Amélia
O escritório de Maxin Sokolov estava mergulhado em penumbra. Do alto do hotel mais caro da cidade, ele observava as luzes distantes do Brasil como se esperasse que alguma delas o guiasse de volta ao passado.
Mas era o passado de outra pessoa que lhe interessava agora.
Era o passado de uma certa mulher que lhe deixará intrigado.
Nikolai entrou no cômodo silenciosamente, como fazia sempre, mas havia tensão em seus ombros. Nas mãos, uma pasta parda marcada com um selo vermelho. Maxin virou-se para encará-lo, os olhos cinzentos impassíveis.
— Descobriu algo? Pergunto ansioso.
— Sim, senhor — respondeu Nikolai, pousando a pasta sobre a mesa. — Amélia Alves. Dezoito anos recém-completos. Brasileira. Sem registros oficiais antes dos nove anos, o que já é estranho.
Maxin abriu a pasta. As primeiras páginas eram secas, burocráticas: certidão de nascimento, dados escolares, atestados. Mas ao virar as folhas, o conteúdo começou a mudar. Fotografias em preto e branco, relatór