tá vindo! Mãe! Ele tá vindo!
A loba correu mais rápido, soltando um grunhido de dor.
A fronteira se aproximava.
Van estava quase alcançando.
O som dos outros lobos atrás era ensurdecedor, eles vinham com sede de sangue, prontos para rasgar mãe e filha em nome do alfa deles. Selene sabia que, se a pegassem, ela não viveria para ver o que Van faria a sua menina e Melia estaria condenada a morte ao lado daquele monstro.
E era exatamente isso o que Van queria, queria matá-la para tomar o que era dele e, por isso, correu mais rápido. O corpo monstruoso avançou entre todos os seus lobos, e um uivo brutal e grotesco pareceu fazer a terra estremecer, até os piores demônios o temiam, porque ele não tinha misericordia, e aquilo ficou claro quando suas garras brilharam a luz da lua e quase alcançaram Melia.
Mas aquela garota magra e frágil tinha algo que ele não tinha.
Alguém para protegê-la.
Quando Selene sentiu as garras tão próximas, ela virou o corpo de uma só vez lançando a filha sobre a fronteira enquanto, sem medo da dor, recebia o golpe do alfa. As garras dele lhe rasgaram a pele, atingindo diretamente seu rosto, deixando enormes cortes, um deles sobre seu olho direito.
A loba uivou de dor, mas não tinha tempo para chorar, não tinha tempo para sentir, precisava proteger sua filha. Sangrando, Selene reuniu todas as forças que lhe restavam e, com um impulso final, se jogou sobre a fronteira, rolando na grama úmida e caindo ao lado de sua filha, que estava encolhida no chão chorando.
Assim, no mesmo instante em que seus pés tocaram as terras de Valtheria, suas mentes se silenciaram.
A voz de Van não alcançava mais suas cabeças, não ali.
Melia apenas chorava, encolhendo o corpo no chão, sentindo o cheiro da grama úmida, misturado a algo que ela não sabia o que era, talvez madeira… Era tão forte que a deixou tonta, e suas mãos magras e machucadas apertaram o peito, puxando o tecido do vestido velho que usava.
Ela não sentiu alívio, não sentiu a paz que sua mãe disse que sentiriam assim que atravessassem a fronteira…
Não…
Tudo o que sentiu foi.. Dor.
— Mãe! — gritou, chorando, se arrastando até o corpo ensaguentado da mãe, que ainda tentava recuperar o fôlego. — Deusa… Tá doendo! Tá doendo muito!
Melia não sabia, porém naquele momento, a deusa da lua movia os fios do destino e, mesmo que o alfa cruel do outro lado da fronteira nunca aceitasse, a partir daquele dia, o destino de Melia fora traçado… Traçado bem ali, nas terras de Valtheria.
Os lobos de Obsidian frearam, parando exatamente na linha da fronteira. Rosnavam, uivavam, mas nenhum ousava atravessar.
Selene voltou à forma humana, sangrando, nua, com o corpo tremendo e sem enxergar bem, cobriu a filha com o próprio corpo, apertando-a contra si, tentando escondê-la dos olhos dos outros lobos, principalmente dos olhos dele.
Haviam conseguido… Mas será que a fronteira poderia protegê-las daquele lobo cruel?
Van também mudou, voltando a forma humana à medida que caminhava, as patas se tornando pés, o focinho de lobo se moldando num rosto humano, até que ele estivesse completamente mudado, parado na frente da linha da fronteira. Agora era um homem alto, forte, de traços frios e duros no rosto. Os cabelos escuros e desgrenhados caíam sobre os olhos vermelhos, o peito nu ostentava cicatrizes. Ele estava ofegante, as mãos cerradas ao lado do corpo.
Ficou na frente da fronteira e sorriu, um sorriso lento, ameaçador.
— Que bonitinho… — murmurou, com a voz rouca. — A escrava traidora protegendo a filhinha... Acha mesmo que vai conseguir mantê-la longe de mim, Selene?
A mulher, mesmo ferida, manteve o olhar firme.
— Ela não é sua, nunca foi, e nunca vai ser. Você sabe disso! As outras também não eram suas, e você as matou!
Van soltou uma risada baixa, os lobos atrás dele rosnaram, ansiosos.
— Cale essa boca, escrava… Nada disso te interessa, você me pertence, é uma escrava e eu comprei você… Assim como comprei sua filha, ela também é minha, atravessar a fronteira não vai mudar isso.
— Você não é um companheiro — cuspiu Selene. — É um monstro! Minha filha nem tem sua loba ainda e mesmo assim você quer marcá-la. Não passa de um monstro maldito que marca mulheres a força!
Van se aproximou mais da linha, sem ultrapassá-la, os olhos cravados em Melia, que tremia em silêncio nos braços da mãe. Não desistiria dela, aquela coisinha insolente era preciosa demais, e ele a pegaria de volta, mesmo que tivesse que arrancar a cabeça do alfa da Dentes de prata e tomar seu território para isso.
— Eu vou encontrá-la, pequena companheira… — prometeu com voz baixa. — Não importa onde esteja. E quando eu pegar de volta o que é meu… vai aprender que fugir de mim tem um preço.
Melia fechou os olhos com força, encolhendo-se.
Van olhou para Selene uma última vez.
— Espero que a faça lembrar que eu sempre… Sempre, Selene, vou estar esperando. E que, quando menos esperar… vou aparecer e arrastá-la de volta para Obsidian.
Ele virou de costas, se transformou novamente e desapareceu com os lobos em meio à escuridão da floresta.
Selene abraçou a filha com força, afagando os cabelos dela enquanto Melia chorava baixinho. Estavam a salvo, por enquanto.
Mas mesmo depois que Van se foi, deixou o medo e o terror para trás… Porque não importava para onde elas iam, parecia que ele seria sempre sua sombra, o demônio embaixo de sua cama.
E aquilo era só o começo.
Killer subiu as escadas da casa com passos firmes. O cheiro de sabonete e o vapor leve escapando da porta do quarto avisaram que Melia tinha acabado de sair do banho quando ele entrou. Ela estava de costas para ele, ainda enrolando uma toalha no cabelo escuro, vestida numa camiseta fina e uma calça leve, pés descalços sobre o chão de madeira. Quando ouviu a porta, virou com um sorriso fácil, o rosto iluminado e os olhos brilhando de carinho ao olhar para seu companheiro. Só de ver o alfa parado ali, relaxou os ombros e caminhou até ele, sem hesitar.— Achei que ia demorar mais — ela murmurou, puxando Killer pela camisa, colando um beijo demorado na boca dele. Killer fechou os olhos, segurou a cintura dela com força e retribuiu, mas o clima não era de brincadeira ou de paixão como mais cedo. Ele ficou sério, segurando ela ali, sentindo o coração acelerar de um jeito nervoso e ansioso, sabia que o assunto não seria fácil.— Precisamos conversar — falou, direto, a voz baixa, mas também
Killer cruzou os braços, o corpo ainda tenso pela interrupção repentina daquela manhã. No escritório, o cheiro de madeira velha e café fresco não conseguia disfarçar o ar pesado da conversa. Timeus estava parado na frente da janela, os ombros largos, o olhar perdido no jardim lá fora. Parecia hesitar, mas não estava ali pra jogar conversa fora.— Fala logo o que tem para dizer, não gosto de rodeios! — Killer insistiu, a voz mais firme do que pretendia.Timeus passou a mão pela barba escura, respirou fundo. — Eu sei que parece estranho, mas… anos atrás, um dos alfas mais próximos da minha alcateia, um amigo, contou uma história. Uma história sobre uma mulher com quem ele se envolveu depois de perder a sua primeira companheira. Ele falou pouco, só disse que foi intenso, rápido, mas que aquela mulher sumiu sem deixar rastros. — Ele olhou pra Killer, sério. — O nome dele é Cairus.Killer ergueu uma sobrancelha, impaciente. — Tá, mas o que isso tem a ver com a minha esposa? Você viajou a
— Bom dia — ele murmurou, a voz ainda rouca de sono, soando mais grave do que nunca.Melia abriu um sorriso, virou o rosto e grudou a boca na dele, sentindo o gosto da noite passada ainda no fundo da garganta. Killer puxou ela pro colo com uma facilidade absurda, as mãos grandes apertando firme a cintura dela, encaixando ela entre as pernas dele, como se o corpo dela tivesse sido feito só pra caber ali.— Você tá bem? — o alfa perguntou, sério, os olhos vermelhos presos nos dela, o dedo traçando a linha do maxilar dela.stava preocupado que tivesse exagerado, afinal, sabia que era a primeira vez de Melia e temia que tivesse sido muito bruto. — Tô ótima — respondeu, com aquele sorriso besta de quem passou a noite sendo devorada. — Só dolorida, mas foi a melhor noite da minha vida.Killer sorriu daquele jeito possessivo, quase orgulhoso. Levou a boca até o ombro dela, beijou, depois mordeu exatamente em cima da marca que tinha deixado na pele fina, sentindo o cheiro dela se misturando
ATENÇAO, ESSE CAPÍTULO COTÉM CENAS +18Os dois cairam na cama e Killer puxou Melia para mais perto, as mãos grandes passando pela cintura dela com delicadeza mas também com força. A respiração dele batia quente no rosto dela, o quarto estava iluminado apenas pela luz da lua e, pela janela a brisa trazia o cheiro das flores do jardim e da floresta..Ele a beijou forte, a boca invadindo, exigente. Melia respondeu, mãos cravadas nas costas dele, sentindo a pele quente sob seus dedos. Killer mordeu de leve o lábio dela, puxando, e ela soltou um gemido abafado, apertando seu corpo mais ao dele. — Tá com medo? — ele perguntou baixo, o olhar queimando sobre sua companheira. — Não — respondeu, rouca. — Quero você.Killer sorriu, satisfeito, então levantou a barra do vestido dela, subindo devagar, os dedos deslizando pela coxa. Melia ficou tensa, mas não recuou. Ele tirou a roupa dela sem pressa, puxando a alça do vestido pelo ombro, depois o sutiã. As mãos dele eram firmes, sabiam exatament
O sol começou a descer atrás das montanhas quando os primeiros lobos começaram a enfeitar o jardim. Uma semana havia passado desde a fuga, e agora a Dentes de Prata respirava alívio e festa. O ar cheirava a flores e vinho, a grama estava coberta de pétalas brancas, e tochas cercavam o espaço com uma luz quente que contrastava com o frio suave da noite que se aproximava. A alcateia parecia viva outra vez.Melia observava tudo da janela do quarto, o coração batendo rápido, o vestido claro com bordados dourados deslizava pelo corpo, delicado demais para o que ela estava acostumada, a pedra da lua no colar brilhava com a luz que atravessava o vidro. Os cabelos escuros estavam soltos, caindo em ondas sobre os ombros, e as mãos tremiam sem que ela conseguisse controlar.— Respira, Luna — disse Juno, rindo, enquanto ajustava uma fita no cabelo dela. — Se continuar assim, vai desmaiar antes de dizer “sim”.— Eu tô tentando — respondeu Melia, com a voz trêmula. — Não sei por que tô tão nervos
Tudo estava escuro.Não só ausência de luz, era o tipo de escuro que tem espessura, que parece tocar a pele. Nele, dois olhos vermelhos se acenderam de uma vez, faróis de raiva antiga, puro ódio preso e flamejante.A voz de Celeste veio de todos os lugares e de lugar nenhum, nem grave nem aguda, apenas um som inevitável, que parecia entrar até os ossos e gelar a medula.— Acabou o tempo, Smaill. — Seu tom era calmo, não estava gritando apenas dando sua sentença ao cruel rei de Obsidian. — Eu dei a você chance de aprender por bem. Agora você e o seu povo vão pagar pelos erros que escolheram cometer. Eles o seguiram, abraçaram a terra morta, a crueldade, apenas os inocentes serão poupados.As imagens começaram a correr como se alguém vergasse o céu e despejasse uma história.Uma mulher de beleza impossível, pele de mel claro, cabelos brancos caindo como neve, olhos lilases que pareciam nascer brilhar. Grávida, as mãos no ventre como quem segura um mundo. Smaill ao lado, mais jovem, meno
Último capítulo