O amanhecer chegou sem barulho, mas dentro do apartamento novo tudo parecia ecoar. Vivian abriu os olhos com a lembrança quente do peito de Eduardo sob a cabeça. O quarto tinha a mesma frieza da madrugada, mas o corpo guardava um lugar de descanso que não era o colchão. Ela se sentou devagar, procurando os lápis de Mariana sobre a mesinha como quem precisa tocar um talismã antes de encarar o dia.
Na cozinha, Aline e Eduardo falavam baixo. A agente bebia café preto, postura ereta; ele, de camisa e mangas dobradas, tentava parecer juiz outra vez. Tentava. Quando Vivian apareceu na porta, os olhos dele a encontraram primeiro — e o instante foi suficiente para redesenhar a sala.
— Dormiu? — perguntou Aline, sem rodeios.
— Um pouco — respondeu Vivian.
Eduardo tirou uma caneca do armário e serviu-lhe café. Não tocou na mão dela, mas o cuidado do gesto era íntimo como um abraço. Aline observou sem comentar. Terminou o café, pousou a caneca e foi direta:
— Precisamos alinhar, agora. — Colocou