Ainda com os braços envolvendo delicadamente a criança, Vitor sentia um calor desconhecido e acolhedor percorrendo seu peito, como se aquela pequena menina fosse capaz de tocar partes de seu coração que ele acreditava estarem petrificadas. Uma onda de ternura—quase incontrolável—se espalhava lentamente por seu corpo, trazendo um estranho e inquietante conforto.
Seu olhar, antes frio e distante, vacilou por um breve momento. Algo naquela inocência quebrava seus muros. No entanto, à medida que essa sensação surgia, seu passado retornava como um golpe certeiro no peito. Ele tentou afastar o nó que se formava em sua garganta, mas as lembranças já haviam sido despertadas.
Com um suspiro profundo e pesado, Vitor se afastou, seus movimentos lentos e calculados. Ele se levantou do chão, alisando o tecido caro de seu terno com gestos precisos, como se quisesse recuperar o controle que, por um instante, esteve fora de seu alcance.
Seus olhos, agora mais endurecidos, encontraram os de Ágata. Hav