A noite caiu sobre Sant’Ana do Vale como uma coberta fina. A cidadezinha foi apagando as luzes aos poucos, enquanto três mulheres esperavam no ponto de ônibus da avenida principal: Camila, montada como se fosse para uma estreia; Ciça, discreta, com um casaco surrado; e Vivian, de jeans escuro, cabelo preso, uma maquiagem mínima que disfarçava o cansaço. O destino era Curitiba. Não para ficar — ainda não —, mas para ver.— Última chance de desistir — avisou Ciça, meio rindo, meio rezando.Vivian respirou fundo. — Eu não tô dizendo sim. Eu só… preciso entender o que tão me oferecendo.Camila sorriu, vitoriosa. — Entender é o primeiro passo para escolher direito.O ônibus chegou com um suspiro de ar comprimido. Dentro, o frio do ar-condicionado mordeu os braços de Vivian, que abraçou a própria mochila. A estrada abriu-se em fita escura, sem neblina daquela vez. O balanço suave embalou pensamentos que ela não queria nutrir: frascos de remédio, boletos, a voz do médico dizendo “vale cada c
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