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Capítulo 10 ― A Preparação do Corpo

O sol começava a emergir no horizonte, tingindo o céu com tons pálidos de luz, indiferente ao que se desenrolava dentro da mansão. A porta do quarto de Dayse se abriu sem aviso, sem hesitação. Luna entrou como sempre — silenciosa, precisa, sem oferecer espaço para distrações. 

Dayse já estava acordada. Já sabia. Desde a noite anterior, quando Luna lhe dissera que aquele seria o dia, seu corpo e sua mente tinham entrado em um estado de alerta silencioso. 

— Você será preparada amanhã. — A voz de Luna era fria, desprovida de qualquer nuance que sugerisse dúvida. — Segundo o médico, este é o momento ideal para a concepção. 

Nenhum espaço para questionamentos. 

Era um fato, não uma discussão. 

O contrato, que até então parecia uma sombra distante, agora se materializava diante dela com uma força crua e inegável. A realidade não era mais abstrata — era concreta, física, um peso que se instalava em seu peito e pressionava seus pulmões. 

Mas, entre o medo e a resignação, havia algo mais. 

Força. 

Uma força interna que não vinha da aceitação, mas da necessidade de permanecer de pé. Seu corpo estava firme, sua mente treinada para o controle, buscando refúgio nas lembranças que lhe davam segurança. 

Lá fora, o mundo seguia como se nada estivesse acontecendo. 

— O banho já está preparado. — Luna anunciou com a formalidade de quem apenas cumpre uma rotina. — Você precisa estar pronta até as dezenove horas. O senhor Bellucci chegará pouco antes disso. 

Dayse não questionou. Não tremulou. Concordou com um gesto mínimo, sua expressão mantida intacta. Sua respiração era medida, consciente. Cada inspiração uma tentativa de manter o equilíbrio, de não sucumbir ao que estava por vir. 

Foi levada ao banheiro da área íntima. Lá, duas funcionárias a esperavam. Elas não falaram. Não precisavam. 

Os gestos eram precisos, hábeis, como se aquele processo já houvesse sido realizado dezenas de vezes, sem espaço para erro. 

Óleos perfumados deslizaram pela pele, e a água morna escorreu em um fluxo constante, limpando, preparando — mas não apenas fisicamente. 

Dayse sabia que aquilo não era apenas um banho. Era um ritual. 

Uma transição entre um estado e outro. 

Mas, apesar de tudo, aceitou. Não porque queria, mas porque precisava. 

Quando se viu envolta em toalhas limpas, sentiu-se… pronta. 

Não pelo que aconteceria. 

Mas pelo que sobreviveria. 

Na cama, repousava um vestido leve de seda branca — delicado, transparente, carregado de significado. 

Dayse o observou por um longo momento. 

Aquilo não era uma escolha. 

Era uma imposição, uma lembrança silenciosa do papel que esperavam que ela desempenhasse. 

"Essas roupas, esse perfume, essa cena não me pertencem." 

Mas ela sabia que fugir não era uma opção. 

O contrato a prendia, e ela não subestimava o poder da família Bellucci. 

Respirou fundo, seus olhos deslizando para o espelho. 

Ali, refletia uma mulher que conhecia a própria identidade — mesmo que esperassem algo diferente dela. 

A noite começava a cair, e a mansão parecia aguardar o inevitável. 

Com determinação, afastou o vestido branco e escolheu outro entre os que tinha à disposição. 

Sem pressa. Sem hesitação. 

Cada movimento demonstrava sua força interior. 

O vestido de seda escura que escolheu não era chamativo, nem suave. 

Era sóbrio. 

Elegante. 

Controlado. 

Exatamente como ela. 

Para quem olhasse de fora, era apenas um detalhe. Uma escolha trivial. 

Mas para Dayse, era um lembrete claro: mesmo dentro das regras impostas, ainda lhe restava uma decisão. 

E isso ninguém poderia tirar dela. 

Enquanto se preparava, suas mãos estavam firmes. 

Sem medo. 

Apenas carregadas pelo peso das expectativas que ela encarava com coragem. 

Gerar um filho que nunca poderia chamar de seu—essa era a realidade que a esperava. 

Mas ela estava pronta.

Seus dedos ajustavam o vestido com precisão, cada botão um passo para frente, cada fecho uma barreira entre passado e futuro. 

No espelho, via a mulher que crescera rápido demais. 

Que havia sido moldada pela dor, mas que agora segurava o controle da própria vida. 

Seus olhos cor de mel com um toque de verde — profundos, expressivos — não carregavam submissão. 

Carregavam determinação. 

Dayse murmurou para si mesma, a voz baixa, mas firme: 

— Você consegue. 

A lembrança dos pais adotivos ainda a assombrava. 

Suas vozes frias, calculistas, ecoando como lâminas: 

"Você vai se casar com o herdeiro dos Bellucci. É hora de retribuir o que investimos em você."

Mas Dayse não se deixaria dominar nunca mais. 

Agora, era a vez da família Bellucci tentar controlar. 

Seus olhares pesavam sobre ela — posse, autoridade, um desejo silencioso de que ela simplesmente cumprisse seu papel. 

Como uma marionete. 

Mas ela não era uma marionete. 

O dia passou em silêncio. 

Dayse permaneceu em seu quarto, concentrada, imóvel. 

O jantar foi deixado ao lado da janela, sem uma única palavra. 

Quando a noite finalmente chegou, passos firmes ecoaram pelo corredor. 

Ela não precisou olhar. 

Sabia que o momento havia chegado. 

A porta se abriu. 

Luna entrou. 

Dayse caminhou até o quarto de hóspedes — um espaço neutro, um cenário desenhado para o acordo. 

Não era seu quarto. 

Nem o dele. 

Era uma zona de transição, onde nada pertencia verdadeiramente a ninguém. 

Parou diante da porta, sentindo o peso do instante. 

Seu coração batia forte. 

Não por medo. 

Mas pela determinação de enfrentar o que viesse. 

"É agora ou nunca."

A maçaneta fria sob seus dedos era apenas um limite simbólico — uma passagem para o próximo capítulo de sua vida. 

Respirou fundo. 

Sentiu o ar frio expandindo seus pulmões. 

Então, empurrou a porta. 

Pronta. 

Não para aceitar. 

Mas para sobreviver.

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