08 – SOB O DOMINIO DOS LOBOS

POV: YULLI

Sem qualquer delicadeza, Allison escancarou a porta do quarto e me empurrou para dentro com força, fazendo-me tropeçar.

— Ei, sarnento! — reclamei, minha voz transbordando irritação enquanto me recuperava. Sua resposta veio em forma de um olhar furioso acompanhado de um rosnado ameaçador. — Isto aqui é um absurdo!

— Concordo, feiticeira. — A voz dele era fria, carregada de desprezo enquanto ele avançava na minha direção. — Nosso Alfa deveria eliminá-la e nos poupar do fardo de sua presença. — Sua postura era intimidadora, e o tom de ameaça em suas palavras era inconfundível. — Você só trouxe desgraças a ele!

Respirei fundo, ignorando a dor pulsante em minhas costelas e a exaustão que parecia dominar meu corpo. Ergui o queixo, meu olhar desafiador fixo nele.

— Eu fui embora, não fui? — rebati, minha voz firme. — Foi seu Alfa quem me trouxe de volta contra a minha vontade. Nunca quis envolvê-lo em nada disso.

Os olhos de Allison brilharam com raiva contida enquanto ele se aproximava ainda mais. — Mas envolveu. — Ele agarrou meu braço com brutalidade, suas garras perfurando minha pele, arrancando uma dor aguda que me fez cerrar os dentes. — Por sua causa, estamos enfrentando duas declarações de guerra! — Sua voz baixou para um tom ameaçador, cada palavra carregada de intenção. — Se tem algum resquício de consideração por ele, faça-nos um favor: morra de uma vez!

Minha respiração estava pesada, mas não recuei. Com um sorriso frio e desafiador, olhei diretamente para ele.

— Cuidado, Beta... Estou começando a achar que seus sentimentos pelo Alfa vão além da submissão e lealdade. — Minhas palavras o atingiram como eu pretendia, antes que pudesse reagir, fui jogada ao chão com violência. O impacto arrancou um leve gemido de dor, mas minha expressão não cedeu. — Toquei em sua ferida?

Allison parou, o rosto contorcido em algo entre raiva e desconforto. — Inacreditável como a personalidade de vocês dois é irritantemente semelhante. — Ele resmungou, afastando-se. Sua postura rígida denunciava sua tentativa de manter o controle.

Ele se virou para mim novamente, o olhar frio.

— Em breve, os médicos virão examiná-la, e a empregada trará uma refeição.

— Não é necessário. — Respondi, levantando-me com esforço, um leve gemido escapando enquanto me endireitava.

— Concordo. — Ele cruzou os braços, avaliando-me de cima a baixo com desprezo. — Mas isso não importa. É o que meu Alfa ordenou. — Disse com desdém. — E com seu estado atual, sem magia, sua recuperação levará muito tempo.

— Pensei que quisesse me ver morta. — Minha voz soou fraca, interrompida por uma risada breve que provocou dor nas costelas fraturadas. — Merda...

— Como eu disse, traidora: não é o que Keenan deseja. — Allison respondeu ríspido, recuando até a porta. Virou parcialmente o rosto em minha direção. — Mas por que escapou?

— O quê? — Franzi a testa, confusa, enquanto me movia devagar em direção à cama. A dor pulsava a cada passo, mas me mantive firme.

— Ele nunca lhe negou nada. Sempre garantiu sua segurança. — As palavras de Allison transbordavam irritação, como se tentasse decifrar um enigma incompreensível. — Então por que as mentiras? Por que essa traição?

Respirei fundo, sentindo o peso da acusação em sua voz. Sentei-me na cama, contendo um gemido de dor ao morder os lábios.

— Sabemos que o Alfa merece coisa melhor... — Falei baixo, resignada. — E não quero provocar a fúria dos Deuses. Só causo destruição por onde passo.

Allison permaneceu quieto, mas seu olhar permanecia hostil. Aproximou-se, as presas expostas revelando sua agressividade crescente.

— Talvez esse fosse seu plano desde o início. — Sua voz destilava rancor, cada palavra escolhida para machucar. — Fugir, sabendo que ele a caçaria. Correr para os braços de um feiticeiro com poder suficiente para desencadear um atrito entre as espécies. — Fez uma pausa breve antes de prosseguir. — Como se sua sedução barata já não fosse suficiente para mexer com a linha tênue da lei de proibição.

Olhei para ele, incrédula, enquanto uma gargalhada incontrolável explodia do meu peito. O riso se misturava aos gemidos de dor que escapavam cada vez que eu forçava as costelas. Ele permaneceu imóvel, parado na porta, os braços cruzados e o olhar fixo em mim.

— Claro, exatamente isso. — Respondi com sarcasmo, ainda rindo enquanto avaliei os cortes em meu braço. — Todo esse caos fazia parte do meu plano genial: ter um Alfa e um Feiticeiro Supremo disputando por mim. Afinal, que mulher não sonharia com isso?

O rosnado que veio de sua garganta era um aviso claro, mas o ignorei sem esforço, dando de ombros.

— Já terminou com as ironias, bruxa? — Sua voz era grave, carregada de ameaça.

— Não tem ordens a cumprir ou outra prisioneira para incomodar? — Retruquei, revirando os olhos enquanto tocava as algemas em meus pulsos. A textura fria repelia qualquer tentativa de magia, mas, diferente das correntes de Drevan, essas não queimavam minha pele. — De que material isso é feito?

— Algo que nem mesmo você conseguirá romper. — O sorriso que ele me lançou estava cheio de provocação, as presas ligeiramente à mostra. — Não se preocupe, feiticeira. Ainda nos veremos muitas vezes.

— É mesmo? Vai ser meu cão de guarda particular? — Disparei de forma deliberada, meu tom desafiador. A provocação teve o efeito esperado. Ele deu um passo ameaçador em minha direção, mas parou abruptamente, os punhos cerrados com tanta força que a tensão em seu corpo era evidente.

— Sabe, feiticeira... — A voz do Beta era fria, mas carregada de uma ameaça implícita. Seus olhos assumiram um brilho predatório, os traços do rosto transformando-se em algo mais selvagem. — Uma hora, ele vai se cansar dos seus jogos e da sua ingratidão. E quando esse dia chegar, eu serei o primeiro a caçá-la.

— Entre na fila, Beta. — Respondi sem hesitação, o olhar firme enquanto cruzava os braços. — Existem muitos outros que aguardam ansiosamente por esse momento.

A tensão aumentou no ar, mas ele não respondeu. Com passos pesados, ele se afastou e saiu, fechando a porta com tanta força que o som ecoou pelo quarto. Ouvi o som da tranca girando, o isolamento agora completo.

Fechei os olhos por um momento, tentando acalmar minha mente. Se eles soubessem os verdadeiros motivos que me levaram a fugir para a cidade de Orion... Se soubessem por que me rendi ao desgraçado do meu noivo e aceitei aquele maldito casamento...

— Eles não têm ideia do que está por vir.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP