Parei e desci, amarrei Max em uma árvore, tirei minhas roupas e fiquei só com as roupas íntimas, eu estava só e com muito calor, estava acostumada em fazer isso, só tinha um tempinho que não fazia. Deixei a roupa com Max e pulei na água, que delícia, a água tocando minha pele me refrescando desse dia tão calorento, pena que já estava entardecendo, não podia demorar por que Henrique iria me buscar logo, logo.
De repente, senti um calafrio. - Que sensação estranha – falei comigo mesma. Parecia que eu não estava só, tive a ligeira impressão de estar sendo observada. Olhei disfarçadamente de um lado para outro, resolvi sair aos poucos da água, e me vesti rapidamente mesmo molhada, quando escutei barulho como se tivesse quebrado algum galho solto no chão. - Quem está aí? Anda, responde! – gritei muito indignada, sem ter certeza de que era alguém ou alguma coisa, mesmo assim gritei novamente – vai ficar escondido? Covarde! Subi no Max e saí rapidinho, voltei pra casa com aquela sensação, que alguém me observava no rio. Subi correndo para meu quarto, tomei um banho e como sempre, coloquei minha calça jeans, uma camiseta nude e minha bota, quando terminei ouvi meu pai: - Aurora, desce, Henrique já chegou. Desci as escadas e lá estava Henrique, nos cumprimentos, eu passei na frente saí pela porta e fomos até o carro, ele abriu a porta para mim, eu o olhei com estranheza. - Oxi, o que está fazendo? – perguntei - Só estou sendo educado, por acaso não tem costume com educação? – ele disse enquanto eu revirava os olhos e entrava no carro. Conversamos durante todo o percurso, sobre minha temporada na capital, veterinária essas coisas. Ele me contou um pouco da vida dele aqui, sobre a vida dos outros também, demos boas risadas e enfim, chegamos no restaurante. Um lugar bem conhecido, o restaurante da dona Dê, uma senhora maravilhosa por dentro e por fora, ela já tinha seus 50 anos, mas era linda, inteira para idade. - Não acredito, Aurorinha, você voltou de vez me diga que agora pra ficar. – disse dona Dê correndo para me abraçar. - Sim, agora vim pra ficar. – Respondi a abraçando de volta. - Nem precisa pedir, já, já chega seu prato favorito – disse dona Dê cheia de amor e carinho como sempre. Enquanto esperávamos, nos serviram, uma cerveja pro Henrique e um copo de suco de laranja pra mim, já que não bebo nada alcoólico. Chegaram uns três homens juntos, na maior algazarra, sentaram-se e pediram cervejas, um deles era alto, deveria ter 1.85 mais ou mesmo, barba por fazer, camisa branca aberta até na altura do peito, rindo de algo que pra mim não parecia ter a menor graça. Enfim, eu e a minha mania de observar e julgar as pessoas. - Aurora, vou fazer uma ligação pra um cliente aqui fora, já volto, tudo bem? – Henrique perguntou. - Claro. – Respondi. Carminha, era filha da dona Dê, estava servindo as mesas, ela sempre foi meio desastrada, não sei como ainda serve. Mal acabei de pensar nisso e ela caiu, a coitada levou um tombo feio no meio do restaurante, seu irmão correu pra ajudá-la, enquanto os três homens que haviam acabado de chegar, não paravam de rir da pobre coitada pela queda. Eu fiquei com tanto ódio, senti meu corpo esquentar de tanta raiva, até que não aguentei. - Vocês não são daqui certo? Aliás tenho certeza de que não. – Perguntei e de repente fez-se silêncio em todo o lugar. Eles pararam imediatamente de rir, um deles mal virou a cara pra mim. - Rum, e por que você quer saber? Vai sentir saudade quando formos embora? – falou o sujeito enquanto ria com os outros dois e voltou o rosto para eles. - Não – respondi em tom de ironia, - é porque aqui, as pessoas têm respeito e educação umas pelas outras, coisa que vocês não tem. - Aurora, não... – Carminha tentou me interromper, mas não parei. - Aqui a gente ajuda, quando precisam e não saímos rindo de situações desagradáveis feitos hienas loucas. Um deles, o mais alto, afastou-se da cadeira e se virou para mim. - E pela sua botina você também não é daqui, por que não volta pra cuidar das vacas? – disse ele olhando em meus olhos. - Você deve ser o mais engraçado da manada – respondi já ficando de pé, enfrentando o sujeito desagradável. - Quem você pensa que eu sou pra falar assim? – disse ele dando passos lentos até a mim. - Eu não penso, eu sei exatamente quem é gente da sua laia, que trata pessoas do jeito que está tratando a Carminha. – falei com seriedade, também dando um passo em direção a ele. Quando estávamos frente a frente, dava pra sentir a respiração dele de tão perto, olho no olho. A situação foi interrompida por Henrique. - O que está acontecendo aqui? Fique longe dela – ele falou chegando perto do tal sujeito. - É melhor você aprender domar sua namoradinha. – Ele falou me lançando um olhar odioso e virou as costas. Eu fui pra cima, mas Henrique me segurou. - Idiota – sussurrei com ódio, meu coração estava disparado de adrenalina daquela situação, minhas mãos suavam de raiva. - Acalmem se, aqui no meu estabelecimento quem briga não fica, então recomponham-se por favor – dona Dê falou em alto e bom som. Eu estava fervendo de tanta raiva, trouxeram um copo com água pra eu tomar, mas nem consegui, o sujeitinho fez questão de ajeitar a cadeira e deixá-la em um ponto que desse pra olhar pra mim, pegou a cerveja dele, deu um gole e me passou um olhar com um sorrisinho cínico no canto da boca.