Naquela noite, diante do espelho, Dayse encarou a mulher que a observava de volta.
Ainda havia resquícios de uma menina, traços de um passado que não combinava com sua nova realidade:
Os cabelos escorriam pelas costas como um rio calmo demais.
Os olhos, grandes demais, inocentes demais, agora estavam apagados, como janelas sem luz.
As lágrimas vieram. Silenciosas. Sem ruído. Não eram de dor.
Eram de vazio.
"Você pertence a um projeto."
O eco da frase de Luna reverberava dentro dela como um veredicto imutável.
Mas pela primeira vez, Dayse se perguntou: até onde um nome pode apagar uma pessoa?
O desejo de desaparecer a envolveu. Mas ela não sucumbiu.
Secou as lágrimas com precisão mecânica e apagou a luz.
Não dormiu. Apenas esperou, deitada, olhos abertos, encarando o teto como quem busca respostas nas sombras.
E quando o sol tingia a névoa da manhã, seu corpo já estava desperto. Não pelo alarme, mas pelo próprio corpo, que se recusava a descansar.
Dayse se levantou devagar, ign