135. A cena montada
Eu não sei exatamente em que momento percebi que Matteo não estava dirigindo na direção da mansão.
Acho que foi quando ele entrou numa avenida que eu sabia que não levava a lugar nenhum que Dante chamaria de “encontro”.
— Matteo… isso não é o caminho para a mansão. — Minha voz saiu baixa, mas firme.
Ele não respondeu.
Apenas manteve as mãos no volante, rígidas, quase brancas na curva dos dedos.
— Você disse que eu precisava ver alguma coisa.
— Precisa — ele confirmou, ainda encarando a estrada. — Antes das nove.
Um arrepio atravessou minhas costas.
— Ver o quê?
Ele demorou mais do que o necessário para responder.
— A verdade.
Quase ri.
Uma risada seca, amarga.
— Desde quando você é o guardião da verdade, Matteo?
Ele respirou fundo — aquele tipo de respiração que tenta esconder tensão, mas falha miseravelmente.
Não insisti.
Porque, lá no fundo, alguma coisa me dizia que ele não responderia.
E pior: que talvez eu nem quisesse ouvir a resposta.
O carro atravessou ruas que eu não reconhec