Fui dar umas voltas pela cidade, comprar umas coisas que eu estava precisando. Entrei numa loja de lingerie — nem lembrava a última vez que comprei calcinhas, a situação já estava crítica. Peguei uma branca, linda, com detalhes azul-claro. Estava ali, analisando como se fosse uma joia rara, quando senti de novo aquela estranha sensação do rio: alguém me observava.
“Deve ser só a atendente”, pensei.
— Vai ficar linda em você.
A voz masculina cortou o ar. Virei-me tão rápido que quase derrubei o cabide, escondendo a calcinha como se fosse um segredo de Estado. Meu rosto pegou fogo.
— Não é possível… só pode estar de brincadeira com a minha cara. — O desabafo escapou sem filtro. Antônio Marco. De novo. — Não sabia que lingerie fazia seu estilo. — Soltei, tentando irritá-lo.
— Claro que faz. Por que não faria? Amo ver lingerie… de preferência em um corpo feminino. — respondeu com a cara mais lavada do universo, me medindo descaradamente.
Revirei os olhos, enojada.
— Você é u