Eliara manteve o rosto impassível no dia seguinte, mas por dentro, estava em ruínas.
O cheiro dela denunciava. A loba queria correr. Uivar. Rasgar algo. Mas ela apenas desceu as escadas do salão principal como se nada tivesse acontecido — o vestido simples, os passos firmes. O que viu na noite anterior… ainda queimava em sua mente.
Ela não chorou. Não dormiu. Só pensava. E revivia.
O rei. Com outra. Com Kora. A forma como ele a tocava... como se não significasse nada.
E isso a dilacerava. Porque não deveria doer. Mas doía.
> “Eu sou uma escrava. Não posso sentir. Não posso querer.”
Maekor correu até ela, alheio à tensão.
— El! Você viu meu desenho? Eu fiz um dragão com duas cabeças!
Ela forçou um sorriso.
— Que cor ele é, pequeno?
— Vermelho. Igual o manto do papai! — disse, orgulhoso, sem perceber que Valkar acabava de entrar no salão.
Eliara sentiu o cheiro dele. Antes mesmo de ouvir os passos. Antes de Maekor sair correndo em sua direção.
> “Não vire. Não olhe.”
Mas ela olhou. E os