Mundo de ficçãoIniciar sessãoJon Odero é um homem com um passado misterioso e um presente ainda questionável. Por traz da bela máscara angelical está um homem dominador e cruel dono da Odero entreteniment. Para ele, o amor é apenas uma distração, mas seu mundo vira de ponta a cabeça ao conhecer Elara, uma jovem pobre e desesperada, que surge em seu caminho fugindo de um homem cruel que deseja usá-la como pagamento das dívidas que seus pais deixaram antes de morrer. Sem saída e à beira do desespero, ela cruza o destino de Jon, e ele vê nela não uma mulher a ser salva, mas uma oportunidade conveniente: um casamento de aparências, capaz de limpar sua imagem pública e resolver um acordo de negócios. Para Elara, aceitar o contrato é sua única chance de escapar da perseguição e encontrar segurança — ainda que em uma gaiola dourada. Ela promete cumprir seu papel como esposa exemplar e, quando o prazo acabar, desaparecer para sempre. Mas conforme o tempo passa, o gelo começa a rachar.
Ler maisJon Odero estava prestes a cruzar a esquina sob uma tempestade furiosa. O olhar fixo no semáforo. Faltavam apenas alguns segundos para o sinal abrir.
Os nós esbranquiçados em suas mãos firmes no volante revelavam sua relação com o tempo naquele instante. Os olhos, por vezes, fechavam e se abriam, tentando conter a fúria que crescia dentro dele.
— Mal**** tempestade — murmurou chateado.
O sinal abriu. Ele acelerou. Estava quase virando a próxima esquina quando percebeu, a tempo, um vulto cruzando diante do carro. Foi preciso todo o seu autocontrole para não ferir quem quer que tivesse se atrevido a atravessar.
Jon saiu do carro sem se importar com o guarda-chuva no banco ao lado. Seus olhos encontraram uma mulher sentada no asfalto, bem à frente do veículo. As mãos dela cobriam o corpo trêmulo; os cabelos, uma cascata negra, colavam ao rosto encharcado.
Ele se agachou até ficar à altura dela. Observou-a por alguns segundos antes de falar, mantendo certa distância:
— Sua vida é tão miserável assim, a esse ponto? — A voz grave, quase angelical, fez a garota erguer o rosto para ele.
"Eu devo estar no céu... e este deve ser o anjo mais lindo que já vi."
Jon ergueu uma sobrancelha, como se tentasse ler os pensamentos dela.
— Consegue me entender? Quer que eu te leve ao hospital? — Sua paciência estava quase no fim.
A chuva caía sobre eles como uma torrente incontrolável. Percebendo que ele aguardava uma resposta — e que parecia muito chateado —, ela respondeu, engasgando com as palavras:
— Eu sinto muito, senhor! Eu só... alguém estava me perseguindo! — As mãos dela estavam coladas ao corpo; a pele, num tom arroxeado.
— Venha! Vamos sair debaixo dessa tempestade e você me conta tudo no caminho! — Ele havia estendido a mão para ela, ajudando-a a levantar-se do chão.
Ela o acompanhou até o carro. Ele abriu a porta ao lado do motorista para ela entrar.
No instante que ele tomou o seu lugar, a encarou nos olhos enquanto passava as mãos pelos cabelos.
— Coloque o cinto, por favor, senhorita! — Sua voz era uma carícia doce aos ouvidos da moça, que o encarava desacreditada.
— Sim... desculpe... eu só... — a voz dela sumiu.
Jon suspirou, carregado, desviando o olhar para a rodovia.
— Vamos primeiro passar na minha casa e depois vou deixar você na delegacia! — Ele soou inquestionável.
A garota engoliu em seco, apertando a si mesma como um embrulho. Mesmo o aquecedor não surtia efeito.
"Espero que ela não morra congelada até chegarmos! O que di***** eu fui querer ajudando esta mulher?"
Os olhos dele tentavam não notar cada detalhe que sua mente já havia guardado.
"Joelhos machucados… pulsos arranhados… desnutrida... O que ela passou de verdade?"
A encarou através do espelho.
— Como ela consegue dormir com esse frio?
Parou diante da enorme mansão. Seu motorista particular já o aguardava. Assim como o mordomo e seu secretário- cada qual com um guarda-chuva enorme. Ele a carregou para seu quarto.
— Agora vou descobrir tudo sobre você!—Os olhos dele estavam presos na imagem da desconhecida que continuava a dormir em seu quarto ao lado do seu escritório.
Romero, seu secretário, havia pesquisado em instantes tudo sobre ela. Não havia nada que aquele homem não descobrisse.
— Até que essa tempestade horrível calhou, Romero — murmurou Jon, com um meio sorriso.
Seus olhos escuros se voltaram para o homem à sua frente — tão alto quanto ele, porém de cabelos mais claros.
— O senhor quer dizer que… — Romero pareceu finalmente encaixar as peças do quebra-cabeça.
Jon deixou escapar um sorriso malicioso.
— Uma gaiola dourada. É o que a espera ao final.
No monitor diante dele, a imagem de Elara reluzia como um quadro perfeito: idade, família, hábitos, gostos, número do salto, medidas, hobbies. Tudo o que podia ser conhecido sobre ela estava ali, organizado e classificado como mais um dos objetos de coleção de Jon Odero.
— Prepare o contrato — ordenou, sem desviar os olhos da tela.
Sua voz ressoou firme, quase gélida, para Leon Volmer, seu advogado, que estava ao lado. O homem, tão sério quanto ele, apenas assentiu antes de deixar o cômodo. Restaram apenas Jon e Romero, cercados por peças raras e artefatos que Jon amava acumular.
— Com um passado como este… — ele sorriu de canto, olhando o relatório — vamos ver até onde ela está disposta a ceder.
O tom zombeteiro que usava soava como parte de uma orquestra silenciosa, da qual apenas ele conhecia a melodia.
Enquanto isso, Elara se remexia inquieta na cama de lençóis de seda, prisioneira de um pesadelo.
— Não… por favor!... pare!... eu imploro! — sua voz saiu embargada, trêmula.
Os dedos dela se agarravam com força ao tecido fino, os olhos fechados em agonia.
— Por favor… eu imploro… — murmurou, já sem forças, a voz se perdendo entre soluços.
Jon entrou no quarto e se deteve por um instante, observando a cena. Ela parecia lutar contra alguém invisível.
Aproximou-se, sem saber exatamente por quê, e segurou as mãos dela, prendendo-as contra o próprio pescoço, forçando-a a despertar.
Os olhos dela se abriram, marejados.
Jon sentiu um incômodo crescente.
Lágrimas. Sempre as odiara — não sabia desde quando, nem o motivo, mas elas o faziam se sentir… vulnerável.E, ainda assim, ali estava ele, abraçado a uma mulher que mal conhecia, enfrentando aquilo que mais desprezava.
"M****** sejam as lágrimas. A***** seja esta mulher."
Elara o segurou com força, como se ele fosse sua tábua de salvação.
— Obrigada... muito obrigada... eu jamais saberei como te agradecer por hoje — sussurrou, a voz rouca e trêmula.
Jon sentiu uma corrente elétrica percorrer-lhe o corpo, e num impulso, afastou-se dela.
Por um momento, o silêncio tomou conta do quarto. Os olhos de ambos se encontraram — buscando respostas que nenhum dos dois ousava dizer.
— Na verdade — disse ele, num tom que misturava frieza e cálculo —, tenho uma proposta para você.
Elara franziu o cenho, confusa.
— Seja o que for... eu aceito.
Elara engoliu em seco, mas não discordou. Não sabia ao certo como reagir. Seu coração lhe traiu no primeiro instante."Ele está bêbado certo? Ele e eu... não podemos."Os olhos dela estavam nos lábios dele."Tenho certeza que em outras condições... Ou será que ele está mesmo me desejando?"Ela sentia o corpo reagindo ao pedido dele. Jon a puxou para junto do peito. De modo que ela estava colada a ele. Ela sentiu o ar lhe faltar. Uma das mãos dele agora estava sobre a lombar dela. E a outra estava acariciando o rosto.— Eu sinto muito, mas suas chances de me repelir acabaram!— ele murmurou no ouvido dela.Em seguida ele rolou sobre ela de modo que ele ficasse por cima prendendo todo o corpo dela debaixo do seu. — Você é a pintura mais linda que já vi Elara! E é somente minha! — ele murmurou mais uma vez antes de pressionar seus lábios contra os dela.Os lábios dele se moviam com cuidado, roçando os dela num ritmo que fazia o coração de Elara tremer dentro do peito. Era a pressa de nã
Elara encarou o relógio, talvez pela enésima vez naquela noite. Estava caminhando de um lado a outro do quarto.— Aonde será que ele se meteu a estas horas da noite? — murmurou para si baixinho.As mãos dispostas de cada lado da cintura, num arco bem feito.— Será que ele está com outras mulheres?... — encarou a si mesma no espelho do closet.Suspirou, deixando o semblante cair.— Não seja ridícula! Ele certamente não está sozinho, ainda mais porque ele disse que... — As palavras dele lhe vieram à mente.“— Não quando o motivo de eu sair... é você!”As palavras pareciam causar estragos em sua mente bem mais do que ela mesma acreditava ser capaz de suportar.Ela apertava os dedos das mãos uns nos outros. Seus olhos iam e vinham através da janela, com parte da cortina semiaberta.“Acho que eu realmente estou criando expectativas onde não existe nenhuma!”Suspirou com o peito pesado. Estava prestes a ir para a cama tentar dormir, quando escutou o som do motor do carro de Jon chegando na
Ela sentiu o chão tremer debaixo de seus pés."Ele está partindo por minha causa?"Deixou-se cair ali mesmo. Lágrimas desciam por sua face. Era a primeira vez, depois da morte de seus pais, que se sentia tão devastada."Mais uma vez estou prestes a destruir tudo!"Abraçou os joelhos, deixando que as lágrimas lavassem sua alma."Não posso me deixar levar pelos sentimentos! Ele pode ser meu salvador, mas eu não sou seu brinquedo!"...Jon saiu a passos rápidos, como se fugisse de alguém. Buscou o carro na garagem e partiu em direção ao clube — o mais badalado da cidade.Alguns de seus amigos e aliados estavam sempre por lá.— Olha só quem resolveu aparecer! — uma voz grave gritou quando ele entrou.Jon sorriu ao ver a recepção, agitando a mão num gesto de dispensa.— Chega. Luis, traz um Dry martini com gelo e limão. — pediu, sem elevar a voz.O homem atrás do balcão assentiu, apressando-se para atendê-lo.Jon sentou-se num sofá de frente para quatro de seus sócios. Cada um deles segura
Jon aproximou-se da porta."Por mais que eu tente evitar estar perto dela... sempre fico ainda mais perto! Deve ser alguma maldição!"Inspirou fundo, enquanto encarava a porta do quarto. Bateu algumas vezes. Nenhuma resposta. Ficou ali parado por alguns segundos."Ela não pode estar chateada. Ou pode?"Suspirou, perdendo a paciência. As mãos já estavam apoiadas na cintura, tentando manter a compostura.Elara, do outro lado, não estava diferente: apertava o peito como se pudesse segurar o coração, impedindo-o de "saltar" a cada batida."Acalme-se... ele não pode ultrapassar a própria linha."Ela o ouviu o suspirar do outro lado."Será que estou sendo imatura demais agindo dessa maneira?"Antes que conseguisse discernir o que estava fazendo, Jon quebrou seu raciocínio.— Por mais que esteja chateada com minhas atitudes, precisa deixar que eu ao menos tome banho e use minhas roupas! — ele a provocou.Sorriu consigo mesmo certo de sua vitória."Ela certamente não vai me deixar aqui a noit
Jon não se deixou influenciar. Sabia bem o que ela desejava dizer. Deixou a taça sobre a mesa e a encarou com os olhos semicerrados, as mãos entrelaçadas sobre a mesa, numa expressão intimidadora.— Vamos lá, Elara! Eu quero a verdade. O que aconteceu quando seus pais morreram? Seja bem clara! — ele não deixou espaço para dúvidas. Queria saber o que ela acreditava ter feito.Ela o encarou desacreditada.— Por que está me interrogando agora? Por que logo esse assunto? — ela levou as mãos ao peito, massageando-o com os dedos trêmulos."Preciso entender o que aconteceu do ponto de vista dela!"Ele a encarou ainda mais firme.— Olhe bem nos meus olhos, Elara. — Sua voz era menos grave.Ela o encarou com os olhos chorosos novamente.— Conte-me o que aconteceu sem esconder nada. — Ele insistiu mais uma vez.Ela suspirou pesado antes de começar.— Quando meus pais morreram, nós estávamos indo comemorar minha formatura! — As lágrimas corriam pela face de Elara como uma torrente.Jon fechou os
A moça assentiu sorridente enquanto se retirava, na intenção de atendê-los. Jon ficou com os olhos na imagem bonita à frente deles.Elara, por sua vez, estava nervosa."Por que ele age dessa forma? Será que é porque estamos na frente de outros?"Encarou o perfil dele despreocupado. Seus olhos caíram sobre seu colo. Sentiu uma ponta de tristeza tomar conta de seu interior. Apertou as alças da bolsa instintivamente."Ah, é verdade… para que a família acredite que estamos noivos, devemos ser vistos e fotografados por aí como um verdadeiro casal."Ela ergueu o olhar, procurando por paparazzis. Jon a observava de canto de olho."Ela não se sente à vontade… talvez eu tenha exagerado um pouco!"A encarou diretamente, no mesmo instante em que a moça da recepção trazia vinhos e taças, além de um prato colorido como entrada.— Senhores, isto é por conta da casa! — Ela apontou o prato refinado, que Jon encarou sem muito interesse.— Obrigado, Lys! Agradeça ao chef por mim! — Jon comentou firme,





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