Há dez anos ele a contratou para gerar seu herdeiro. Apenas um acordo frio... e noites quentes que marcaram os dois mais do que deveriam. Ela entregou o bebê, desapareceu no mundo. Agora, Dayse retorna como CEO de um império construído em silêncio, com três filhos escondidos... todos filhos do mesmo homem que um dia acreditou tê-la esquecido. Enzo Bellutti não reconhece a mulher que invade seus negócios e seus pensamentos. Mas há algo nela — no modo como ela o olha, no calor da sua pele — que desperta um desejo familiar, quase instintivo. Algo que seu corpo lembra... mesmo que sua mente negue. Dayse voltou para resgatar o filho que entregou… e destruir a família que a aprisionou. Ele, sem saber, se apaixona pela mulher que um dia teve — e perdeu. Mas será que o amor pode nascer onde só deveria haver ódio? "Ele esqueceu do rosto dela... não da sua pele: um romance arrebatador sobre amor, segundas chances e uma mulher que não aceitará menos do que aquilo que merece."
Leer más“Assine.”
O advogado empurrou o contrato como quem passa uma fatura.
Se assinasse aquele papel, não haveria volta.
Suas mãos estavam trêmulas, cada movimento parecia carregado de significado e desespero...
Pela primeira vez, seus dedos tocaram a caneta. Sentiu o peso inesperado do objeto, como se carregasse mais do que tinta e metal — como se fosse um julgamento, uma sentença, um ponto de não retorno.
Depois, sem pressa, sem hesitação, colocou-a de volta sobre a mesa.
O papel poderia esperar.
Dayse ergueu os olhos e encarou o homem.
— Está faltando uma cláusula — disse, com voz firme.
— Quero que conste que nenhuma decisão médica será tomada sem meu consentimento.
O silêncio foi gélido. O advogado hesitou.
— Isso não é usual…
— Mas vai ter que ser. Ou terão que achar outro útero.
O advogado deu um suspiro e saiu por um momento para incluir a cláusula que ela pediu.
Ao seu lado, os pais adotivos, Edmund e Vivian Antonelli, mantinham-se imóveis, observando tudo com a indiferença calculada de quem assiste a mais uma transação empresarial.
A mãe evitava seu olhar — preferiu refugiar-se na tela do celular, como se houvesse algo ali infinitamente mais relevante do que a filha que um dia escolheu acolher.
Edmund, por sua vez, lançava olhares impacientes ao relógio, como quem conta os segundos para que aquilo termine logo.
Dayse sabia que, para eles, esse contrato significava livrar-se de um fardo.
Para ela, era a condenação a uma vida incerta ao lado de um homem que sequer conhecia.
Edmund a olhou com fúria contida.
— Que palhaçada é essa?
Dayse não recuou.
— Pare com isso Dayse, estamos com pressa — disse Edmund, com a voz ríspida e impaciente. — Assine logo e poupe-nos de mais drama.
O "drama" era a vida dela sendo vendida. Dayse olhou para o contrato com os olhos marejados. Palavras curtas. Frases diretas. Sem sentimentalismo.
“A noiva compromete-se a residir na propriedade da família Bellucci, pelo período de um ano, tempo necessário para a concepção e a gestação de um herdeiro.”
“Após o nascimento da criança, a noiva deixará a propriedade e não terá direito a nenhum vínculo com o bebê.”
Ela engoliu em seco,
Dezoito anos. Nenhuma escolha. Nenhum afeto verdadeiro. Apenas uma promessa repetida em silêncio dentro dela desde a adolescência: um dia, eu vou sair dessa casa. Um dia, eu vou ser dona de mim...
Mas hoje não era esse dia.
— Assine logo — murmurou a secretária da família Bellucci, Luna Vasquez, elegante e precisa como uma lâmina afiada.
— O Sr. Bellucci já havia assinado anteriormente. Estávamos aguardando apenas você. Agora teremos que incomodá-lo novamente por causa dessa cláusula ridícula.
O nome dele fez o coração de Dayse acelerar.
Enzo Bellucci. Um nome que já era um peso antes mesmo de se tornar realidade. O homem a quem deveria se unir, a quem deveria entregar um filho. Um rosto que nunca viu, uma presença ausente, mas paradoxalmente opressora.
Ele não veio. Não precisou vir. Seu nome já havia sido suficiente para traçar os contornos da sua influência sobre ela. Ele enviou o contrato e, com isso, selou o que esperava dela: obediência.
A caneta tremia entre os dedos.
— Por que ele não veio? — perguntou, num sussurro que quase não chegou à superfície.
— Ele não precisa estar aqui — respondeu Luna, com um sorriso gelado. — Afinal, já está tudo acordado. E... pago.
A palavra cortou mais fundo que qualquer outra.
Pago.
Ela não era uma noiva. Era uma transação. Um ventre alugado.
Dayse olhou para a porta por um segundo. Ela podia se levantar. Podia correr. Podia fugir daquele lugar, daquela vida, daquele nome.
Mas correria para onde?
Voltou o olhar para o papel. A tinta já começava a borrar de tanto que seus olhos ardiam.
Segurou a respiração. Apertou os dentes. E, com a mão trêmula, assinou.
O som da caneta deslizando sobre o papel foi surpreendentemente suave, irônico na suavidade com que selava um destino tão brutal.
Era um gesto simples que carregava o peso de algo muito maior — uma entrega à incerteza, um passo em direção ao desconhecido, um pacto silencioso com as consequências que ainda viriam.
Luna recolheu o contrato sem cerimônia e o colocou na pasta de couro.
— Um carro estará na porta da sua casa às dezenove horas. Vista-se conforme as instruções no envelope — disse ela, entregando um envelope selado.
— O Sr. Bellucci espera você esta noite na propriedade. O quarto já está preparado.
Dayse não respondeu. Estava vazia por dentro.
Ela se levantou devagar, os joelhos quase falhando. O mundo parecia um pouco mais cinza. Mais opressor.
Antes de sair da sala, ainda ouviu a voz de Edmund, baixa e cortante:
— Não me envergonhe, Dayse. Esse é o seu papel. Faça valer o que custou.
Ela não olhou para trás. Não precisava. Já tinha decorado o desprezo no rosto dele.
Lá fora, o vento frio bateu contra sua pele como um tapa. O céu estava nublado, o fim da tarde parecia pesar sobre seus ombros como se o mundo inteiro estivesse de luto.
Ela atravessou a calçada sozinha. Sem vestido de noiva. Sem buquê. Sem sorrisos. Com um contrato na bolsa e um nó apertado na garganta.
“Ela assinou. E naquele instante, mais do que esposa, tornou-se prisioneira.”
A noite caiu antes do esperado, como se o céu da mansão tivesse se cansado e decidido se fechar em tons desbotados.Lá fora, as nuvens carregavam o mesmo peso que apertava o peito de Dayse — uma sombra silenciosa que parecia se infiltrar pelas paredes frias e corredores vazios.Um arrepio percorreu sua espinha enquanto seus olhos se perdiam naquele céu sem cor.Os passos apressados dos criados ecoavam como um aviso mudo.Ela não precisava de palavras para saber: Enzo estava de volta.A porta se abriu e Luna entrou, com a naturalidade de quem se sente dona do espaço.— O senhor Bellucci quer vê-la agora — anunciou, sem rodeios.Dayse levantou-se devagar, respirando fundo antes de seguir Luna.Seus passos eram cautelosos, mas firmes, como se avançasse rumo ao incerto, sem saber o que esperar.Foi levada ao mesmo quarto do mês anterior, onde tudo parecia intocado pelo tempo, como se nada houvesse mudado desde sua última visita.Enzo estava em pé junto à janela, segurando uma taça de vinh
Os dias passaram, e com eles a pressão sobre Dayse só aumentou. Porém, lá no fundo, ainda permanecia nela uma pequena faísca de esperança. Era um desejo silencioso, mas forte, de escapar daquela rotina imposta. Exames constantes, dietas severas, uma vigilância obsessiva de cada detalhe — do sono à pressão arterial, da digestão ao humor. Até mesmo como ela se sentia era registrado, como se fosse apenas mais um dado na lista. — Você parece mais apática hoje — comentou a enfermeira, anotando algo na prancheta sem nem ao menos parar pra olhar pra ela. Dayse quase sorriu. Como se houvesse espaço para emoções ali. Mas não havia. Não naquele lugar. E, principalmente, não para ela. Na tarde do décimo quinto dia, Dayse finalmente conseguiu um momento de liberdade da vigilância — mesmo que fosse por poucos minutos. O jardim era seu único refúgio na mansão — o único lugar em que podia sentir que o mundo lá fora ainda parecia existir. A brisa fresca contrastava com o céu nublado, carre
Alguns dias após “o cumprimento do contrato”, o calor sufocante parecia impregnar o ar da mansão, tornando-o pesado, quase palpável, como se carregasse uma tensão silenciosa e invisível.Deitada na maca do consultório improvisado, Dayse fixava o olhar nas luzes frias do teto. Seus olhos, vazios, vagavam sem foco, enquanto a claridade branca se espalhava pela sala, indiferente, impessoal, incapaz de refletir ou acolher o peso esmagador daquele instante.Diante dela, dois médicos analisavam gráficos e números no tablet. Seus rostos não revelavam dúvidas, apenas uma concentração meticulosa, pontuada por um leve traço de satisfação.Ela estava ali, mas era como se não estivesse. Como se fosse apenas um útero funcional, e não uma mulher carregando o peso de escolhas que nunca foram realmente suas. Não era vista como uma mulher, mas como um receptáculo, um útero funcional carregando o fardo de decisões que, no fundo, nunca foram realmente suas.— Os níveis hormonais estão excelentes — comen
Um nó se formou em sua garganta, mas ela se recusou a ceder. Manteve-se firme, a determinação queimando silenciosamente por dentro. Precisava ser forte, mesmo que tudo em seu corpo gritasse para fugir, para escapar daquela prisão invisível que a aprisionava.Os olhos de Enzo deslizaram pelo corpo de Dayse, carregados de uma frieza que parecia cortar o ar entre eles. Ela desviou o olhar, virando a cabeça com um movimento hesitante, enquanto mordia o lábio inferior, tentando conter a tempestade de inseguranças que rugia em sua mente.Cada pensamento parecia ecoar mais alto, mais cruel. Então, os dedos dele tocaram seus ombros, firmes, mas com uma suavidade que parecia contradizer a intensidade daquele momento. O toque desceu lentamente, como se desenhasse um mapa invisível em sua pele, despertando sensações que ela não sabia que estavam ali.Quando as mãos dele chegaram ao ventre, um arrepio profundo a atravessou, espalhando-se como um fogo gelado que queimava e congelava ao mesmo tempo
Enzo permanecia imóvel junto à janela, o olhar perdido em algum ponto além do vidro.A luz tímida do abajur projetava sombras inquietas que pareciam ganhar vida, deslizando e se contorcendo sobre seu rosto. Era como se aquelas formas etéreas traduzissem, em sua dança silenciosa, o turbilhão de emoções que ele mantinha trancado dentro de si, preenchendo o quarto com uma tensão quase palpável.A camisa preta, desabotoada, caía suavemente sobre o peito, revelando a firmeza esculpida de sua pele clara, que parecia quase brilhar sob a luz.Cada detalhe parecia cuidadosamente moldado, uma obra de arte viva. A boxer, ajustada com uma elegância despretensiosa, traçava as linhas de sua masculinidade com uma sobriedade que não precisava de adornos para impressionar, como se a simplicidade fosse, por si só, uma declaração de força e confiança.Ele não se moveu de imediato quando ela entrou. Permaneceu imóvel, os olhos fixos nela, carregando uma expressão que oscilava entre o vazio e a indiferenç
O sol começava a emergir no horizonte, tingindo o céu com tons pálidos de luz, indiferente ao que se desenrolava dentro da mansão. A porta do quarto de Dayse se abriu sem aviso, sem hesitação. Luna entrou como sempre — silenciosa, precisa, sem oferecer espaço para distrações. Dayse já estava acordada. Já sabia. Desde a noite anterior, quando Luna lhe dissera que aquele seria o dia, seu corpo e sua mente tinham entrado em um estado de alerta silencioso. — Você será preparada amanhã. — A voz de Luna era fria, desprovida de qualquer nuance que sugerisse dúvida. — Segundo o médico, este é o momento ideal para a concepção. Nenhum espaço para questionamentos. Era um fato, não uma discussão. O contrato, que até então parecia uma sombra distante, agora se materializava diante dela com uma força crua e inegável. A realidade não era mais abstrata — era concreta, física, um peso que se instalava em seu peito e pressionava seus pulmões. Mas, entre o medo e a resignação, havia algo mais. Fo
Último capítulo