O quarto estava mergulhado numa penumbra suave quando Cecília abriu os olhos. O teto era estranho o lençol também. Por um instante, ela prendeu a respiração, congelando, como se o simples ato de se mover pudesse quebrar algum tipo de feitiço. Um leve latejar na cabeça avisava que havia álcool na equação. Ela piscou lentamente, tentando conectar os pontos soltos dentro da mente.
Onde eu tô?
O cheiro no ar era diferente — amadeirado, masculino, com um toque de café vindo de algum lugar distante da casa. Aos poucos, fragmentos da noite anterior começaram a emergir, como fotos tremidas em uma velha câmera analógica: o microfone, os gritos, o tapa, o soco... Enrico. Ela se lembrou dele segurando sua mão, a tirando de dentro do caos, como se fosse uma cena de filme.
Virou o rosto para o lado. A cama era espaçosa, o travesseiro cheirava a amaciante e alguma coisa tipicamente masculina. Quando tentou se mexer, notou, finalmente, a peça de roupa que cobria seu corpo: uma camiseta grande demais