Eu estava em um hotel de luxo, próximo do Palácio do Presidente. As duas mulheres chegaram antes do amanhecer, com o silêncio de quem já entrou em muitos quartos sem pedir licença. Traziam maletas de alumínio, olhares que não temiam nada e um profissionalismo que não deixava espaço para perguntas.
— Fique parada — disse a mais alta, prendendo meu queixo com dedos frios. — Abra a boca.
Obedeci. Uma lanterna percorreu minha garganta como se eu pudesse esconder segredos nela. A outra mulher abriu a maleta, revelando rolos de fita cor de pele, um transmissor minúsculo, linhas transparentes, agulhas, um sutiã rendado e um vestido de cair o queixo: vermelho escuro, com um tecido que refletia luz em ondas discretas.
— Eu sou Rosa — disse a mais alta. — Ela é Mara. Vista isso.
Passei a mão pelo tecido. Era pesado e macio, como se prometesse abraçar o corpo e o silenciar ao mesmo tempo.
— É lindo — murmurei, encantada.
— É funcional — corrigiu Rosa, seca. — A cor realça a sua pele e distrai os