O silêncio tinha gosto de porcelana fina. A mesa, comprida demais para quatro pessoas, refletia o lustre como um lago polido; o café fumegava sem coragem, e os talheres, alinhados por ordem de importância, pareciam prontos para um julgamento. Vivian ocupava a ponta oposta à mãe de Eduardo, como uma convidada que conhece o mapa da casa, mas não as regras do jogo. A toalha de linho roçava levemente seus dedos; ela os manteve imóveis, como se qualquer gesto pudesse soar barulhento demais ali.
— Trouxe geleia de figo — disse dona Teresa, a voz lisa. — Caseira. Combina com pães mais claros.
— Obrigado, mãe — respondeu Eduardo, ajeitando a xícara. — Vivian gosta de café forte.
Um quase-sorriso cortou o rosto da matriarca, como uma dobra calculada.
— O paladar se educa, com o tempo — comentou, e mexeu o açúcar sem provar.
O pai dele, seu Álvaro, consultou o relógio de pulso com um tique antigo, herdado de outros relógios.
— Hoje é dia de sessão longa? — perguntou, não olhando para Vi