Algumas semanas haviam se passado desde o enterro de Bezerra. A dor já não queimava tanto, mas ainda existia — silenciosa, contida, como uma sombra que se recusava a ir embora. Aos poucos, Antônio se sentia melhor a empresa começava a se reerguer. Eu e Felipe havia conduzido a comunicação com a mídia com uma habilidade que impressionou a mim mesma, e, com a ajuda de Lucas, conseguimos conter o impacto do escândalo.
O nome Bezerra voltava a ser sinônimo de confiança, embora por dentro eu soubesse que nada voltaria a ser como antes.
O rancho também fora recuperado. Um novo ciclo, como se cada pedaço de terra ali respirasse alívio. Eu dizia que aquele lugar parecia curar o que o mundo corporativo destruía — e, no fundo, era isso mesmo.
Naquela manhã, eu estava no escritório, revisando relatórios e conversando com Felipe, quando a secretária avisou que uma mulher pedia para vê-la.
Levantei o olhar, surpresa ao ouvir o nome.
— Hellen? — repeti, hesitante, antes de autorizar a entrada.