“Justiça não é terapia, mas às vezes ajuda a respirar melhor.” — (Anotação de R.)
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A mesa do meu apartamento virou campo de batalha. Não tem flor no copo hoje, nem chá, nem pão queimado. Só café forte, pastas numeradas e um gravador de áudio no centro, como um coração mecânico impondo ritmo. Abro as cortinas; a luz da manhã entra reta, quase cirúrgica. Melhor assim: tudo à vista.
— Vamos começar — digo, e minha voz soa diferente até pra mim. Não é fria. É nítida.
Rafael deixa o laptop, Joana abre o caderno duro de capa preta. Alexandre encosta na parede, braços cruzados, o rosto anônimo que ele aprendeu a vestir. Ninguém senta primeiro. Eu sento, e eles me seguem.
Empurro a primeira pasta.
— Dossiê Casa dos Jasmins: estrutura, nomes de fachada, rotas recorrentes, “clientes cativos”, imóveis de apoio. O que recuperei da Casa. Aqui tem fotografia, cópia de chaveiro, cartões com a flor em baixo relevo, contatos, listas de plantão.
Passo a segunda.
— Clínica Santa Albina: Ala sem regis