O almoço começou tímido, como quem aprende de novo a dizer bom dia. Tia Marlene chegou com uma torta de frango ainda quente, o avental dobrado na bolsa e aquele jeito prático de quem resolve o mundo com prato cheio e abraço firme. Mariana veio logo atrás, de touca colorida, os olhos acesos. Vivian apareceu na porta com o corte recém-curto, o sorriso quase menino, e a casa engoliu o silêncio constrangido com cheiros de alho e pão passado na manteiga.
— Está linda — disse Marlene, demorando um segundo a mais no rosto da sobrinha. Não era só comentário; era perdão embrulhado em elogio. — Esse cabelo… ficou você.
— Fiquei — respondeu Vivian, sentindo o peito aquecer. — Eu fiquei.
Eduardo ajudou a pôr a mesa, ajeitou copos, somou guardanapos. Mariana encostou no balcão, rindo de algo que só ela sabia, e puxou de dentro da mochila um desenho: quatro bonequinhos de mãos dadas, dois cabelos ruivos, um coração no meio.
— É a gente — disse, orgulhosa.
— É a gente — confirmou Vivian, com a voz m