Rangel é um astro brilhante e indomável de sua geração, um prodígio do MMA no auge da carreira. No entanto, a glória veio a um custo alto. Sua vida começou a desmoronar publicamente, exposta sem piedade nos sites de fofoca, que acompanhavam cada uma de suas escapadas em festas selvagens, brigas em bares e atitudes polêmicas. Sua reputação, antes sinônimo de exuberância e talento, transformou-se em um espetáculo de escândalos. Em uma tentativa desesperada de reden iniciou um relacionamento com Tayanara, uma mulher humilde e fora dos padrões convencionais de beleza. Plus size, dedicada e de princípios rígidos, Tayanara jamais imaginaria o caos que Rangel traria para sua vida com sua proposta incomum: um namoro falso. Ela, que sempre valorizou a ordem, o trabalho árduo e a rotina cuidadosa ao lado da mãe acamada, estava longe de ser o tipo de pessoa que cruzaria o radar de alguém como ele. Mas, ao aceitar o papel de namorada contratada, seus mundos opostos colidem de forma explosiva. O que deveria ser apenas um arranjo conveniente rapidamente se transforma em algo inesperado, à medida que ambos se envolvem de maneira intensa, quebrando todas as regras que haviam estabelecido.
Leer másRangel sempre esteve no topo, campeão mundial de MMA, milionário e presença constante nas manchetes, seja pelas vitórias brutais ou pelos escândalos que o cercavam. Mulheres, festas e confusões preenchiam sua rotina tão intensamente quanto os treinos. Seu nome era sinônimo de polêmica, e sua fama de iludir as moças já não era novidade para ninguém.
Mas, em meio ao caos de sua vida, surge uma necessidade inesperada: redenção pública. Cansado de ser visto como um problema ambulante, Rangel precisa mudar sua imagem. É então que ele conhece Tayanara. Em uma noite aparentemente comum, a vida de Tayanara mudou. Era só mais um jantar em um restaurante elegante, uma pausa entre compromissos e entrevistas em época de campeonato. No entanto, a tranquilidade do ambiente foi interrompida quando uma funcionária, uma garçonete de olhar abatido e postura tímida, foi humilhada publicamente pelo gerente e demitida na frente de todos. O desconforto dominou o espaço, mas enquanto muitos desviavam o olhar, Rangel observa. Tayanara era gorda, insegura e reservada. A timidez sempre a impediu de reagir como gostaria, e naquela noite, tudo que queria era desaparecer. Mas havia uma força nela que nem ela mesma conseguia enxergar. Mesmo derrotada, ela não implorava, não chorava ali. Apenas abaixava a cabeça e tentava sair sem chamar mais atenção. Algo naquela cena prendeu Rangel. Ele poderia ter apenas ignorado, como sempre fez com qualquer coisa que não envolvesse sua própria vida. Mas, impulsivamente, saiu atrás e chamou Tayanara antes que ela sumisse, a alcançou dois quarteirões a frente — Moça? Espere, quero falar com você. Se aproximou sério agindo impulsivamente — Vi tudo o que aconteceu, lá no restaurante. Tenho uma proposta de emprego para você! — Se puder me ouvir só uns minutos. Tayanara observou que ele estava muito bem vestido, cheiroso, parecia rico e educado, enxugando as lágrimas, concordou balançando a cabeça que sim, ele a chamou para tomar uma água, em um carrinho de lanches no final da rua, ela foi o acompanhando tentando se acalmar. Ele pareceu gentil, pediu duas águas e a chamou para se sentar — Então, notei que não usa aliança, você é solteira? — Eu busco uma namorada fake, que não faça parte do meu meio, do meu círculo social. — Vou pagar por isso. — Te interessa? Saber mais? Ela ficou olhando confusa — Moço, o meu dia está péssimo, por favor, não quero ser alvo de pegadinhas. Ele disse que era sério e que nada iria rolar, perguntou se ela o conhecia, começou falar e mostrar quem era, com certo exibicionismo, explicou o que estava acontecendo em sua vida particular, deixando claro que seria um namoro de fachada, a convenceu facilmente. O encontro inesperado os levou a um acordo improvável. Ele precisava de redenção pública. Ela precisava de dinheiro. A proposta? Fingirem um relacionamento que limpasse sua imagem e garantisse a ela estabilidade financeira para cuidar de sua mãe doente. O contrato era simples: aparições públicas, entrevistas ensaiadas, um romance de fachada, nada mais. Tayanara, com sua força silenciosa, sua simpatia genuína e sua forma de ver o mundo sem filtros, deduziu rapidamente, o motivo de ter sido " escolhida ", para essa proposta horrorosa. Tayanara sempre carregou o peso de ser invisível. Desde a infância, acostumou-se a ser aquela que ficava de lado, que não chamava atenção, que nunca era escolhida. Mas um evento específico marcou sua vida para sempre, uma festa da escola. Naquela noite, Tayanara decidiu que queria se permitir algo diferente. Passou meses economizando para comprar um vestido bonito, fez um penteado especial e, por um instante, acreditou que finalmente poderia ser vista como qualquer outra garota. Mas a ilusão durou pouco. Um grupo de colegas, liderado por um rapaz popular, que fingia ser gentil, montou uma cruel brincadeira. Eles a convenceram de que um dos garotos mais populares queria ficar com ela. Quando Tayanara, nervosa e esperançosa, se aproximou dele no salão, percebeu tarde demais que era apenas uma armadilha. Risadas ecoaram, cochichos se espalharam, e ela se tornou o alvo da zombaria de toda a escola. Desde então, Tayanara aprendeu a não se expor. Guardou para si a insegurança, fechou-se em sua timidez e aceitou que talvez nunca fosse desejada da mesma forma que outras mulheres. Mas a necessidade de sustentar sua mãe doente a forçou a fazer trabalhos que exigiam enfrentar o mundo, atendendo o público, servindo mesas. Quando Rangel apareceu em sua vida, com seu charme impulsivo e sua proposta inesperada, Tayanara se viu diante de um dilema: fingir ser a namorada de um homem que representava tudo o que ela sempre evitou, ou recusar uma chance de estabilidade que podia salvar sua mãe, lhe dar conforto. O acordo foi fechado, Rangel ofereceu quinhentos reais por encontro, trocaram contato, e trocaram poucas mensagens, mas conforme os dias passaram e Rangel percebeu que Tayanara não era nada como as mulheres com quem sempre lidou, ele se arrependeu de ter escolhido ela. Ele não viu nada, por trás da timidez. Tayanara sempre acreditou que algumas cicatrizes nunca desapareceriam, ela nunca namorou e se preservou por ser tão insegura. Por isso, mesmo ao lado de Rangel, ela queria continuar vestindo a armadura da invisibilidade, como se qualquer movimento brusco pudesse expô-la novamente ao ridículo. Mas com o passar dos dias, a barreira entre os dois foi se tornando mais difícil de manter, ele pediu para ela arrumar seu perfil nas redes sociais e postar mais fotos, quando ela foi tentar, teve medo mas acabou gostando, de adequar o perfil, como a maioria das pessoas tinham. Ele a convidou para jantar e iniciarem o plano, ela o encontrou no restaurante, ele estava em pé esperando na porta, lhe deu a mão e tentou ser simpático, mas notou que ela estava um pouco mal vestida, com uma sapatilha surrada, calça legging e uma camisa um pouco mais comprida, de botões listrada, cabelos soltos alinhados, maquiagem até que ok, bem caprichada. Desde o primeiro momento, Tayanara se perguntava por que alguém como Rangel, um homem acostumado a mulheres perfeitas e deslumbrantes, escolheria alguém como ela. Ele era acostumado a ter tudo o que queria, e ela sabia muito bem como era não ter nada. A proposta de namoro falso parecia conveniente para ambos, mas cada olhar que ele lançava a fazia duvidar, e ficar incomodada. — Por que você está me olhando assim? — perguntou cética, enquanto fingiam estar em um jantar romântico, se preparando para uma sessão de fotos. — Assim como? — Rangel ergueu uma sobrancelha, como se estivesse tentando a entender. Ela disse que de maneira estranha, perguntou como ele conseguia, fingir que estava gostando tanto, ele sorriu cínico — Talvez porque eu esteja. Ele disse aquilo com simplicidade, mas para ela, o impacto foi imenso. Ela nunca acreditou que alguém realmente gostaria de sua companhia, ela tinha medo, até de falar. Tiraram fotos das mãos juntas, ele comeu frango com salada de folhas, tomou suco, ela comeu lasanha, picanha e muito refrigerante, de comer exageradamente, não teve vergonha. Depois de postar as fotos, logo foram embora, separados, ele pagou pelo encontro e ela foi embora feliz da vida, com a barriga cheia. As pessoas começaram especular, quem era aquela moça de mão gordinha com ele, alguns dias depois, ele a chamou para sair, mandou duzentos reais, para ela comprar uma roupa mais adequada. Tayanara comprou um vestido longo simples azul marinho, que realçava seu colo e valorizava as curvas. Era a primeira vez que os dois precisariam aparecer juntos em um evento público foi um teste para Tayanara. O medo de estar em evidência, de ser observada, de ser julgada como naquela noite do colégio, a fez estremecer.Tayanara suspirou, desviando o olhar, visivelmente incomodada. — Eu já disse, não preciso de nada. Rangel não recuou. Enquanto ela afastava sua mão.— Não quero te fazer se sentir inferior. Não é sobre isso. Ela cruzou os braços, esperando que ele continuasse. — Mas eu tenho condições financeiras para ajudar. E isso é justo. — disse, mantendo a voz calma, sem querer pressioná-la. Ela franziu o cenho, ainda relutante. — Justo pra quem? Pra você? Rangel se inclinou levemente para frente, tentando transmitir sinceridade naquelas palavras. — Justo pra você. E pra ele. — Eu posso te levar aos melhores médicos, garantir que nada falte. Comprar tudo que você quiser, tudo que for necessário pro seu conforto e pro bebê. Ela continuou indiferente, absorvendo aquilo, mas sem demonstrar nenhuma resposta imediata, respirou fundo, sentindo o peso da conversa e de tudo que aquilo significava, no fundo começou a ficar aliviada. A solidão que carregava era imensa, e o medo da maternidade so
Rangel não conseguiu simplesmente ir embora. Enquanto dirigia pelas ruas, sua mente voltava para aquela noite, o momento em que ficaram juntos pela primeira vez. Lembrou-se dos detalhes, da forma como tudo aconteceu, das emoções cruas e intensas que marcaram aquela noite, até se questionou se talvez ela não tinha ficado com outro, mas já tirou isso da cabeça. Sem saber exatamente por que, decidiu comprar um combo de lanche enorme, como a viu fazer antes, como um gesto que parecia quase instintivo, para lhe agradar.Voltou para a casa dela e parou em frente ao portão, ignorando completamente o orgulho e qualquer senso de autopreservação. — Tay! — chamou, firme. Não teve nenhuma resposta. Ele insistiu, batendo na grade, elevando um pouco a voz. — Sei que você tá aí! Só me escuta! Minutos se passaram, e ele já imaginava que ela não abriria. Mas então, com um movimento brusco, a porta se entreabriu no final do quintal, e Tayanara apareceu. O rosto estava sério, os olhos ainda marcad
Rangel não recuou. Mesmo diante da frieza de Tayanara, mesmo com o ódio explícito nos olhos dela, ele sabia que não poderia simplesmente ir embora sem dizer o que precisava. — Tay, por favor… só me dá cinco minutos. — insistiu, com a voz mais baixa, quase um pedido. Ela apertou a sacolinha que segurava, como se estivesse decidindo se cedia ou se simplesmente o ignorava de vez. Mas antes que pudesse responder, ele continuou. — Eu soube da sua mãe. Sinto muito. Meus pêsames!As palavras vieram genuínas, sem estratégia, sem qualquer tom ensaiado. Pela primeira vez, Rangel parecia apenas um homem arrependido, sem o jogo de poder que costumava usar. Tayanara respirou fundo, desviando o olhar. — Não precisa sentir nada. A dor é minha, não sua. — respondeu, firme, sem emoção. Mas então, ele fez a pergunta que vinha martelando na sua cabeça desde o momento em que viu a foto dela. — O bebê… ele é meu? O silêncio foi imediato. Tayanara ergueu os olhos lentamente, encarando Rangel com um
A foto de Tayanara ainda pairava na mente de Rangel, como uma peça de um quebra-cabeça que ele não conseguia encaixar. Desde que recebeu o print, passou horas lendo todos os comentários da postagem, tentando absorver cada detalhe que pudesse revelar onde ela estava. As mensagens eram diversas, pessoas elogiando sua força, comentando sobre o trabalho árduo que fazia diariamente, algumas até oferecendo ajuda com divulgação e doações de coisas de bebê. Mas o que chamou sua atenção de verdade foram aqueles que diziam já ter comprado dela. Sem perder tempo, Rangel decidiu fazer contato. Mandou mensagens discretas, tentando parecer apenas um curioso qualquer. — Oii vi seu comentário. Você sabe onde ela vende os lanches? Quero ajudar ela, minha equipe faz uns projetos solidários bem bacanas. — perguntou a um moço que havia comentado na publicação. — Sim, comprei dela algumas vezes. Ela fica na mesma esquina todo dia. Vou te passar o endereço de uma loja la, é bem fácil achar ela. — veio
Enquanto Tayanara enfrentava o luto, a solidão e a gravidez inesperada, Rangel ascendia cada vez mais em sua carreira. Ele havia se tornado um nome muito forte no mundo das lutas, acumulando vitórias, contratos milionários e uma influência que antes jamais imaginou ter. O plano de redenção, deu certo, ele agora era querido por todos.Estava mais rico, famoso, e sua reputação, antes marcada por polêmicas e controvérsias, parecia estar mudando realmente. Com o tempo, foi moldando sua imagem pública, se afastando de escândalos e construindo uma persona mais calculada, mais profissional, e Tayanara foi sua última namorada oficial, que o público viu.Para os espectadores, ele era um exemplo de superação, um atleta disciplinado, alguém que havia deixado para trás seus erros do passado. E enquanto ele subia cada vez mais, Tayanara seguia invisível, tentando reconstruir sua vida longe de qualquer vestígio do que haviam vivido, as vezes ela pensava nele, se proibiu de ir pesquisar qualquer co
Depois de quase um mês viajando, Rangel foi até a casa de Tayanara no mesmo dia em que voltou ao Brasil, ele já tinha desistido de tentar ligar e enviar mensagens, depois de semanas sendo ignorado. Ele estacionou o carro, ajeitou um pequeno buque de flores amarelas, em suas mãos e respirou fundo, preparando-se para encontrá-la e pedir desculpas, ele queria conversar, saber como ela gastou o dinheiro, sugerir que ela fosse passar o fim de semana com ele, tomar um vinho e deixar rolar, o que desse vontade. Bateu chamou no portão e esperou, bateu palmas e nada. Tentou mais uma vez. Observou total silêncio, não tinha nada no varal, diferente de antes. Olhou ao redor, tentando entender o que estava acontecendo, até que uma vizinha apareceu na porta da casa ao lado, observando-o com um olhar pesado. — Tá procurando a Tayanara? — perguntou, cruzando os braços. Rangel assentiu. — Sim. Sabe se ela está aí? Ou foi trabalhar?A mulher soltou um suspiro triste antes de responder. — Não. El
Último capítulo