O sol já se punha atrás das colinas, tingindo o céu com tons de cobre e lavanda. O rancho estava sereno, como se o tempo tivesse aprendido a caminhar devagar ali.
As árvores cresceram, a casa ganhou novos cômodos e a varanda agora era o lugar preferido de quem quisesse ver o dia se despedir.
Aurora estava sentada na velha cadeira de balanço, com um livro aberto no colo que ela nem lia mais. O vento brincava com algumas mechas soltas do cabelo, e o som distante das risadas de Artur, agora com oito anos, vinha do campo. Ele corria atrás de um cachorro, os dois levantando poeira e vida.
Antônio surgiu na porta, com a camisa arregaçada e um olhar tranquilo. Trazia nas mãos duas xícaras de café fumegante e aquele mesmo sorriso de quando tudo recomeçou.
— Você sabia que esse menino vai me deixar louco? — perguntou, sentando-se ao lado dela. — Disse que quer construir uma casa na árvore “com varanda e energia elétrica”.
Aurora riu, aceitando a xícara.
— Filho de quem é, não me espanta. —