O corredor do hospital estava em silêncio, quebrado apenas pelo som monótono das máquinas e dos passos apressados de enfermeiros em plantão. Eu ainda sentia a energia elétrica do embate com Dante, da maneira como ele se impôs diante do meu pai sem me consultar. Aquilo deveria me irritar, me revoltar. E irritava — mas, ao mesmo tempo, havia um peso diferente no ar.
Meu pai dormia outra vez, respiração lenta, agora estável. O médico havia garantido que ele estava fora de perigo imediato. Mesmo assim, eu não conseguia desgrudar a mão da dele. Foi então que percebi o olhar de Dante sobre mim, constante, firme, sem pressa. — Você precisa descansar, Ágatha. — a voz dele cortou o silêncio, grave, sem espaço para contestação. — Estou bem. — menti, apertando os dedos do meu pai. Ele não respondeu de imediato. Caminhou até mim, parando ao meu lado. A proximidade me obrigou a erguer os olhos. Dante inclinou-se,