Eliara demorou-se diante do espelho do quarto que agora dividia com seu rei e Alfa. A vela já havia queimado até a metade, espalhando uma luz morna que oscilava nas paredes de pedra. O vestido de cerimônia que antes fora tirado, estava sendo observado, somente naquele momento que o peso da noite anterior que ainda que lhe marcava os ombros lhe parecia real. Ela tocava o próprio reflexo como quem não se reconhece — uma mulher agora casada com o rei que um dia arruinara seu lar.
Respirou fundo, a lembrança do altar ainda era vivida, não podia evitar o sorriso, lembrou-se do olhar firme e apaixonado de Valkar quando a havia tomado como esposa. Ele não parecia hesitar, não parecia duvidar. Já ela, em cada voto repetido, sentia as correntes invisíveis apertando-se ao redor do coração, ela mal podia acreditar.
De escrava a rainha.
A porta rangeu suavemente. Eliara virou-se e o viu: Valkar, ainda com parte da armadura negra, a capa pesada caída sobre um ombro. Ele não retirava a imponê