A manhã tinha o gosto leve de pão com manteiga e um silêncio bom — desses que não cobram explicações. Vivian abriu o caderno lilás sobre a mesa e rabiscou três palavras: “Respirar, recomeçar, seguir”. Antes de fechar a tampa, o celular vibrou. Ciça.
— Vivi? — a voz de sempre, mas mais sólida. — Tô bem. Em São Paulo, trabalhando numa clínica pequena. Não é glamour, é paz.
Vivian riu com os olhos.
— Você sumiu do mapa.
— Me desencontrei de mim um pouco… agora tô voltando. Ah, Angelina casou com um cliente antigo — boa gente, vida ajeitada. E a Dora… acredita? Pegou o “príncipe pobre” pela mão e foi pra Portugal.
— E a Camila? — a pergunta saiu mansa e doeu mesmo assim.
O silêncio do outro lado foi um suspiro.
— Descanso — disse Ciça, como quem acende uma vela. — Que a memória dela encontre um lugar bonito.
Vivian assentiu em silêncio, e os dois lados da linha entenderam.
Quando desligou, Eduardo apareceu no batente, gravata solta, camisa com o último botão vencido de cansa