Mundo ficciónIniciar sesiónPOV: KEENAN
— Sim. — Assenti lentamente, os olhos fixos em Aaron enquanto ponderava. — Sabemos que durante o evento celestial o poder dos bruxos se intensifica significativamente, enquanto nossos lobos tornam-se mais vulneráveis, propensos ao descontrole e à magia. Acha que é esse o motivo do retorno do Feiticeiro Supremo?
Aaron soltou uma risada baixa desdenhosa, antes de me encarar.
— Então você sabia sobre ele? — Indagou, avaliando os limites do meu conhecimento. — Achei que estava completamente cego por aquela traidora.
Meu sorriso se alargou friamente, o rosnado em minha garganta foi audível, deixando claro que mesmo o Rei Lycan não estava imune à minha insatisfação. As presas brilharam afiadas quando avancei um passo, a postura rígida.
— Curioso, Aaron... há não muito tempo essa “traidora” era sua aliada. Uma grande amiga. — Mantive o tom ameaçador implícito. — Sei sobre o Feiticeiro Supremo, que ele retornou e tomou o comando do clã devido ao seu poder. O que ainda não sei, caro amigo, é como aquele maldito se conecta a Yulli e porque, exatamente, estavam prestes a se casar.
Aaron inclinou-se levemente para frente, sem pressa, os olhos analíticos cravados em mim. Ele girou o copo em sua mão antes de levar a bebida aos lábios.
— Então, você não sabe sobre o pacto de relação dela com ele? — Sua pergunta veio casual, enquanto tomava outro gole sem desviar o olhar.
A tensão se apossou dos meus músculos que retraíram com a menção “relação”, imaginar que a feiticeira tinha algo mais profundo com outro homem, era intolerável, Olson brandou em meu peito a fúria e desejo de expandir seu território e eliminar seu concorrente vibrava por minha essência, endureci a expressão instantaneamente.
— Pacto de relação? — Questionei interesse sem conter os rosnados que escapavam de meu peito, avaliando as reações do Supremo minuciosamente. — Vai me explicar ou terei que brigar por informações?
Um sorriso provocativo surgiu nos lábios dele enquanto erguia uma sobrancelha.
— Escolha com sabedoria suas batalhas, não vai querer entrar em uma da qual não poderá vencer. — Piscou com a arrogância de quem sabia que estava acima de qualquer lobo por sua essência pura e linhagem dos supremos, os primeiros Lycans. — A mulher sob sua proteção nem sequer mencionou o noivado? — O tom presunçoso em sua voz não passou despercebido. — O laço entre vocês parece mais frágil do que aparenta. Diga-me, Keenan, qual sua verdadeira intenção ao protegê-la? Planeja transformá-la?
Inspirei profundamente, sustentando seu olhar. Recuei até a janela ignorando deliberadamente suas provocações, observando os flocos de neve que caíam em um ritmo lento.
— E se essa for minha vontade? — Questionei com um toque de desafio, em um tom mais contido. — Pretende tentar me impedir?
Aaron deslizou as suas garras na madeira da mesa, os olhos me estudavam com uma seriedade indisfarçável, sua expressão pensativa.
— Realmente acredita que a Deusa Lua a acolheria e permitiria passar pela transformação saindo viva? — Inclinou-se para frente, enfático. — Pense bem, Keenan, use a cabeça de cima jovem Alfa, acha mesmo possível que a Deidade conceda a uma bruxa o direito de se tornar loba? O que espera com isto?
— Não sabemos os desígnios das Deidades, meu rei. Yulli pode ser diferente. — Minha voz soou firme, embora meu corpo estivesse em alerta. Apesar de manter uma postura relaxada, sentia os nervos à flor da pele. A tensão no ar era quase palpável, a pressão inevitável de dois Alfas em uma disputa silenciosa por dominância.
Aaron tamborilou os dedos na mesa, o som seco ecoando pela sala antes que ele parasse abruptamente.
— A lei existe por um motivo. — Sua voz carregava o peso de quem não aceitaria objeções. Ele fixou o olhar em mim, a intensidade de suas palavras refletida em cada movimento. — As Deidades deixaram claro que a mistura de raças traz desequilíbrio. Vimos o que isso causou no passado. Você entende o risco que está correndo?
Endireitei-me, permitindo que minha essência lupina vibrasse enquanto respondia.
— Ela pode abdicar da magia, assim como sua Luna fez!
Aaron não hesitou, inclinando-se levemente para frente enquanto me encarava.
— Callie nasceu híbrida. Ela não se tornou uma, há uma grande diferença nisto. — Respondeu afiado, cada palavra carregada de uma certeza implacável. Ele ergueu o queixo, cruzando as pernas com uma calma calculada. — Entendi... Você acredita que, transformando a feiticeira, a Deusa Lua poderá destiná-la a você.
Houve uma pausa, mas o silêncio foi quebrado por uma risada curta e fria. Aaron negou com a cabeça, a descrença estampada em sua expressão.
— Está sendo ingênuo, Alfa do Norte. Mesmo que a Deusa permita que Yulli sobreviva à transformação, nada garante que ela se tornará sua destinada.
Ele pousou o copo com elegância na mesa, seus movimentos medidos enquanto verificava as horas em seu relógio.
— Seus desejos podem facilmente se transformar em sua ruína. Não apenas por desafiar a lei, mas... — Seus olhos encontraram os meus novamente, mais penetrantes do que antes. — Já considerou a possibilidade de que, mesmo sobrevivendo, a feiticeira poderia ser destinada a outro lobo?
— Jamais permitirei que isto aconteça! — Brando com as narinas se expandida com a raiva enquanto eu respirava fundo, recompondo-me. Virei-me para ele, meu semblante agora mais controlado, mas o fogo nos meus olhos permanecia.
Aaron me observou atentamente, sua postura não vacilava.
— Um dia, perceberá que não pode controlar tudo, Keenan. — A convicção em sua voz era clara. Ele deslizou o dedo pelo queixo, como se estivesse ponderando sobre minhas chances. — Enfrentar o decreto é desafiar os Deuses diretamente. Você realmente acredita que pode enfrentar tantos inimigos por causa de uma única mulher?
Cerrei os punhos com força, avançando bruscamente, socando a mesa com força em um estrondo que preencheu a sala.
— Ela não é qualquer mulher, rei Lycan! — As palavras saíram lentas e firmes.
— Espero que não, ou tudo que está fazendo será a sua ruína. — Rosnou com um singelo sorriso tranquilo.
— É por isso que está aqui? — Rosnei feroz, os caninos amostra. — Para me afastar dela? Impedir a transformação?







