O silêncio do quarto do hospital voltou a pesar depois que meu pai fechou os olhos. Só restava o som ritmado das máquinas, um bip constante que parecia se infiltrar na minha pele, lembrando a cada segundo o quão frágil era a vida — e o quanto eu não podia controlá-la.
Meus dedos ainda seguravam a mão dele, mais fria do que eu gostaria, mais frágil do que eu estava preparada para encarar. A mesma mão que, quando eu era criança, me guiava com firmeza pelas ruas, que me segurava quando eu subia demais nos muros, que me puxava pela orelha quando eu desafiava seus limites. Agora, aquela mão parecia pertencer a outro homem: um Emiliano cansado, doente, que já não era o gigante que sempre me intimidou. E ali estava Dante. Encostado à porta, os braços cruzados, como se fosse dono do espaço. Não havia nada de paciente naquela postura — ele parecia se misturar ao ambiente com um tipo de autoridade silenciosa que me irritava profundamente. Ele não tinha