A madrugada parecia cúmplice do medo. Vivian mal teve tempo de arrumar as coisas quando Aline entrou no quarto com a ordem curta: “Mudança de toca, agora.” Não havia espaço para perguntas. Em minutos, duas malas improvisadas estavam prontas, o casaco lançado sobre os ombros e o capuz puxado para cobrir os cabelos ruivos. Do lado de fora, dois carros pretos sem identificação esperavam com os motores ligados.
O trajeto até o novo endereço foi feito em silêncio. Vivian observava a cidade pela janela, cada esquina parecendo esconder alguém. A cada curva, lembrava-se da invasão de César. Ainda podia sentir o perfume doce dele impregnado no ar da casa anterior. Não importava a distância, era como se tivesse ficado preso na pele.
Quando chegaram ao novo local, um apartamento discreto em um bairro residencial, Aline deu instruções com voz de aço. — Aqui, ninguém entra sem senha e contrassenha. Se alguém hesitar, atirem primeiro. — As palavras ecoaram pela sala quase vazia, mais fortes do que