Amélia
Já fazia quase três semanas desde que começamos a trabalhar no restaurante Casa Aram, e aos poucos eu estava me acostumando com o ritmo. Ainda sentia meu coração disparar cada vez que o gerente me chamava pelo nome, mas não tropeçava mais nas bandejas e, para a minha própria surpresa, até me lembrava do número das mesas sem precisar consultar a planta do salão.
Laís, claro, já era querida por quase todos. Sabia o nome dos clientes mais ricos, dava risadinhas para os garçons charmosos e estava sempre maquiada, mesmo depois de um turno de doze horas. Ela brilhava. Eu apenas tentava não ser notada.
E estava funcionando… até ele aparecer de novo.
Até começa meu pesadelo com um rosto bonito.
Tudo começou numa quinta-feira nublada. O restaurante não estava lotado como de costume, o clima abafado parecia ter espantado os clientes. Eu ajeitava os talheres de uma mesa próxima à janela quando senti uma presença atrás de mim. Uma sensação pesada, sufocante. Virei devagar, já com o co