Mikhail Petrov é o mercenário mais temido de toda a Rússia. Para ele, apenas duas coisas importavam: proteger seu irmão mais novo, Dimitri, e manter sua reputação como um verdadeiro fantasma — imbatível e inalcançável. Mas tudo desmorona quando um promotor da Califórnia falsifica provas e condena Dimitri à prisão, desencadeando uma sequência de tragédias que culminam na morte de seu irmão. Consumido pela sede de vingança, Mikhail decide atingir o promotor onde mais doeria: sequestrando sua filha mais nova, Mia Walker. No entanto, ao invés de terminar rapidamente com a vida da garota, ele percebe que sua dor pode ser explorada de formas muito mais profundas. Manter Mia como prisioneira parecia ser apenas mais uma estratégia. Mas, no ódio que os une, nasce um desejo obscuro e incontrolável — e Mikhail logo descobre que, ao poupar a vida dela, selou a própria perdição. Em um mundo onde amor e ódio se confundem, quem sobreviverá ao toque do inimigo?
Ler maisNarrado por Mikhail Petrov O som dos meus passos ecoava pelo corredor silencioso da mansão. Estava de volta à Rússia, à minha casa, ao meu inferno de rotina. Mas dessa vez, não voltei sozinho. Ela estava lá em cima. Mia. A porra da mulher que tinha virado minha rotina do avesso. Pensei em bater, mas não sou o tipo que pede permissão. Girei a maçaneta e entrei.Ela dormia como um anjo. Um anjo fodido, corrompido por mim. Estava jogada sobre os lençóis de seda, nua, com o cabelo espalhado no travesseiro. Respiração lenta, corpo marcado. As marcas que deixei nela... eram minhas. Cada arranhão, cada hematoma, cada dorzinha entre as pernas dela, tudo isso era uma extensão de mim. Me aproximei, deixando que meus olhos descessem por aquele corpo pequeno e desarmado.Quis acordá-la. Quis foder ela mais uma vez, como ontem, como durante toda a noite. Mas não. Hoje era dia de trabalho. E eu não deixo nada atrapalhar meu serviço. Tinha uma lista esperando por mim, e o primeiro nome já estava fi
Narrado por Mia Walker A noite caiu com o peso de uma promessa velada. O céu russo, tingido por tons densos de vinho e cinza, parecia esconder segredos antigos, sussurrando memórias que dançavam entre as estrelas. Era a minha primeira noite realmente dentro do mundo de Mikhail. Não como refém, não como hóspede. Mas como... dele. Irina havia deixado a roupa cuidadosamente dobrada sobre minha cama — uma lingerie de renda preta quase transparente, com um vestido justo por cima, branco, mas com cortes estratégicos que deixavam mais à mostra do que cobriam. Era provocativo, ousado, e mesmo que uma parte de mim gritasse para não me render, outra se deliciava com cada camada de submissão. Me olhei no espelho por alguns segundos antes de descer. Meu corpo estava diferente. Não fisicamente — ainda era o mesmo —, mas a forma como eu me via havia mudado. Mikhail estava me moldando com mãos firmes e palavras afiadas. E eu estava deixando. Não com medo. Mas com desejo. Desci as escadas devaga
Narrado por Mia WalkerNunca imaginei que, um dia, estaria sentada num jatinho particular ao lado de Mikhail Petrov, observando as nuvens pintadas em tons de cinza sob nossas asas. O luxo ao meu redor era quase absurdo: poltronas de couro macio, detalhes dourados, um silêncio tão distinto do barulho constante do mundo de onde eu viera. Era como se tivessem me arrancado do submundo e me colocado no trono de uma rainha. Mas a verdade era outra: eu ainda me sentia presa, mesmo cercada por ouro.Mikhail estava ao meu lado, completamente alheio à minha contemplação. Ele falava ao telefone em russo, seu tom era baixo, seco e carregado de autoridade. Mesmo sem entender uma palavra, eu sabia que do outro lado da linha havia alguém apenas obedecendo. Eu o observava discretamente, notando a forma como ele apertava os olhos, como seus dedos marcavam a tela do celular com força contida. Tinha algo animalesco em Mikhail. Algo que, por mais que me assustasse, também me seduzia.Quando ele desligou,
Narrado por Mikhail Petrov Matei um homem hoje.Não que isso seja novidade. É o que faço. É o que sou. Um fantasma, um sussurro entre assassinos, uma lenda silenciosa nos becos gelados da Rússia. Mas hoje... hoje foi diferente. Porque, ao puxar o gatilho, não senti o gosto da vitória. Não saboreei o alívio da vingança. Senti... vazio.Deixei Mia horas antes do disparo. Ainda podia sentir o cheiro dela no meu peito, na camisa que agora estava dobrada no banco traseiro da minha Porsche. Aquela garota maldita havia me desarmado, e isso me enojava. E me atraía.Mateo me ligou assim que deixei Mia em uma das ruas centrais de Los Angeles. O sol ainda nem havia esquentado o asfalto, e eu já estava de volta ao modo autônomo, frio, letal.— James vai estar no Tribunal de Justiça, às quinze horas. Tem uma entrada lateral reservada para figurões. Visitei um prédio a trinta metros dali. Vista livre, sem vigilância.— Posso fazer isso de olhos fechados — respondi. E podia mesmo. Já havia feito mu
Narrado por Mia WalkerMais um dia amanhecia naquele buraco esquecido por Deus, e, por um segundo, Mia acreditou que estava sonhando. A claridade tênue da manhã mal atravessava as cortinas grossas, e o silêncio era quase incômodo. Mas logo a realidade a alcançou, cortante como navalha. Mikhail entrou no quarto sem bater, como sempre fazia. Seus olhos carregavam uma expressão indecifrável, quase entorpecida, e sua voz veio fria e direta:— Levanta. Você vai embora hoje.Mia piscou devagar, tentando processar as palavras. Não sentia alegria, nem alívio imediato. Apenas uma pressão súbita no peito, como se algo estivesse prestes a ser arrancado à força de dentro dela.— Agora? — perguntou, a voz rouca do sono mal dormido.Mikhail não respondeu. Apenas a observou com aquele olhar de ferro fundido, duro e impenetrável. Ela se levantou em silêncio, ainda vestindo apenas uma camisa dele — a mesma que havia se tornado uma espécie de armadura improvisada nos últimos dias. A manga cobria parte
Narrado por Mikhail Petrov Já era o quarto dia. Quatro malditos dias em que eu tinha me tornado um prisioneiro da minha própria armadilha. Ela continuava ali, deitada na cama, nua, os cabelos bagunçados caindo sobre o rosto, os pulsos ainda marcados pelo cinto. Tão frágil. Tão linda. E, ainda assim, tão perigosamente viciante. A mulher que eu havia prometido usar e destruir. Mas que agora... agora habitava meu inferno particular. Mia. Eu a havia corrompido. Tomado sua virgindade da forma mais brutal. Sem promessas. Sem romantismo. Só selvageria. Só domínio. E o mais desprezível de tudo... eu havia gostado. Porra, como eu havia gostado. Me sentei à beira do colchão, o cotovelo apoiado sobre o joelho, a cabeça mergulhada nas mãos. Eu podia ouvir sua respiração leve, lenta, quase inocente. Ela dormia como se não tivesse sido arrancada do mundo dela. Como se já tivesse se acostumado com a prisão que eu construí. Mas eu sabia que não. Aquilo era fingimento. Resistência. Ela era filh
Narrado por Mia Walker Já era o terceiro dia no meu inferno particular.A noção de tempo havia se diluído entre paredes mofadas e o cheiro metálico de sangue impregnado em cada centímetro daquele lugar. As horas escorriam como tinta preta, e a luz do dia era apenas uma lembrança esquecida. Eu me sentia como um rato em uma gaiola invisível, sendo observado, testado… punida sem sequer saber por quê.Mikhail não me tocava mais com lâminas, mas suas palavras, seus olhares, suas ausências e presenças repentinas eram golpes silenciosos, desferidos com precisão cirúrgica. Cada silêncio dele era um grito abafado dentro de mim. A água vinha em goles contados. A comida, sempre fria, parecia só uma provocação. E o sono… esse era um privilégio que vinha acompanhado de pesadelos tão vívidos quanto a realidade.Acordei assustada, como das outras vezes. Encostei as costas na parede áspera, sentindo as farpas do concreto rachado rasparem contra minha pele. Meus olhos vagaram pelo cômodo escuro até o
Narrado por Mia Walker O som enferrujado da tranca ecoou no pequeno banheiro quando Mikhail finalmente cedeu. Depois de horas — talvez dias, já tinha perdido a conta —, ele me permitiu usar o banheiro. Mas a sensação de alívio se dissipou rápido, substituída pela vergonha: ele permaneceu lá, me observando como uma águia faminta, cada movimento meu registrado naqueles olhos frios e afiados.Tentei ignorá-lo, embora a humilhação queimasse minha pele. As lágrimas ameaçaram brotar novamente, mas me recusei a dar a ele mais esse prazer. Concentrei-me apenas em terminar e me recompor da melhor maneira possível.Me aproximei do espelho quebrado pendurado na parede, encarando meu reflexo mutilado através dos cacos. Minha aparência era deplorável: os cabelos desgrenhados, a pele pálida com manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos onde as amarras haviam mordido minha carne. Meus olhos, outrora vibrantes, pareciam vazios, apagados.Passei a mão trêmula pelo rosto, tentando encontrar algum traç
Narrado por Mikhail Petrov O segundo dia amanhecia no cativeiro, se é que podia chamar aquela mansão velha e esquecida de algo tão sofisticado. O sol mal atravessava as janelas empoeiradas, e o silêncio era apenas quebrado pela respiração inquieta de Mia.De onde eu estava, encostado na parede oposta, meus olhos não desgrudavam dela. O jeito como o corpo pequeno se encolhia no colchão improvisado, a pele clara marcada em tons vermelhos vivos — consequências da nossa última interação — me hipnotizava de uma maneira que eu odiava admitir. O calor subia pelas minhas veias feito veneno. Cada cicatriz, cada suspiro quebrado dela me instigava como gasolina sobre brasas vivas.Maldição... Ela era bonita até mesmo na dor. E isso me irritava mais do que qualquer outra coisa.Cruzei os braços, controlando a vontade absurda que ardia dentro de mim. Mia era um troféu de guerra, uma vingança contra o homem que me tirou tudo. Ela não era para ser desejada, não era para me fazer sentir nada além de