Mundo ficciónIniciar sesiónO preço do desprezo é a morte. O preço do amor é a eternidade. Livia era a Lua da Alcateia Lua Prateada, destinada a ser a contraparte espiritual do poderoso Alfa Matheus. Mas seu vínculo sagrado tornou-se sua sentença de morte. Desprezada por Matheus, que preferia sua irmã Julia, e rejeitada por sua própria família, Livia sente sua loba interior definhar a cada dia de rejeição. Enquanto Julia tece uma rede de manipulação e mentiras, convencendo a todos de que Livia é instável e ciumenta, Matheus fecha os olhos para a verdade. Até o dia em que a profecia se cumpre: o vínculo quebrado está matando Livia, e ela foge para a floresta em um último ato de desespero. É quando Arthur, o solitário Alfa da Alcateia da Montanha Sussurrante, a encontra à beira da morte. Em seus braços, Livia descobre um amor que não a diminui, mas a fortalece. Um amor possessivo que cura em vez de destruir. Enquanto um novo vínculo nasce entre eles, mais forte e luminoso, Matheus desperta para a verdade - mas pode ser tarde demais. Nesta história intensa de amor, traição e redenção, Livia precisará escolher entre o destino que lhe foi imposto e o amor que conquistou. Enquanto isso, Arthur provará que um amor verdadeiro não conhece limites - e que alguns Alfas protegem o que é seu com unhas e dentes. A Luna rejeitada é uma jornada emocionante sobre encontrar a força para renascer das cinzas e descobrir que o amor mais poderoso é aquele que nos escolhe quando estamos mais quebrados.
Leer másCAPÍTULO 1: O SABOR DO DESPREZO
A dor era uma presença constante, um fio de agulhas de gelo costurado em suas entranhas. Livia conseguia senti-lo até nas pontas dos dedos, um formigamento fraco que a lembrava, a cada instante, de que sua própria essência estava murchando. Ela se concentrou nos veios da mesa de madeira da Grande Sala, traçando os desenhos naturais com os olhos, tentando desesperadamente ignorar o peso do olhar de Matheus sobre Julia. A reunião do conselho da Alcateia Lua Prateada estava em pleno andamento. O ar estava pesado com o cheiro de pinho, terra molhada e uma tensão não dita. "—e acreditamos que os caçadores estão se movimentando a leste, além do Rio das Sombras," o Beta Rodrigo estava dizendo, sua voz grave ecoando nas vigas de madeira. Matheus, reclinado em sua cadeira alta, fez um som pensativo. Seus ombros largos bloqueavam parte da lareira para Livia, projetando uma sombra que ela sentia cair sobre si mesma. "Julia," ele disse, e sua voz, que para Livia era sempre um corte, para a irmã soava suave como seda. "O que seus instintos te dizem? Você sente alguma coisa?" Julia, sentada à direita de Matheus – o lugar que, por tradição, era da Lua –, inclinou a cabeça com uma graça estudada. Seus cabelos loiros brilhavam como ouro sob a luz do fogo, um contraste gritante com as madeixas castanhas e comuns de Livia. "Sinto uma perturbação, Matheus," Julia começou, sua voz uma melodia cuidadosamente orquestrada. "Não é agressão... mas é medo. Os animais da floresta estão inquietos. Talvez não seja uma ameaça direta, mas um aviso. Devemos enviar um pequeno grupo de observação, não um esquadrão de guerra. Mostrar força, mas não hostilidade." Matheus assentiu, seu rosto severo suavizando-se em algo que beirava a admiração. "Sábio. Como sempre." Uma pontada mais forte, afiada como uma lâmina, cortou o baço-ventre de Livia. Ela cerrou as mãos no colo, as unhas cravando-se em suas próprias palmas. A loba dentro dela uivou de angústia, um som que só ela podia ouvir. A análise de Julia era superficial, baseada em lugares-comuns, mas Matheus a tratava como se fosse a própria sabedoria da lua. Ela respirou fundo, o ar parecendo espesso. "Matheus," sua voz saiu mais fraca do que gostaria. Ela limpou a garganta e tentou novamente. "Matheus, o Rio das Sombras é raso nesta época. Uma patrulha pequena pode ser pega em terreno aberto. Os caçadores usam rifles de longo alcance. É melhor enviar os lobos pela floresta densa a norte e flanqueá-los visualmente. Segurança, não apenas observação." O silêncio que se seguiu foi mais cortante que qualquer repreensão. Matheus virou a cabeça lentamente, e seus olhos, da cor de uma tempestade, finalmente pousaram nela. Não havia calor neles. Apenas um fastidio resignado. "Sua cautela é... notada, Livia," ele disse, e seu nome soou como um insulto em sua boca. "Mas a sugestão de Julia é mais sutil. Menos confrontadora. Vamos seguir com a observação." Julia lançou a Livia um sorriso pequeno e rápido, um relâmpago de triunfo que só ela pôde ver. "Às vezes, irmã, a garra não é a melhor solução. É preciso ter tato." Livia baixou a cabeça, o sabor do desprezo amargo em sua língua. A dor no peito aumentou, uma pressão sufocante que fazia com que cada respiração fosse uma vitória. Ela podia sentir o vínculo, aquela corda de energia prateada que a ligava a Matheus, ficando mais opaca, mais frágil. Cada rejeição, cada olhar frio, era um golpe de martelo nesse elo. Ela se levantou silenciosamente, sua cadeira raspando no chão de pedra. Ninguém a notou sair. A sombra de Matheus já a havia engolido por completo. Ao passar pelo corredor que levava aos aposentos, ela ouviu a voz animada de sua mãe. "—e o vestido de Julia para o festival da lua cheia! Ela vai estar deslumbrante. É uma pena que Livia não tenha o mesmo... brilho." Seu pai respondeu com um riso baixo. "Cada um tem seu dom, querida. Julia tem a luz. Livia tem... sua seriedade." Livia apertou o passo, desviando para um pátio externo. O ar frio da noite bateu em seu rosto, mas não conseguiu lavar a vergonha e a dor. Ela cambaleou até uma muralha de pedra, encostando-se nela, suas pernas tremendo. Olhando para a lua, pálida e distante no céu, ela sussurrou para a parte de si mesma que estava morrendo. "Até quando?" perguntou à sua loba. "Até quando vamos suportar isso?" A única resposta foi um silêncio cada vez mais profundo, um vazio que crescia dentro dela, consumindo tudo. A Lua da Alcateia Lua Prateada estava se apagando, e ninguém, além dela, parecia se importar.CAPÍTULO 16: O LEGADO ETERNOQuinze anos se passaram desde que Noah, agora um jovem de vinte anos com a estatura imponente do pai e a sabedoria tranquila da mãe, assumira suas responsabilidades como futuro líder da alcateia. A Montanha Sussurrante havia se tornado uma lenda entre as alcateias vizinhas - não apenas pela sua força, mas pela justiça e compaixão que caracterizavam seu governo. Arthur e Livia, agora com cabelos prateados pelas décadas de liderança, observavam com orgulho silencioso o homem em que seu filho se transformara.Numa manhã particularmente serena, Arthur encontrou Livia no mesmo prado onde, vinte anos antes, eles haviam celebrado sua união. Ela estava sentada sob a velha árvore carvalho, observando os netos brincarem à distância. Seus olhos, ainda tão vívidos e cheios de vida, refletiam a paz de uma jornada bem cumprida."Lembra," Arthur começou, sentando-se ao seu lado com a familiaridade de quem compartilhara uma vida inteira, "da primeira vez que te trouxe aqu
CAPÍTULO 16: AS MARCAS DO TEMPOCinco anos se passaram desde a partida de Matheus e Julia, e a alcateia unida da Montanha Sussurrante florescia como nunca antes. Noah, agora um menino de cinco anos com os olhos âmbar do pai e a serenidade da mãe, corria entre as cabanas sob o olhar atento de seus pais. A cada dia que passava, Livia se maravilhava com a transformação que testemunhava não apenas em seu filho, mas em toda a alcateia que agora chamava de lar.Arthur, embora ainda mantivesse sua natureza protetora, havia aprendido a dosar sua possessividade. Seus olhos ainda seguiam Livia por onde quer que ela fosse, mas agora havia uma confiança tranquila em seu olhar que antes não existia. A alcateia, sob sua liderança conjunta com Livia, havia se tornado um refúgio para lobos de todas as origens - ex-membros da Alcateia Lua Prateada que escolheram ficar, lobos solitários em busca de um lar, e até mesmo algumas famílias de lobos errantes que ouviram falar da justiça e prosperidade que re
CAPÍTULO 16: O NOVO COMEÇOMatheus e Julia partiram na manhã seguinte ao amanhecer, levando poucas posses e ainda menos esperanças. Os membros restantes da Alcateia Lua Prateada os observaram ir, sem cerimônia ou tristeza, apenas um alívio silencioso de que o capítulo mais sombrio de sua história estava finalmente chegando ao fim.Julia olhou para trás uma última vez enquanto cruzavam a fronteira, seus olhos cheios de amargura e desapontamento. Ela tinha conseguido o que queria - ela era a parceira oficial do Alfa, a mulher no comando. Mas o sabor da vitória era de cinzas e poeira, um desfecho tão distante de seus sonhos de glória e poder que ela quase riu da ironia cruel disso tudo.Matheus não olhou para trás. Ele sabia que não havia nada lá para ele - apenas fantasmas e memórias dolorosas, os restos destruídos de tudo que ele poderia ter tido. Seu único consolo era que, em suas novas terras, talvez ele pudesse encontrar uma maneira de esquecer a mulher que perdeu e a vida que tão e
CAPÍTULO 15: O PREÇO DA AMBIÇÃODentro dos aposentos escuros e frios que ela agora compartilhava com Matheus, Julia observava seu marido beber até a inconsciência mais uma vez, seu corpo desleixado na cadeira de madeira perto da lareira apagada. Os garrafões vazios de vinho se acumulavam no chão como tumbas silenciosas de suas esperanças frustradas. Seus lábios finos se curvaram em desprezo puro enquanto ela observava a última garrafa escorregar de seus dedos frouxos e rolar pelo chão de pedra, o som oco ecoando na sala vazia."Você ainda pensa nela," ela acusou em um sussurro venenoso, sabendo que ele não podia ouvi-la em seu estado de estupor alcoólico. "Mas ela está em outro lugar, na cama quente de outro homem, amamentando o filho de outro homem. Ela ri de você, Matheus. Eles todos riem de você enquanto você afunda nesta miséria autoindulgente."Ela olhou ao redor do quarto escuro e vazio, comparando-o mentalmente com as descrições luxuosas que ouvira dos aposentos de Arthur e Liv
CAPÍTULO 13: O FANTASMA DO ARREPENDIMENTOA notícia do nascimento chegou aos ouvidos de Matheus através de um comerciante itinerante que servia ambas as alcateias, um homem velho e curvado que carregava histórias e fofocas junto com suas mercadorias. Ele estava no salão principal da Alcateia Lua Prateada, tentando resolver uma disputa territorial menor com um grupo de fazendeiros humanos, quando ouviu o relato casual, quase desinteressado do homem."... nasceu na noite da grande tempestade, dizem as pessoas. Um menino saudável, com os olhos do pai e o queixo da mãe. Dizem que Arthur não deixa ninguém chegar perto do herdeiro da Montanha Sussurrante. Protege o menino e a Lua como um dragão protege seu tesouro."Matheus congelou no meio de uma frase, a taça de vinho pesada em sua mão caindo e quebrando no chão de pedra com um estalto que ecoou pelo salão silencioso como um tiro. Ele não ouviu o resto do relatório do comerciante, não viu as preocupadas expressões de seus conselheiros, nã
CAPÍTULO 12: UMA FAMÍLIA COMPLETANos dias que se seguiram ao nascimento de Noah, Arthur provou ser um pai devotado e um parceiro ainda mais possessivo, se isso era humanamente possível. Ele raramente permitia que o bebê - que eles nomearam Noah, em homenagem ao avô de Arthur, um homem que ele descrevia como a encarnação da força silenciosa e da sabedoria pacífica - saísse de sua vista, e nunca permitia que Livia se levantasse sozinha, insistindo em ajudá-la em cada movimento, não importa quão pequeno ou trivial parecesse."Deixe-me pegar ele para você," ele insistia toda vez que Noah chorava durante a noite, já saindo da cama antes que Livia estivesse totalmente acordada, seus movimentos suaves e silenciosos como os de um grande felino."Arthur, eu posso cuidar do meu próprio filho," Livia protestou uma noite, exausta da combinação de privação de sono e sua própria recuperação pós-parto. "Você precisa descansar também. Você está se espalhando muito fino, entre a alcateia e nós.""Voc
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