A noite em Durang era feita de silêncios densos e murmúrios abafados pelas pedras frias dos corredores do castelo. O vento sussurrava entre as frestas das janelas altas como se quisesse contar segredos que ninguém ousava ouvir. Eliara caminhava descalça, como fazia todas as noites depois de fazer Maekor adormecer. Seus pés conheciam cada pedra irregular do chão, cada sombra que se alongava sob as tochas apagadas, e cada centímetro do mundo ao qual fora acorrentada desde que fora comprada.
Ela era apenas a babá. Uma escrava. Um corpo com um nome esquecido por quase todos, exceto pelo príncipe de seis anos que, nos momentos em que o medo noturno o alcançava, segurava sua mão com uma confiança inocente, e chamava por ela em sussurros: "Eliara... fica comigo."
O cheiro de musgo molhado ainda se agarrava às pedras das muralhas do castelo, e o vento da noite soprava gelado pelas janelas altas das torres. Os olhos de Eliara que haviam permanecido fechados, mas a alma velava em vigília. Co