Amélia
A sala era ampla e banhada por uma luz dourada que atravessava as janelas altas da mansão. Amélia estava sentada diante de um espelho ornamentado, com as costas eretas e os olhos fixos na própria imagem. Seu vestido de prova pendia no cabide ao lado: uma obra-prima de renda e seda perolada, feito sob medida para a futura esposa de Maxin Sokolov.
Ela respirou fundo, tentando ignorar o frio na barriga que não vinha do nervosismo comum de noiva — mas do peso de tudo o que havia descoberto nos últimos dias.
Uma verdade fria e dolorosa, seu país era da máfia russa, ela nasceu na Rússia, sua mãe era amante do irmão de Maxin e dele também, isso é loucura, ela pensava.
Era difícil imaginar que aquela menina que vivia escondida atrás de muros altos, desacreditada por todos, agora era chamada de “senhorita Sokolov ” por empregadas russas e estilistas com sotaques carregados.
Do outro lado da sala, Laís entrava com dois cafés em mãos, os cabelos castanhos presos em um coque bagu