“Recomeço não apaga cicatriz. Só muda o lado da janela.” — (Anotação de R.)
A luz da manhã em Split escorre pela pedra clara como se tivesse sido polida para este dia.
O vento vem salgado do Adriático e mexe de leve nas fitas presas ao corrimão do terraço onde vai acontecer a cerimônia.
Não há arco de flores gigantes, nem palco, nem holofotes. Só cadeiras brancas, uma mesa simples de madeira com um vaso de jasmim, e nós — mais inteiros do que já fomos.
“É aqui,” digo em voz baixa, e Matheo sorri daquele jeito que parece costurar o mundo no lugar.
Pequeno salto no tempo e na respiração: chegamos cedo, sem alarde; os amigos chegam aos poucos, rindo com cuidado, como quem entra numa igreja de mar.
Dayse me abraça primeiro — apertado, verdadeiro — ela puxa as trigêmeas, já com aquele brilho danado de gente que ocupa o espaço sem pedir licença.
Os quadrigêmeos correm em volta da mesa do jasmim, e em cada passo eu reconheço ecos de um ontem que, por milagre, não me fere mais.
Enzo está por