“Saber tudo não é obrigação. Escolher o que fazer com o que sabe, é.” — (Dra. Iasmim)
Eu acordei e não me levantei. O teto tinha a mesma cor de sempre, mas hoje parecia um lençol puxado por dentro. O corpo sabia antes da cabeça: não era dia de produzir, responder, resolver. Era dia de sentir. Um verbo que eu sempre evitei, porque sentir é ineficiente, não cabe em planilha, não manda e-mail de volta.
Fiquei ali até a luz mudar de ângulo no quarto.
Levantei só para abrir a janela e deixar o ar bater, não no rosto, mas no lugar exato onde a respiração emperra quando a gente tenta engolir o impossível. Café? Não. Banho? Depois. Me sentei no chão, encostei as costas na cama e puxei o diário.
Escrevi devagar, como quem assina a própria certidão:
“Eu tive um filho.
Eu perdi um filho.
E só estou sabendo de tudo o que aconteceu agora.”
Só isso. Fechei. Se eu abrisse mais, afogava.
Desliguei o celular e depois liguei de novo. Modo avião é quase uma fé: a gente suspende o mundo e finge que ele r