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Bem me quer, Mal me quer.
Bem me quer, Mal me quer.
Por: Moonflower
Prólogo: Não te quero mais

— Vamos terminar, Artemísia. Esse relacionamento não pode continuar mais.

Eu não podia acreditar no que ouvia. Depois de finalmente abrir meu coração para alguém, é isso que recebo, afinal. O homem diante de mim parece tenso e cauteloso, suas mãos pousam defensivamente à frente do corpo e seus olhos verdes fogem dos meus como diabo foge da cruz.

Ele. O homem que disse me amaria por toda a eternidade.

— Mas que merda você está dizendo, Lucius? — eu disse, praticamente rosnando.

— Exatamente o que você ouviu, acabou. E eu preciso que você venha comigo até à família Alfa para que possamos desfazer nosso vínculo. — Lucius completou, ainda sem conseguir olhar na minha cara.

— Um vínculo de lobo não pode ser quebrado tão fácil assim, Lucius. Você jurou diante da deusa da Lua, diante de todos da alcateia. — eu sabia que meu rosto transparecia o puro ódio que estava sentindo agora.

— Isso é irrelevante, uma vez que você não é minha companheira predestinada.

— Idaí? Você me escolheu. Você nunca ligou para essa baboseira de companheiro predestinado, isso que nos uniu, squeceu? Agora você vai ser macho o suficiente para me explicar o real motivo disso tudo. — ele olhava para os pés, suando frio. — Olha para mim, Lucius!

— Eu encontrei ela... — ele disse baixinho, com medo na voz.

— Ela quem, Lucius? Deixa de enrolação, abre o jogo!

— A minha companheira predestinada, faz alguns meses que a conheci. — as palavras dele entraram como espinhos no meu coração, mas eu não deixei transparecer fraqueza. — Eu sinto muito, Artemísia. Eu tentei, de verdade, ignorá-la! Mas não deu, o laço de parceria é forte demais, eu estou ficando louco, não aguento mais ficar longe dela!

— VOCÊ ME MARCOU! Você não pode fazer isso comigo! Como eu fico com essa marca de merda no meu pescoço? — eu esbravejo puxando a gola do vestido e deixando à mostra a marca de reivindicação que Lucius deixou ali.

— Eu sinto muito... — ele diz quase como um sussurro e sai pela porta sem olhar para trás.

Eu corro até a porta, por um milésimo de segundo me passa pela cabeça que eu deveria implorar para ele ficar, o desespero quase toma conta de mim, as lágrimas querem sair mas eu as prendo com toda a força do meu ser.

— COVARDE!! VOCÊ É UM COVARDE, LUCIUS! — minha voz transparece toda a ira que sinto agora, minhas presas saíram à mostra, as garras também. Eu desconto tudo na porta atrás de mim, que fica detonada com profundas marcas de garras. Meu peito dói, minha respiração falha.

"Eu te avisei que devíamos ter esperado nosso parceiro predestinado" a voz de Freya, minha loba, ressoa na minha mente com tom julgador e indiferente. "Cala a boca, Freya!! Eu não quero ouvir suas ladainhas agora", eu sinto Freya retrair e ficar quieta. Ótimo, não tenho paciência alguma para ela agora.

Eu fecho a porta e vou para o quarto tentar me acalmar. Eu deveria ter previsto isso, eu sempre estive com dois pés atrás com tudo e todos, mas Lucius conseguiu perfurar essa barreira, eu realmente gostava dele, eu achei que nossos ideais eram iguais, que seríamos nós dois contra o mundo.

"Tola! Garota tola", dessa vez a voz da minha mãe ressoa na minha mente, me dizendo o que sempre repetia quando eu me permitia ser uma criança ingênua.

Ninguém cumpre a palavra com uma Ômega inferior como eu, sou descartável, inútil, escória aos olhos da elite Beta e Alfa, como pude confiar em um Beta como o Lucius? Ha! Realmente fui muito tola, mãe. Porém, não vou me colocar nesse lugar, eu nunca aceitei isso, que uma deusa pode simplesmente ditar quem eu sou, com quem devo ficar e como devo ser vista na sociedade. Eu sou um espírito livre, dane-se o Lucius, a deusa da Lua, a alcatéia e todo esse sistema hierárquico estúpido.

A partir de agora irei agir conforme meus interesses, pensando apenas em mim mesma, assim ninguém mais poderá me atingir tão forte como fui atingida agora. Eu não posso ser mais a garotinha sonhadora que Lucius conheceu aos quinze anos, eu preciso ser a mulher de vinte e dois anos que sou agora, uma loba madura e independente.

Mas, só por essa noite, irei me permitir ser a garotinha sonhadora que teve seu coração partido pela primeira e última vez, vou me permitir liberar toda a dor e mágoa do meu coração e chorar quantas lágrimas forem necessárias. Quando eu acordar amanhã, a garota que eu fui estará morta e a mulher que sou nascerá.

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