Por um instante, o salão inteiro pareceu perder o fôlego. O som ambiente parou, como se alguém tivesse puxado o fio invisível que sustentava a normalidade daquela noite. Cecília, com o microfone em mãos e os olhos fixos na plateia de olhares arregalados, respirou fundo.
— É isso mesmo, vocês não ouviram errado e a noiva sabe, claro. Gustavo foi meu professor do cursinho de inglês quando eu tinha quinze anos. Professor mais velho rodeado de adolescentes, já sabem né... e fui eu quem apresentou ele pra minha irmã e ela me prometeu que iria pensar numa forma de contar pra minha mãe sem que ela surtasse.
Um zunido cortou o silêncio. Algumas pessoas se remexeram nas cadeiras. Outras levaram as mãos à boca. Enrico se levantou instintivamente, sentindo o clima mudar de maneira perigosa.
— Um dia... — continuou Cecília, a voz embargando por um segundo — eu cheguei da escola e encontrei os dois transando no sofá da sala. O mesmo sofá que eu sentava pra ver desenho animado acreditam. — riu, mas