Duas vidas completamente diferentes vão se unir por um casamento forçado. Ele é um homem importante na cidade, ceo muito conhecido por dinheiro e também por seu aspecto físico. Apolo era um homem muito rico e poderoso, mas se escondia por detrás de uma máscara.
Leer másO cheiro de rosas murchas e de desespero se misturava no ar gélido do casarão. Natali, aos 25 anos, não era dona de sua vida, e nunca havia sido. Seu corpo era magro, quase infantil, e o rosto, coberto por sardas, era o reflexo de uma beleza que a sociedade insistia em não ver. Sua existência era um fardo, uma vergonha para seu pai, Afonso Maia, um homem que a desprezava mais do que a própria dívida que o afogava.
Afonso devia uma fortuna a Apolo Dias, um homem enigmático e cruel, conhecido por sua riqueza imensurável e pela máscara de ferro que cobria metade de seu rosto do lado esquerdo. Diziam as lendas que por trás da máscara se escondia uma deformidade terrível, e era essa a razão pela qual a filha mais nova de Afonso, a bela e mimada Melina, recusou o acordo de casamento que selaria a paz entre os dois. Melina, cega pela vaidade e pelo medo, não suportava a ideia de se unir a um homem que ela julgava ser um monstro e para Afonso, entregar sua filhinha amada, era impossível. Mas ele já tinha a substituta perfeita. No dia do casamento, a cerimônia estava coberta por um silêncio opressor. Natali, com as mãos trêmulas, foi empurrada por Afonso até o altar. Um véu grosso e pesado cobria seu rosto, escondendo a noiva que Apolo acreditava ser Melina. O noivo, parado em frente ao altar, era uma figura imponente, envolta em um terno escuro. Seus olhos, eram como pedras de obsidiana. No momento em que o padre iniciou a cerimônia, Natali sentiu o peso da farsa que estava prestes a se concretizar. O "eu aceito", que saiu de sua boca, foi um sussurro de resignação. O casamento foi selado, e quando Apolo ergueu o véu para beijar a noiva, a máscara de ferro parecia tremer de fúria. Ele não viu Melina, mas sim Natali, a mulher desprezada e agora, em um ato de traição, foi vendida em um casamento forjado. A raiva em seus olhos, ao perceber a farsa, foi a única emoção que Natali viu naquele homem, e ela sabia que a partir daquele momento sua vida seria um inferno. A cerimônia, que deveria ser um momento de união, se transformou em um palco para a farsa. Apolo, com o véu de Natali ainda em sua mão, sentiu o sangue ferver. A promessa de ter a bela Melina, a única herdeira da família de Afonso, desmoronou diante dele. A raiva que o dominou foi além de qualquer cálculo. Aquele não era apenas um golpe de traição, era um insulto. Ele, Apolo Dias, o homem que possuía tudo, foi enganado por um verme endividado. Afonso, que se escondeu atrás de uma coluna, tremia. Ele sabia que o que fez era imperdoável, mas a promessa de liberdade e riqueza era mais forte do que a ameaça de morte. Ele assistiu à expressão de ódio no rosto de Apolo. Natali, de joelhos, sentiu o ar se tornar rarefeito. Ela era o objeto da raiva de Apolo. -- Ele... ele... me obrigou, senhor Dias, ela sussurrou. A voz dela era um lamento, uma súplica. Mas para Apolo, o som era o mesmo de um sussurro de um rato. Apolo, com o maxilar travado, olhou para Natali com os olhos que pareciam chamas. -- Você é a prova da desonra do seu pai, a prova da minha vergonha. A partir de agora, você viverá o que ele deveria viver. Você será a minha escrava, e a sua vida será tão miserável quanto a alma de Afonso. Ele se virou e, sem olhar para trás, ordenou aos seus seguranças que levassem a garota. A voz dele ecoou pela igreja vazia, fria e cruel. Natali, com lágrimas nos olhos, foi arrastada para fora da igreja e colocada em uma limusine escura. O padre, com as mãos unidas em oração, observava a cena, e sabia que o destino daquela jovem estava selado. Sua vida, que já não valia nada, agora era uma moeda de troca na guerra de um homem poderoso e amargurado. O ar dentro da limusine era pesado, denso com a raiva silenciosa de Apolo. Ele se sentou no lado oposto de Nataly, a máscara de ferro refletindo o brilho pálido das luzes da cidade. Natali, encolhida no canto, mal ousava respirar. O silêncio era tão opressor que ela desejava as palavras cruéis dele. Finalmente, Apolo quebrou o silêncio, sua voz um rosnado baixo e perigoso. -- Achei que meu acordo com seu pai era claro. Eu queria Melina. E o que me deram? Você. Uma aberração. Uma filha bastarda. Natali engoliu em seco, as lágrimas escorrendo por seu rosto. -- Eu... eu não sou uma aberração. Eu não queria isso. Apolo soltou uma risada seca e sem humor. - Ah, não queria? Mas aqui está você. E como acha que eu me sinto? Fui humilhado. Meu nome, que é mais valioso do que a sua vida inteira, foi manchado. E a culpa é sua. -- Não! A culpa é do meu pai! Ela gritou, sua voz embargada. -- Ele me odeia. Ele nunca me quis. Ele me usou para se livrar das dívidas. Eu... eu sou só a filha que ele nunca amou. Apolo a encarou com olhos frios e duros. - E você acha que eu ligo? Para mim, você é apenas o reflexo do seu pai. Uma mercadoria danificada que ele tentou me vender. Mas eu não sou um tolo. E agora, você vai pagar pelo erro dele. Ele se inclinou para perto dela, a máscara de ferro a poucos centímetros de seu rosto. -- Você será minha propriedade. Minha. E a sua existência miserável vai me servir de lembrança constante da traição de seu pai. Mas é claro, vou fazê-lo pagar por ter me enganado. Ele e sua irmã Melina. Natali tremeu, aterrorizada, sentindo o hálito frio do homem. A promessa de uma vida de servidão e desespero era mais que ela poderia suportar. Ela era a sombra da filha que Apolo queria, e agora, ela seria a sombra de seu arrependimento.Natali permaneceu ajoelhada por um longo momento, o cheiro de terra e grama amassada em suas narinas, a sentença de Apolo ecoando em sua cabeça. Dormir no jardim. A solidão, o frio, a exposição... mas também a vida sob suas mãos. Ela estava exausta, mas a pequena vitória de ter desafiado a ordem de destruição, de ter salvo as rosas, lhe dava uma força inesperada.Enquanto Natali se arrastava para um canto protegido por um arbusto mais denso, esperando o sol se pôr, ela viu Lucinha sair apressadamente da mansão, com um embrulho nas mãos. A governanta parecia ansiosa.Lucinha caminhou rapidamente em direção ao jardim, mas foi barrada por dois seguranças.— Apolo proibiu de qualquer pessoa entrar em contato com a garota, Lucinha — disse um dos seguranças, um homem grande e impassível. — Ordens do patrão. Ela deve permanecer sozinha e incomunicável.— Mas ela passará a noite aqui? — a voz de Lucinha estava embargada de indignação. — Está frio! Ela não tem cobertores, nem comida...— O Sr.
Apolo entrou no salão, a luz fraca da tarde destacando o brilho frio da máscara de ferro. Ele inspecionou o trabalho, o olhar de desprezo fixo em Natali.-- O que você estava fazendo perto da janela? ele perguntou, a voz baixa e ameaçadora. -- Achei que tivesse dado ordens para limpar, não para ficar olhando para o céu.-- Eu... eu estava tentando abrir a janela para arejar o salão, Senhor, ela gaguejou, o cheiro de mofo e o medo se misturando em sua boca.Apolo se aproximou, o hálito de tabaco atingindo seu rosto.-- Você não está aqui para pensar, garota. Está aqui para obedecer. A luz é desnecessária. A escuridão combina melhor com este lugar e com a minha memória.Ele virou-se para sair, mas parou. -- Amanhã, você vai começar a limpar o jardim da frente. É um labirinto de ervas daninhas. Quero que ele seja arrancado até o chão. Nenhum vestígio de vida.-- Mas, Senhor, Natali ousou protestar, a imagem das rosas brancas do diário piscando em sua mente. -- Os jardineiros podem fazer
O quarto de Apolo era um santuário de luxo sombrio e opulência. Móveis antigos, madeiras escuras, e uma cama gigantesca que parecia um trono. Natali sentiu-se ainda menor ali.Ela começou a limpar, movendo-se com a lentidão de quem tem medo de pisar no chão. O cheiro de tabaco e carvalho, forte e masculino, pairava no ar. A cada objeto tocado, ela sentia a presença fria e cruel do seu marido.No meio da limpeza, seu olhar caiu sobre uma pequena moldura de prata na mesa de cabeceira. Era a foto de uma mulher. Uma mulher jovem, linda, de cabelos escuros e olhos vibrantes. Ela sorria com uma alegria genuína.Natali, movida por uma curiosidade incontrolável e um instante de alívio por encontrar algo que não fosse pura escuridão, estendeu a mão para tocar o retrato. Talvez houvesse um pedaço de humanidade guardado naquele homem.Nesse exato momento, a porta se abriu com um estrondo. Apolo estava parado ali, envolto em um roupão de seda escura, a máscara de ferro cintilando sob a luz fraca
A limusine parou em frente a uma mansão imponente, construída com pedras escuras que pareciam absorver a luz da noite. Apolo desceu sem sequer olhar para trás. Natali, trêmula, foi puxada para fora por um dos seguranças. Ela se sentia como um cordeiro sendo levado para o matadouro.Eles a levaram para dentro da casa, um labirinto de corredores e salões grandiosos. O mármore no chão era polido como um espelho e os lustres, cravejados de cristais, ofuscavam a visão de Natali. Ela sabia que aquele era o seu novo inferno, o lugar onde pagaria pelos pecados do pai.Apolo estava sentado em uma poltrona de couro em seu escritório. O ambiente, pesado e sombrio, era um reflexo de sua alma. Ele ordenou aos seguranças: -- Leve-a para o quarto dos fundos. Onde os objetos que não têm valor são guardados. A voz dele era fria, sem emoção, como se estivesse dando ordens para mover um móvel.Natali foi arrastada para um quarto pequeno, com paredes descascadas e um colchão velho no chão. A janela, cob
O cheiro de rosas murchas e de desespero se misturava no ar gélido do casarão. Natali, aos 25 anos, não era dona de sua vida, e nunca havia sido. Seu corpo era magro, quase infantil, e o rosto, coberto por sardas, era o reflexo de uma beleza que a sociedade insistia em não ver. Sua existência era um fardo, uma vergonha para seu pai, Afonso Maia, um homem que a desprezava mais do que a própria dívida que o afogava.Afonso devia uma fortuna a Apolo Dias, um homem enigmático e cruel, conhecido por sua riqueza imensurável e pela máscara de ferro que cobria metade de seu rosto do lado esquerdo. Diziam as lendas que por trás da máscara se escondia uma deformidade terrível, e era essa a razão pela qual a filha mais nova de Afonso, a bela e mimada Melina, recusou o acordo de casamento que selaria a paz entre os dois. Melina, cega pela vaidade e pelo medo, não suportava a ideia de se unir a um homem que ela julgava ser um monstro e para Afonso, entregar sua filhinha amada, era impossível. Mas
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