Amélia
O quarto estava mergulhado em silêncio, cortado apenas pelo som suave da neve batendo contra as janelas. A lareira ainda queimava devagar, espalhando um calor acolhedor pelo ambiente. Envolvida por lençóis de seda escura, Amélia abriu os olhos.
Seus músculos estavam relaxados, ainda doloridos pelos momentos intensos que dividira com Maxin. O perfume dele permanecia impregnado em sua pele, e o braço pesado que a envolvia era ao mesmo tempo proteção e prisão.
Por um instante, ela fechou os olhos novamente, tentando manter aquele momento intacto.
Mas sua mente era um furacão.
A sombra da mãe. A desconfiança. O passado.
Ela se virou devagar, encarando o rosto de Maxin adormecido. Seus traços endurecidos pela vida estavam, ali, suavizados pela entrega. Parecia mais jovem. Humano.
“Ele me ama.” — pensou. “Mas será que posso amar um homem que ainda guarda tantos segredos?”
Ela tocou o rosto dele de leve, e Maxin abriu os olhos, devagar, como se soubesse que aquele toque era mais do q