Aurora e o Herdeiro que não sabia amar

Aurora e o Herdeiro que não sabia amar PT

Romance
Última actualización: 2025-11-03
K.G  Completo
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Resumen
Índice

Aurora só queria recomeçar. Antônio sempre tentou fugir de quem o mundo dizia que ele precisava ser. Na Fazenda Horizonte, os dois se encontram — e nada permanece igual. Ela é coragem. Ele é tempestade. E entre eles nasce um amor tão intenso quanto impossível de esconder. Mas segredos, cicatrizes antigas e uma herança que pesa como ferro vão colocá-los à prova. E eles terão que decidir: seguir o destino que esperam deles… ou o amor que escolheram um no outro.

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Capítulo 1

Capítulo 1 - Aurora

Era uma manhã de domingo.

Uma ligeira brisa entrava pela janela do meu quarto, onde a cortina permanecia entreaberta. Fachos de luz dourada atravessavam o tecido e vinham de encontro a mim, aquecendo meu rosto e despertando meu corpo devagar, como um toque gentil da própria natureza. O som distante dos galos e o farfalhar das árvores completavam aquele cenário que parecia saído de um sonho.

Eu amava dormir com a cortina meio aberta. Havia algo de reconfortante em acordar com a luz do dia me chamando, em vez de um despertador irritante. Aquele instante entre o sono e a consciência sempre foi um dos meus favoritos, um momento em que o tempo parecia mais lento, mais leve, como se o mundo ainda estivesse se preparando para começar.

Quando olhei para o relógio, eram 5h45 da manhã. O Sol acabava de nascer, tímido, pintando o céu em tons de laranja e rosa. Era o tipo de beleza que só o rancho podia oferecer — e eu nunca me cansava dela.

Ao abrir os olhos por completo, espreguicei-me preguiçosamente e levantei. Fui até a janela e terminei de abri-la. O ar fresco entrou, trazendo consigo o cheiro da terra úmida, das flores e do café que vinha lá da cozinha. Respirei fundo, preenchendo os pulmões com aquele aroma de vida simples, pura e real.

Lá fora, o dia ganhava cor. As folhas das árvores dançavam ao sabor do vento, e os pássaros, animados, pareciam me saudar em coro:

— Bom dia, Aurora Maria.

Sorri. Acho que um dos motivos de eu amar tanto o nascer do Sol é o meu próprio nome. Aurora — a manifestação da luz que anuncia o início de um novo dia. Meus pais não poderiam ter escolhido nome melhor. Sempre acreditei que, de algum modo, esse nome moldou minha forma de ver o mundo.

Troquei de roupa, prendi o cabelo num coque simples e desci para a cozinha. Antes mesmo de chegar, o cheiro do café recém-passado me envolveu completamente. Era o aroma do lar, da infância, da segurança.

Nossa casa era simples, mas tão aconchegante que qualquer visita se sentia em casa em poucos minutos. O piso que rangia em alguns lugares, o fogão a lenha que papai insistia em manter aceso nos dias frios… Tudo ali carregava história, cuidado e amor.

A cozinha era meu lugar preferido. Ali mamãe criava verdadeiras obras de arte culinárias. Bolos, pães, doces, tudo tinha o sabor da dedicação. Eu havia aprendido um pouco com ela, mas confesso — e com toda a humildade do mundo — que nunca chegaria aos pés de Dona Helena Maria.

Ah, sim… Maria. Uma tradição de família. Todas as mulheres carregavam esse nome composto: Helena Maria, Aurora Maria, minha avó, minha bisavó. Ninguém lembrava exatamente quando começou, mas, de algum modo, mantinha vivas nossas raízes.

Ao ver mamãe, fui até ela e a abracei com força, beijando-lhe a testa.

— Onde está papai? — perguntei, sentando-me à mesa.

— Seu pai já foi para o curral verificar os animais. A Mimosa não estava muito bem ontem — respondeu, servindo o café.

— Ai, meu Deus… será o que foi dessa vez?! — exclamei, preocupada. — Desde que ela teve o bezerro, vive com a saúde frágil.

Peguei uma caneca, bebi um gole do café e senti o calor percorrer meu corpo. — Vou até lá ver. Posso ajudar o papai e dar uma olhada na Mimosa.

Mimosa era uma das vacas mais dóceis do rancho. Tinha olhos grandes e mansos, e desde pequena eu me afeiçoei a ela. Quando soube que estava doente, um aperto me tomou o peito.

Caminhei até o estábulo e encontrei papai já lá, ajoelhado ao lado dela, a testa franzida. A Mimosa estava deitada, ofegante, e o bezerro, inquieto, tentava se aproximar do úbere sem sucesso.

— Bom dia, pai — cumprimentei, abaixando-me para beijar-lhe o rosto.

— Bom dia, minha filha — respondeu ele, visivelmente cansado. — Não sei o que está acontecendo com ela. Ontem só estava quieta, mas hoje parece sentir muita dor.

— Devia ter me chamado — falei, examinando a vaca. — Eu podia ter vindo com você.

— Não quis te acordar mais cedo do que já acorda, meu bem.

Bufei, mas sorri.

— Bem, vamos ver o que tem essa mocinha.

Aproximei-me com cuidado, acariciei o pescoço dela para acalmá-la e me abaixei. Uma das tetas estava bem inchada, quente ao toque. Apertei levemente, e ela reagiu com um mugido de dor.

— Coitada… — murmurei.

De repente, a vaca levantou a pata, quase acertando papai, que se jogou para trás, assustado.

— Ela está com abscesso — diagnostiquei, depois de examinar novamente. — Parece mastite. É por isso que o bezerro não consegue mamar.

Mastite é uma inflamação das glândulas mamárias, geralmente causada por bactérias. Pode ser fatal se não tratada.

— Ótimo! — disse papai, tentando parecer animado. — Se já sabe o que é, também sabe o que fazer!

Ele sempre falava isso com orgulho, desde que eu me formei em Medicina Veterinária.

Meus pais haviam se sacrificado muito para que eu concluísse o curso na capital. Nosso rancho nunca deu luxo, apenas o suficiente para uma vida simples, mas feliz. Ainda assim, eles fizeram de tudo para realizar meu sonho.

Papai insistia que eu não trabalhasse, que me dedicasse só aos estudos. Mas a vida longe de casa exigia independência. Arrumei um emprego temporário num bar para pagar minhas despesas. Foi uma fase dura: noites mal dormidas, clientes inconvenientes e aquela sensação constante de estar fora do meu lugar. Aprendi muito, mas também me prometi nunca mais voltar a esse tipo de rotina.

— Pai, ainda estou aprendendo — confessei, tentando conter a insegurança. — Tenho a teoria, mas pouca prática. Acho melhor chamarmos o Henrique para me ajudar.

— Acho ótimo — respondeu papai, limpando o suor da testa com o lenço. — Mas, se quer saber, confio plenamente que você faria sozinha.

Sorri, emocionada. O orgulho dele era combustível para minha coragem. Eu, que um dia corria descalça atrás das galinhas, agora era veterinária. Às vezes, ainda me parecia um sonho.

Peguei o telefone da parede. Só de pensar em ligar para Henrique, um certo nervosismo me tomou. Não era exatamente timidez, mas… algo que eu não sabia nomear.

Conheço Henrique desde que me entendo por gente. Ele sempre foi parte da nossa rotina: ajudava papai com o gado, almoçava conosco aos domingos, me emprestava livros quando descobriu que eu gostava de ler. Era apenas alguns anos mais velho, mas sempre pareceu muito mais maduro.

Disquei o número. O coração acelerou um pouco — por quê, eu não sabia.

O telefone tocou duas, três vezes, até que ele atendeu:

— Alô, quem fala?

— Oi… é… aqui é a Aurora. Ainda lembra de mim? — falei, gaguejando, e imediatamente me arrependi.

Uma risada leve veio do outro lado da linha.

— Aurora?! Te esquecer é impossível. — A voz dele soava familiar, quente, quase reconfortante. — Que surpresa boa.

Sorri sozinha, aliviada e nervosa ao mesmo tempo.

— É que… a Mimosa está com mastite. Queria saber se você poderia vir me ajudar com o tratamento.

— Claro que posso. — respondeu sem hesitar. — Me dá uns quinze minutos.

Desliguei o telefone e fiquei olhando para o vazio por alguns segundos, sentindo uma mistura de ansiedade e alegria. Henrique voltaria a aparecer ali, naquele mesmo cenário de infância que sempre nos uniu.

Enquanto esperava, observei o Sol subir um pouco mais, iluminando o curral. O dia prometia ser longo, mas bonito. E, no fundo, eu sentia que algo novo também estava começando — algo que talvez nem o nascer do Sol conseguisse explicar.

Porque, por mais que eu amasse o rancho e aquele pedaço de mundo que chamava de lar, algo dentro de mim dizia que aquele domingo seria o primeiro passo de uma história bem maior.

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Celia Jeane
Há dias nao tem atualização.
2025-11-12 20:33:09
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Vilma Alcântara
História leve, interessante que prende nossa atenção. Muito boa.
2025-09-28 10:54:10
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Dijardel Silva
A história começa um pouco devagar, mas a história vai crescendo e ficando muito boa.
2025-09-18 09:03:46
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Kayan Alcantara
Estou amando
2025-09-18 04:00:31
1
118 chapters
Capítulo 1 - Aurora
Capítulo 2 - Reencontro
Capítulo 3 - Da Infância para a Vida
Capítulo 4 - Forasteiro
Capítulo 5 - Lembranças do passado
Capítulo 6 - Amizade em Jogo
Capítulo 7 - “Nome aos Bois”
Capítulo 8 - Caminhos que se cruzam
Capítulo 9 - Calmaria
Capítulo 10 - A Proposta
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