Para salvar a mãe de uma acusação de assassinato, ela precisará seduzir o homem mais perigoso do mundo... e se tornar sua noiva. Caliana Calderón acreditava que seu futuro estava garantido: formada em química, longe dos segredos sujos da família Harlow, para quem sua mãe trabalhou a vida toda. Mas um verão tudo desmorona. Um ato desesperado deixa um homem à beira da morte e sua mãe, Débora, à mercê de Caio Harlow, um magnata das armas sem escrúpulos. A chantagem é simples e cruel: para evitar que a mãe vá para a cadeia, Caliana deve infiltrar-se em um evento de alta sociedade e seduzir Zadock Bradford Asheton, o CEO rival de Caio e o homem mais impiedoso do setor. Seu objetivo? Acusá-lo publicamente de violência sexual, destruindo sua reputação. Zadock é frio, calculista e intocável. Ele não é um alvo, é um predador. E quando descobre a armadilha, sua vingança é tão genial quanto brutal: ele não a entregará à polícia. Ele a tornará sua. Agora, Caliana é a noiva troféu de um homem que a considera um pião em seu jogo de poder. Presa em uma gaiola de ouro, ela só tem uma saída: matar o próprio marido. Mas em um jogo onde ódio e desejo se confundem, a linha entre sobrevivência e rendição pode ser mortalmente tênue. Aviso de Conteúdo: Esta obra aborda temas sensíveis, incluindo violência física e psicológica, coerção, chantagem, prisão domiciliar, relacionamento abusivo, tentativa de assassinato, violência armada e cenas de conteúdo sexual com elementos de coerção. Recomenda-se a leitura apenas por adultos, especialmente se algum desses assuntos puder ser desencadeador para o leitor.
Ler maisPOV Zadock
O salão de baile do Palácio Presidencial de Noriah Norte era um mar de hipocrisia banhado a ouro e cristal. Homens de ternos caros discursavam sobre ética e honra enquanto suas empresas vendiam morte para os quatro cantos do mundo. Mulheres vestidas com diamantes que custavam mais que a renda anual de moradores de um bairro inteiro sorriam, corteses, enquanto suas línguas afiadas só se preocupavam em falar sobre reputações alheias.
Era um ambiente que eu, Zadock Bradford Asheton, conhecia bem. E desprezava profundamente.
Minha presença ali era uma necessidade estratégica: o contrato de fornecimento exclusivo de armamentos para o exército de Noriah Norte estava para ser decidido. Um contrato vitalício, que consolidaria o império de quem o assinasse. Havia dois principais concorrentes: minha empresa, a Asheton Armaments, e a Harlow Defense, de Caio Harlow, meu rival de longa data e um homem tão ético quanto um chacal em um matadouro.
— Zadock, meu caro! — a voz grave do Presidente Valente ecoou ao meu lado. — Fugindo das minhas investidas?
Eu me virei, oferecendo um aceno de cabeça respeitoso, mas distante. Ao seu lado, sua filha, Clarissa, me olhava com um interesse que ia muito além do normal. Seus olhos percorriam meu terno como se fosse uma embalagem que ela ansiava por desembrulhar.
— Sr. Presidente — cumprimentei, evitando contato visual prolongado com Clarissa. — Estou apenas apreciando a vista. Um evento impecável, como sempre.
— Impecável como os seus relatórios, Asheton — ele respondeu, batendo levemente em meu ombro. — Sério, meticuloso, sem uma vírgula fora do lugar. É por isso que você está na frente. Homens como Caio Harlow… bem, ele é eficiente, mas falta… caráter.
Clarissa Valente se aproximou, deslizando a mão pelo braço do pai, como uma gata do cio:
— Papai, você está monopolizando o Sr. Asheton. Deixe-o circular, socializar… — falou num tom de brincadeira, seu sorriso sendo uma isca clara. Seus olhos diziam tudo: ela estava disponível e achava que eu era um troféu a ser conquistado.
O Presidente Valente riu:
— Está vendo, Zadoc? Até a minha filha reconhece seu valor. Não a decepcione. — Seu tom era descontraído, mas a mensagem por trás era clara: feche o negócio e ainda leve a minha filha de brinde.
Aquilo era repugnante! Clarissa Valente era uma criança mimada de vinte e poucos anos, acostumada a ter tudo o que quisesse. E eu não era um brinquedo. A não ser que ela estivesse me confundindo com um brinquedo perigoso, daqueles que crianças não podem brincar, especialmente na idade dela.
— Com licença, Presidente, Srta. Valente — falei, polidamente, mas sem esconder a minha frieza. — Preciso confirmar um detalhe com meu assistente. Negócios!
Antes que qualquer um dos dois pudesse protestar, me virei e mergulhei na multidão. Precisava de ar. Precisava de distância daquela farsa.
Foi quando ela bateu em mim.
Não foi um impacto forte. Apenas um toque desajeitado. Me virei, pronto para ignorar mais uma convidada bêbada ou deslumbrada com a minha presença.
E então a vi.
Ela era… diferente. Não havia como negar.
Não ostentava joias caras. Seu vestido, embora elegante, era simples, de um vermelho escuro que contrastava com a sua pele clara, quase translúcida sob as luzes do evento. Os cabelos longos e negros caíam lisos sobre os ombros, conferindo-lhe uma aura de mistério.
Ela tinha uma força contida atrás dos traços delicados, como se escondesse um segredo sob o porte frágil.
Seus olhos, de um castanho tão escuro que pareciam pretos, estavam arregalados com um pânico genuíno que era completamente fora de lugar naquele ambiente de falsa descontração.
— Desculpe! — ela disse, com a voz um pouco mais grave do que eu esperava, melodiosa, mas trêmula. — Eu… não vi o senhor.
Ela estava mentindo. Eu vi o momento exato em que decidiu se jogar no meu caminho. Foi calculado. Mal executado, com certeza, mas calculado.
— Não foi nada — respondi, minha voz deliberadamente monótona, analisando-a.
Ela era bonita, sim, mas de uma forma fora dos padrões daquele mundo. Não fora treinada para eventos como o que acontecia momento.
Era sempre fui um excelente observador... e julgador. As mãos dela se torciam nervosas. O queixo tremia levemente.
Forçou um sorriso, tentando um ar de deboche que não conseguiu sustentar:
— É que… é minha primeira vez em um evento assim. Tudo é tão… grande. E o senhor é Zadock Asheton, não é? O dono das armas. — Mordeu o lábio inferior, num gesto que deveria ser sedutor, mas que saiu como um sinal de nervosismo extremo. — Eu li sobre o senhor.
Era uma tentativa de flerte. A pior que eu já tinha visto... tão descarada quanto desesperada.
Algo dentro de mim ficou alerta. Por que essa mulher, claramente fora de seu ambiente, estava tentando me seduzir? Quem a tinha colocado ali?
O Presidente? Duvidoso. Caio Harlow? Talvez. Enzo? Muito possivelmente.
Decidi jogar e levá-la ao limite para ver até onde iria.
— Você veio sozinha? — perguntei, me inclinando ligeiramente para frente, invadindo o espaço pessoal dela.
Ela recuou um centímetro, seus olhos piscando rapidamente. O perfume dela, algo simples e floral como jasmim, chegou até mim.
— Sim. Quer dizer, não… com um amigo. Mas ele sumiu.
— Entendo — comentei, meu olhar percorrendo seu corpo de cima a baixo, de forma lenta e objetificante. Analisei a curva dos seus seios, a cintura estreita, os quadris. Ela estremeceu visivelmente, mas não recuou. — Está procurando por mais emoção? Algo que seu… “amigo”… não pode te dar?
Seu queixo tremeu, mas ela manteve o contato visual. Uma centelha de desafio brilhou no fundo de seus olhos assustados:
— Talvez — sussurrou, com a voz fraca.
— O salão está abafado — declarei, tomando uma decisão rápida. — Conheço um lugar mais… privado, onde podemos conversar sem sermos interrompidos.
— Onde? — a palavra saiu com um suspiro.
— O banheiro masculino. É vazio nesta ala. — Observei cada expressão em seu rosto: o nojo, a hesitação, o puro terror. Mas por baixo disso tudo, uma determinação surpreendente. Ela estava ali por uma razão que ia além de uma simples paquera. — Vem agora ou esquece. — Deixei claro minha falta de tempo para pessoas como ela.
Por um momento, pensei que ela iria fugir. Seus pés pareceram se mover para trás. Mas então, respirou fundo e assentiu:
— Está bem.
Interessante!
Virei-me e comecei a andar em direção ao corredor lateral, sentindo-a seguir-me, sua presença emanando um calor hesitante atrás de mim. A porta pesada do banheiro se fechou atrás de nós, abafando instantaneamente a orquestra e o burburinho da festa. O silêncio era quebrado apenas pela respiração ofegante dela.
Ela estava parada no meio do cômodo, tremendo como uma folha seca, seus olhos escaneando a sala como se procurasse uma saída ou uma câmera.
— Então? — eu disse, ficando de frente para ela, meus braços cruzados. Aproximei-me, lentamente, como um predador circundando a presa. — Você veio até aqui. O que quer fazer agora?
Ela pareceu paralisada, sua garganta se movendo enquanto engolia seco. Seus olhos estavam vidrados nos meus lábios. O medo nela era um feromônio intoxicante.
— Eu… eu não sei — mentiu, sua voz um sussurro, rouca.
— Acho que sabe — murmurei, fechando a distância entre nós.
Minha mão se levantou, não para tocar seu rosto, mas para pairar perto de sua jugular, onde sua pulsação batia descompassada contra a pele. Eu podia sentir o calor, misturado ao pânico, irradiando dela. — Está com medo?
Ela balançou a cabeça negativamente, mas seu corpo tremia de forma incontrolável:
— Não.
— Mentira — sussurrei e então toquei-a.
Meus dedos traçaram a linha de seu maxilar, da orelha até o queixo. Sua pele era incrivelmente macia, quente como o sol. Ela estremeceu violentamente, um arrepio percorrendo todo o seu corpo. Um pequeno gemido escapou de seus lábios, tão baixo que quase não o ouvi. Era um som de puro terror misturado com algo mais primitivo.
Foi a deixa que eu precisava.
Meu corpo colidiu com o dela, empurrando-a contra a pia fria de mármore. Ela gritou fraco, um som abafado de surpresa, mas não me empurrou. Suas mãos se agarraram às lapelas do meu paletó, não para me afastar, mas para se segurar.
— O que ele te prometeu? — perguntei, minha boca perto de sua orelha, meu hálito quente contra seu pescoço. — Dinheiro? Proteção? O que vale o risco de se meter comigo?
Ele inclinou muito levemente a cabeça, como se anotasse um dado invisível sobre mim. E foi ali, nessa inclinação mínima, que senti o coração virar algo que nem fazia mais parte do meu corpo... e sim um órgão que tinha saído correndo dali.— O salão está abafado — anunciou, com a certeza de quem não pede concordância. — Vamos a um lugar mais… privado, onde podemos conversar sem sermos interrompidos.A proposta cortou meu estômago. Eu pensei em tudo ao mesmo tempo: mãe, casebre, três pontos de linha transparente no forro do meu sutiã, dinheiro, passaportes, vida. Pensei também no que meus olhos estavam vendo: um homem, não um menino mimado, como Leonel Harlow, a quem entreguei meu coração e como punição fui parar ali, usando a minha virgindade como um objeto de barganha pela liberdade da minha mãe.Não havia frivolidade naquele homem, nem risos fáceis. Havia perigo e… uma força que, de tão contida, parecia viva. Pensei, e me odiei por pensar, que se eu tivesse de entregar algo o qual pr
O salão me engoliu com lustres que pareciam constelações presas ao teto, tecidos ricos por toda parte, conversas que valiam empresas. Vi o Presidente Valente cercado como uma joia em vitrine. Ao seu lado, Clarissa, sua única filha, linda, tensa, com um brilho no olhar que eu conhecia há tempos nos olhos de quem deseja o impossível. A linha do olhar dela seguia uma direção. Eu segui a linha.E foi então que o vi: Zadock Bradford Asheton. Eu tinha lido um pouco sobre ele nos últimos dias. Era alguém que até então eu nunca tinha ouvido falar, pois não fazia parte do meu mundo. Aliás, nossos mundos não se colidiam de forma alguma. No dele, eu seria, sem ser naquela situação mandada, nada além de alguém que jogaria o lixo dele na lixeira ou o serviria de alguma outra forma.Eu já tinha visto homens bonitos. Já tinha visto muitos que sabiam ser bonitos. Ele não era “bonito”. Era improvável... exagerado, como se a realidade tivesse passado a régua no limite do possível e dito: “aqui está um
Eu estava em um hotel de luxo, próximo do Palácio do Presidente. As duas mulheres chegaram antes do amanhecer, com o silêncio de quem já entrou em muitos quartos sem pedir licença. Traziam maletas de alumínio, olhares que não temiam nada e um profissionalismo que não deixava espaço para perguntas.— Fique parada — disse a mais alta, prendendo meu queixo com dedos frios. — Abra a boca.Obedeci. Uma lanterna percorreu minha garganta como se eu pudesse esconder segredos nela. A outra mulher abriu a maleta, revelando rolos de fita cor de pele, um transmissor minúsculo, linhas transparentes, agulhas, um sutiã rendado e um vestido de cair o queixo: vermelho escuro, com um tecido que refletia luz em ondas discretas.— Eu sou Rosa — disse a mais alta. — Ela é Mara. Vista isso.Passei a mão pelo tecido. Era pesado e macio, como se prometesse abraçar o corpo e o silenciar ao mesmo tempo.— É lindo — murmurei, encantada.— É funcional — corrigiu Rosa, seca. — A cor realça a sua pele e distrai os
A presença de Caio Harlow dentro daquela cabana era como a de um predador que invadira o covil de sua presa. O ar ficou pesado, quase irrespirável. Seus olhos, frios e calculistas, percorreram cada centímetro da miséria que nos cercava antes de retornarem para mim, e então para mamãe, que tremia visivelmente em sua cadeira.— Três semanas — ele começou, sua voz suave como veludo, mas com uma lâmina escondida em cada sílaba. — Três semanas desde que meu filho, meu único herdeiro, está inconsciente em um leito de hospital, graças à “bondade” de vocês duas.Meu estômago se contraiu. Inconsciente? A palavra ecoou na cabana como um tiro. Então Leonel não estava... morto?— Havia câmeras de segurança no penhasco — ele continuou, tirando um telefone do bolso interno do paletó. — Câmeras discretas, é claro, para minha própria segurança. Eu vi tudo. Vi o que Leonel tentou fazer. — Seus olhos pousaram em mim e senti um calafrio percorrer minha espinha. — E vi o que sua mãe fez com a minha pedra
O tempo corria lento e doloroso naquele casebre úmido no meio do nada. Três semanas. Vinte e um dias desde aquela madrugada no penhasco. Vinte e uma noites em que eu fechava os olhos e via o sangue escuro de Leonel se espalhando pelo seu rosto sob os primeiros raios de sol da manhã.A casa que estávamos era uma estrutura de madeira podre, abandonada há anos nos confins do início de uma área verde, distante da costa. Não tinha água corrente. A luz vinha de velas e de um lampião a querosene que cheirava forte e fazia sombras dançarem nas paredes, como fantasmas nos observando. E sabíamos que aqueles fantasmas não estavam só ali nas paredes. Haviam agora fantasmas dentro de nós, os quais carregaríamos para sempre me nossas mentes e corações.Mamãe havia me trazido para aquele lugar naquela mesma manhã, após enterrarmos o corpo de Leonel em um local que nem eu sabia onde era. Ela se moveu com uma frieza que eu não conhecia, uma determinação de sobrevivência que superou até o seu próprio d
A grama úmida do penhasco grudou em minhas costas nuas e o ar frio da noite arrepiou minha pele exposta. Ele havia puxado meu vestido com uma força brutal, rasgando o tecido fino como se fosse papel. Meus seios, que nunca haviam sido vistos por homem algum, estavam agora à mercê dele... e suas mãos ásperas, nada gentis, os apertavam com uma posse que me envergonhava até a alma.— Por favor, Leonel — minha voz saiu quebrada, um fio de som que se perdeu no vento que vinha do mar. — Não faça isso. Eu te imploro.Ele riu, um som baixo e sem humor, enquanto seus dedos beliscavam meus mamilos com uma dor que me fez gritar de forma contida.— Você sempre foi dramática, Cali — sussurrou, sua boca perto do meu ouvido. — Mas hoje você vai aprender a ser grata.Sua mão livre abriu a própria bermuda e eu senti o peso de seu corpo contra o meu. Congelei de pavor. Leonel pôs os dedos na minha boceta, me penetrando de uma forma tão violenta e íntima que me destruía por dentro.Eu, que sempre fui for
Último capítulo