A noite chegou devagar, com o céu pintado em tons profundos de azul e violeta. O vento trazia o cheiro do campo molhado e o som dos grilos preenchia o silêncio entre uma conversa e outra. Depois de colocar Artur para dormir, saí até o alpendre. A lua estava alta, redonda, tão bonita que parecia observar tudo com ternura.
Sentei-me na antiga cadeira de balanço, o mesmo lugar onde, quando menina, eu ouvia mamãe cantar baixinho antes de dormir. O tempo parecia suspenso ali — nem o relógio, nem as preocupações do mundo tinham permissão de entrar.
Antônio se aproximou em silêncio. Trazia duas xícaras de chá nas mãos, e um sorriso tranquilo que me fez sentir o coração se aquecer.
— Achei que você ainda estaria acordada — disse ele, entregando-me uma das xícaras. — Está tudo tão quieto lá dentro.
— O rancho dorme cedo — respondi com um leve riso. — Mas eu queria ficar mais um pouco... é como se o tempo fosse mais generoso à noite aqui.
Ele se sentou ao meu lado, e ficamos olhando o céu