10 – AMEAÇAS VELADAS

POV: KEENAN

Aaron permaneceu estático e paciente, seus olhos intensificaram-se. Sua presença dominante pressionava o ambiente, sua essência pulsava deliberadamente.

— A liderança da alcateia o deixou presunçoso demais, pequeno lobo! — Rugiu sutilmente, a forma rude de dizer deixando claro que perto do poder supremo, eu não tinha relevância. Grunhidos involuntários do meu lobo interior ressoou sob a pressão de sua fera que rugiu em comando e alerta.

Tensionei a mandíbula rangendo os dentes, sustentando seu olhar com as presas expostas.

— Presunção é acreditar que eu não farei o necessário para garantir o que é meu. — Declarei possesso, sem margens para debates. — Aprendi com você, Supremo: o que quero, eu tomo e o torno meu, assim como fiz com esta alcateia... — Dei um passo à frente, a madeira sob minhas mãos estalando com a força que empreguei. Meu olhar não vacilou enquanto a presença de Olson crescia dentro do meu peito, arranhando minha mente com sua impaciência.

Minha respiração tornou-se pesada, o poder latente sob minha pele começando a emergir em ondas. Aaron percebeu de imediato, o olhar dele estreitando enquanto sua hostilidade se tornava evidente:

— Yulli Fireveil também será minha. Nada mudará isso!

— Sente-se, Keenan. — Seu rosnado era alto em aviso seguido de uma ordem firme. — Vamos discutir os reais motivos da minha visita.

Pigarreei relutante, resmungando, balancei a cabeça em concordância, enquanto me afastava da mesa.

— Como preferir. — Peguei a garrafa com um movimento controlado, sentando-me enquanto lutava contra a tensão que se espalhava por meu corpo.

Sentia as veias pulsando sob a pele, enquanto a ferida no peito queimava, trazendo uma sensação de algo crescendo ou se enraizando dentro de mim. Meu lobo estava inquieto, uivando incessantemente em alerta a palavra: “Perigo”.  Ignorei o tumulto interno, focando naquilo que de fato me interessava no momento.

— Por favor, Vossa Excelência, fale sobre este pacto contratual. — Fiz uma reverencia exagerada com a mão, o fazendo revirar os olhos.

Aaron inclinou-se ligeiramente, sua expressão permanecendo impassível enquanto respondia:

— O pacto foi selado quando ambos eram jovens. Yulli nasceu com a marca de sua linhagem, os olhos púrpura cintilantes que denunciam sua descendência direta com Hécate, a Deusa Suprema dos bruxos. — Ele pausou, deixando as palavras ressoarem antes de prosseguir. — O motivo exato dela ter sido escolhida como noiva do feiticeiro supremo ainda é desconhecido, mas o Conselho está convencido de que algo grandioso está prestes a acontecer com esta união!

Semicerrei os olhos, a respiração pesada enquanto processava suas palavras.

— Então é por isso que querem eliminá-la?

Aaron respondeu sem hesitar, o gelo em sua voz impossível de ignorar.

— Queremos evitar outra guerra, Keenan. — Retrucou ele cruzando os braços, o olhar fixo em mim. — O Feiticeiro Supremo exige o rompimento do tratado de paz. Para impedir isso, Yulli deve retornar antes do evento celestial.

— Ela permanecerá aqui ao meu lado. — Rosnei, sustentando seu olhar. — Não fui eu quem violou o acordo primeiro.

— É a segunda vez que menciona isso, quer se explicar ou espera que eu adivinhe? — Com sarcasmo, ele se encostou na cadeira com tranquilidade com os braços cruzados. 

— A noite em que a feiticeira havia conseguido fugir, membros da minha patrulha desapareceram. — Ajustei minha postura, mantendo a seriedade. — Isso não é novidade por aqui. Diversos relatórios indicam sumiços de Lupinos, inclusive em meus territórios comerciais.

— Por que não reportou essas ocorrências? — Suas sobrancelhas contraíram-se.

— Pelo mesmo motivo que certas informações me são negadas. — Retruquei com amargura. — O banimento!

Por alguns instantes, o silêncio prevaleceu:

— A situação estava no mínimo, estranha. Somente lobos da minha alcateia estavam desaparecendo, e isso não podia ser coincidência. Claramente, Era uma provocação direta, estavam sendo caçados, claramente com o objetivo de me atingir. — Estalei a língua, balançando o copo em minha mão, o olhar fixo na bebida. — Então decidi ir pessoalmente, junto aos rastreadores, verificar a fronteira onde ocorreu o último desaparecimento.

Aaron inclinou-se para frente, fixando-se em mim com curiosidade clara:

— E o que encontrou lá? — Perguntou direto. — Alguma pista?

Soltei um suspiro controlado, mas minha mandíbula se retraiu denunciando o desconforto, antes de responder.

— Um símbolo negro. — Ressoei, enquanto o arrepio em minha espinha era inevitável ao recordar a cena. O cheiro pútrido de magia negra ainda parecia impregnar meus sentidos, ativando cada instinto de alerta. — Cercado por vários corpos empilhados, formando a palavra “vingança”. Bem ao centro, havia uma gravura.

Apertei o copo em minha mão com tanta força que o vidro se partiu em pedaços, os cacos cortando minha pele. O líquido escorreu, manchando a mesa, porém, eu estava preso na lembrança, ignorando o incomodo e sangue que escorria gotejando.

— Vingança? — A voz dele explodiu mais alta, carregada de indignação. — Então acredita que os bruxos estão provocando uma guerra ou tentando forçá-lo a declarar uma? — Ele socou a mesa, o som ecoando pela sala enquanto soltava a respiração de forma pesada, visivelmente irritado. — Porra, nossa trégua sempre foi frágil, mas isso ultrapassa qualquer limite. Por que justamente com você?

Cruzei os braços, tombando a cabeça de forma preguiça com um brilho frio no olhar.

— Quem daria crédito a um alfa renegado sem o apoio das outras alcateias? — Respondi com frieza, dando de ombros como se fosse óbvio. — Se Yulli é uma peça crucial nos planos das bruxas, isso explica a ameaça direta.

— O que diziam as gravuras? — Aaron avançou de forma abrupta, suas mãos agarrando minha camisa com força, puxando-me para mais perto. Seu olhar, agora carregado de intensidade, exigia respostas imediatas.

Levantei o olhar para ele na mesma altura, tombando a cabeça levemente, a raiva cintilava em meus olhos.

— Dizia: "Um dia o caçador, no outro a caça. Eles imploraram por suas vidas assim como os meus imploraram pela deles na Noite das Bruxas."

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