Durang: O Império dos Alfas Em um mundo onde a hierarquia entre Alfas, Betas e Ômegas dita o destino de cada ser, os Sete Reinos são comandados por líderes impiedosos. No topo da pirâmide está Durang, o mais poderoso entre eles, governado por Valkar, o Rei Alfa — uma lenda viva, temido por sua força brutal e por seu coração de pedra. Ele domina com mãos de ferro, ampliando seu império por meio da guerra e da submissão. Ninguém ousa desafiá-lo. Eliara nasceu no Reino de Marven, uma terra esquecida pelos deuses e governada por Daroon, um alfa tirano que despreza os fracos. Ômega marcada desde o nascimento, seu destino era de submissão e silêncio. Mas tudo muda quando Durang invade seu lar, tomando terras, destruindo legados e levando prisioneiros — entre eles, Eliara. Levados como servos para o palácio imperial, Eliara acaba designada como criada do pequeno príncipe Malkor, filho do temido rei. Entre sombras e aço, ela conhece um novo mundo — mais cruel, mas também repleto de oportunidades escondidas. E é nesse novo lar que a força interior de Eliara começa a despertar. O que era medo, torna-se fúria contida. O que era silêncio, transforma-se em coragem. Mas é a inesperada conexão com o próprio Rei Valkar que abala todas as estruturas de seu destino. Um rei que nunca amou. Uma ômega que nunca se curvou. E entre os dois, um império que pode ruir. Uma história de desejo, resistência, descobertas e recomeços. Durang: O Império dos Alfas é um romance envolvente que mergulha nas profundezas do poder, do amor impossível e da libertação feminina em um mundo onde ser fraca é uma sentença de morte — e ser forte, uma revolução.
Ler maisCapítulo 1 — O Destino Cruel de Eliara
Eliara vivia em uma das vilas mais esquecidas do Reino de Marven, chamada Vilela do Norte, um povoado empobrecido onde o frio cortava a pele e o pão era racionado como tesouro. As casas eram feitas de pedra tosca e madeira apodrecida, com telhados que mal resistiam às tempestades. Ali, a pobreza não era apenas uma condição — era uma sentença de nascença. A família de Eliara mal tinha o que comer. O pai, Goran, era um alfa frustrado, que perdera a autoridade no exército do reino anos antes e desde então afundava-se no álcool e na raiva. A sua mãe, Lenora, era uma ômega submissa, resignada ao destino miserável que a vida lhe dera. Eliara era a única filha do casal e a mais nova entre seis filhos. Seus cinco irmãos — Aston, Marek, Leander, Dorian e Kian — eram fortes, arrogantes e cruéis. Desde cedo, aprenderam que ela não era nada além de um estorvo, uma omega fraca que valia nada, a não ser um fardo que eles deveriam carregar para vida. Desde cedo, , Eliara já havia aprendido e entendido que a vida não era justa, não com gente igual a ela , aos oito anos ela limpava a casa, cozinhava e lavava roupas. Aos dez, era espancada quando não terminava suas tarefas com perfeição. Aos treze, não sabia o que era carinho ou proteção. — "Você é só uma ômega inútil. Foi um erro você ter nascido!" — vociferava Aston, sempre o primeiro a erguer a mão. As agressões físicas eram parte do cotidiano. Um empurrão contra a parede, uma vassourada nas costas, um tapa forte demais. Às vezes, era chutada no chão como um animal. O pior era que ninguém a defendia. Sua mãe apenas abaixava a cabeça, e seu pai ria das lágrimas da filha como se fossem entretenimento. — "Ela tem que aprender a obedecer. Se não serve pra casar, que sirva pra limpar merda!" — dizia Goran, cuspindo no chão. As noites eram as mais difíceis. No silêncio do quarto de tábuas soltas onde dormia num cobertor puído, Eliara chorava baixinho, tentando esconder o soluço. Suas costas doíam, os braços ardiam com os vergões e, mais do que tudo, o coração parecia esmagado sob o peso de um futuro sem saída. Ela sonhava. Sonhava com outro lugar, com alguém que a visse, que a valorizasse. Já ouvira falar do temido Reino de Durang — um império imenso, onde os alfas dominavam com poder absoluto. E no trono, o mais temido de todos: Rei Valkar. Alguns diziam que ele era um monstro de guerra, outros que era um deus entre os homens. Nenhum ômega jamais ousaria sonhar em sequer pisar em Durang... mas Eliara sonhava. Não com luxos, mas com liberdade. Com dignidade. Em uma tarde fria, enquanto Eliara varria o chão do barracão onde os animais doentes eram abrigados, ouviu o som de cavalos ao longe. Ela ergueu os olhos para a estrada poeirenta que cortava a vila. O ar estava carregado, como se a própria terra soubesse do que viria. — "Corre, ômega! Vai buscar água ou eu arranco tua pele!" — gritou Kian, jogando um balde na direção dela. Eliara correu, tropeçando na própria saia, o balde arrastando na lama. O poço era longe, e o vento do fim da tarde cortava sua pele fina. Quando voltou, já com os braços tremendo do peso da água, viu o céu escurecendo rápido demais. — "Isso não tá normal..." — murmurou para si mesma, entrando em casa. Então, o inferno chegou. Primeiro foram os sons de cavalos em disparada. Depois, os gritos. A casa tremia com os passos de dezenas — talvez centenas — de soldados. Portas sendo arrombadas, cães latindo, crianças chorando. E então, o estrondo. A porta da casa de Eliara foi arrebentada com um chute. Os irmãos correram, mas mal tiveram tempo de reagir. Homens de armaduras negras, com símbolos dourados de lobo nos ombros, invadiram como soldados cavalgando na tempestade. ... Eram os soldados de Durang. — "Ninguém resiste. Por ordem do Rei Valkar, o Reino de Kishá agora pertence ao Império de Durang!" — gritou um deles, cortando o ar com a espada. Goran tentou reagir. Pegou um velho machado de lenha e atacou o primeiro soldado que viu. Não durou mais que alguns segundos. Uma lâmina atravessou seu peito e ele caiu de joelhos, os olhos arregalados. Lenora gritou, tentou correr até ele, mas foi empurrada contra a parede. Sua cabeça bateu na pedra e o sangue escorreu até seu vestido. Os irmãos de Eliara tentaram lutar, mas também foram derrotados com brutalidade. Alguns foram apenas feridos — propositalmente. Os soldados pareciam separar dos mais fortes, aos mais perigosos... para levar vivos. Eliara ficou escondida sob a mesa, o coração batendo tão alto que parecia que todos o ouviriam. Mas não adiantou. Um soldado a puxou pelos cabelos e a jogou no chão. — "Essa aqui é uma ômega. Fraca, mas jovem." — disse um dos soldados. — "Vai pro grupo de transporte. Se resistir, mata." — respondeu o outro, sem olhar. Com os olhos cheios de lágrimas, Eliara viu pela última vez a vila de Vilela. Casas queimando, vizinhos caídos no chão, crianças sendo arrastadas como mercadoria. Seu mundo se acabava. Na carroça onde foi jogada com outros capturados, Eliara tremia como nunca jamais na vida. Suas mãos estavam sujas de sangue — não dela, mas de sua mãe, quando tentou segurá-la. Os olhos de Goran e Lenora estavam fixos nela, mas imóveis para sempre. Eliara fechou os olhos com força, tentando afastar a imagem. Pensou em Valkar. Não sabia como ele era, mas o nome dele ecoava em sua mente como um trovão. Valkar... O rei alfa. O deus da guerra. O senhor da destruição. Mas... também aquele que levaria ela para longe dali. Aquele que lhe trouxe por mais miserável que fosse, sua liberdade. Para onde, ela não sabia. No horizonte, as torres negras de Durang já se anunciavam. E o destino de Eliara estava prestes a começar.A ala em que Eliara foi colocada parecia um túmulo.As paredes de pedra absorviam o som. Nem os gritos das crianças no pátio distante chegavam até ali. Apenas o bater do vento nas janelas altas e a respiração de uma loba inquieta dentro do peito.O frio era constante. Não o frio do clima — mas o outro, aquele que nasce do abandono.Eliara vestia um manto simples, nada lembrando a concubina que um dia fora desejada, nem a mulher que Valkar beijara com desespero entre os lençóis.Agora, era apenas uma sombra dentro do próprio corpo.As horas passavam devagar. As criadas não falavam com ela, apenas deixavam comida pela metade e saíam em silêncio. Nenhuma notícia de Maekor. Nenhuma palavra de Valkar. Nenhum olhar.Ela havia sido apagada da história.Mas o que a feria de verdade não era o castigo.Era o silêncio dele.Valkar não procurou saber a sua versão. Não a interrogou, não a tocou, não a olhou. Apenas… acreditou. Ou fingiu acreditar. Era mais fácil abraçar a versão que o coroava como
As noites em Durang tornaram-se mais longas.Havia algo estranho no ar — pesado, denso, sufocante. Como se as paredes do castelo sussurrassem mentiras e enredassem quem ousasse respirar fundo. Eliara já não dormia bem. A cada passo nos corredores, sentia o julgamento, o desprezo, a condenação não dita. O palácio que antes conhecia como suas próprias mãos agora parecia um labirinto, cheio de armadilhas — e ela era a presa ferida.Tatya, por sua vez, deslizava entre nobres e conselheiros como uma dama perfeita. Gestos doces, palavras calculadas, e a barriga crescendo como uma coroa viva de legitimidade. Em público, elogiava Eliara com teatralidade:— “Ela cuida tão bem de Maekor… o reino deveria agradecê-la.”Mas, nos bastidores, sua crueldade se refinava.Eliara suportava. Por Maekor, por sua loba, por sua própria honra.Até que um detalhe mudou tudo.Numa tarde fria, enquanto organizava os livros antigos da biblioteca — uma tarefa que lhe fora imposta como forma de “manter-se ocupada”
Eliara costumava caminhar pelos corredores do palácio com a segurança calma de quem conhece cada pedra, cada sombra e cada suspiro daquele lugar. Seus passos eram leves, quase em silêncio, enquanto sua mente estava sempre adiantada, planejando o que fazer para Maekor, para as servas e para si mesma. Ainda que não fosse mais a concubina preferida do rei, nem a mulher com quem ele partilhava olhares e sorrisos, ela tinha seu espaço, por menor que fosse, e nele mantinha sua dignidade intacta.Mas, naquele momento, o palácio parecia um lugar diferente, estranho e hostil.Cada passo de Eliara ecoava em corredores antes silenciosos. As criadas, que antes trocavam olhares cúmplices e segredos, agora se calavam abruptamente quando ela se aproximava. Algumas desviavam os olhos com pressa; outras cochichavam atrás das mãos, olhando para ela com suspeita disfarçada. Os guardas que costumavam abaixar a cabeça em sinal de respeito, agora evitavam o contato visual, como se um olhar fosse admitir qu
O cheiro de jasmim fresco ainda pairava no pátio interno quando Eliara se abaixou para prender a sandália torta de Maekor. O menino riu alto, empolgado, enquanto segurava com força o dedo de Valkar. O rei estava agachado ao lado dela, observando os movimentos do filho com um sorriso raro — aquele que Eliara conhecia bem. Era o sorriso que ele costumava guardar só para ela.Eliara não disse nada, mas por um momento acreditou que, talvez, o rei estivesse voltando a vê-la.Maekor, no entanto, soltou o dedo do pai e correu para pegar uma borboleta entre os arbustos. Eliara e Valkar se entreolharam brevemente.Silêncio.Foi interrompido por passos suaves, quase dançantes, e um cheiro adocicado de flores secas. Tatya entrou no pátio como se fosse a dona dele, vestida em tons claros e com as mãos apoiadas em sua barriga que ainda nem despontava.— “Ali estão vocês!” — disse com a voz carregada de doçura. — “Estava procurando os dois.”Maekor correu em direção a ela, como se fosse um impulso
O Reinado da LobaO luto passou.O silêncio cessou.E pela primeira vez em muitas estações, Durang sorriu.Eliara caminhava pelos jardins do castelo, agora livres das correntes que um dia a prenderam.O povo a chamava de Rainha da Lua Azul.Não por sua origem, mas por ter trazido o equilíbrio.Paz e força. Justiça e instinto.Maekor corria por entre as flores selvagens, sua risada ecoando como música.— Mais rápido, mamã! — gritava ele.E ela corria.Rainha, sim. Mas ainda loba. Ainda mãe.Valkar os observava de cima da sacada, braços cruzados, um sorriso contido nos lábios.Não o sorriso de um rei vitorioso.Mas de um homem que finalmente entendeu que não precisava vencer o mundo inteiro… se tivesse vencido o coração da mulher que corria com seu filho.---.. Uma noite sem sangueNaquela noite, não houve guerra.Nem reuniões com o conselho.Nem planos.Apenas os três: Eliara, Valkar e Maekor sentados diante da lareira.Comendo frutas secas e pão quente.Rindo.Maekor dormiu primeiro,
”Eliara respirava.Na enfermaria real, entre lençóis bordados e ervas queimando em potes de barro, ela vivia.Fraca, pálida, os olhos quase sempre fechados — mas viva.A curandeira disse que fora por pouco. Muito pouco.— Algo a intoxicou por dentro. Misturado ao chá. Um composto sutil… mas mortal se repetido — ela afirmou, temendo até levantar o olhar para Valkar.Ele não respondeu.Ficou ali, parado, observando Eliara. Por horas.Não falou com os nobres. Não viu conselheiros. Apenas vigiou.O palácio inteiro sentiu sua ausência nos corredores. E ao mesmo tempo, sentia sua presença no ar — densa, sufocante, prestes a explodir.---Na segunda noite, Valkar desceu até os fundos da fortaleza.Sozinho.Lá, nos arquivos escondidos, onde registros de espiões e mortes secretas eram guardados, ele encontrou o que procurava: relatórios de criados, registros das rotas de ervas, nomes.Pegou um frasco que havia sido confiscado da cozinha. Abriu. Cheirou.Seus olhos dourados se contraíram.— Ve
Último capítulo