Emmy Zack nasceu e foi criada na Divisa Guardiã, um bastião sagrado onde mulheres são treinadas para proteger o mundo das criaturas sobrenaturais. Filha de Denise Zack, uma das líderes mais respeitadas da ordem, Emmy sempre esteve destinada a seguir um caminho dentro da Divisa. Mas enquanto suas irmãs já escolheram seus futuros, Emmy sente que seu destino a chama para longe dali — para a Torre de Malac’h, lar das sacerdotisas do Deus dos transmorfos e da Lua. Porém, quando visitantes inesperados chegam à torre, trazendo consigo segredos antigos e uma conexão que Emmy não consegue compreender, seu mundo vira de cabeça para baixo. Cinco lobos da nobre linhagem do Norte, descendentes diretos de Malac’h, parecem conhecer Emmy de um jeito que nem ela mesma entende. E quando seus olhares se cruzam, algo desperta dentro dela — uma força que ela nunca sentiu antes. Mas por que eles estão ali? O que querem com Emmy? E o mais importante… por que ela sente que já os conhece? Enquanto tenta resistir ao chamado de sua magia e às verdades proibidas que começam a emergir, Emmy se vê dividida entre o dever de uma guardiã e um destino que pode mudar tudo o que ela acreditava ser real. Entre segredos, juramentos e olhares que queimam, Emmy terá que decidir: sua lealdade pertence à torre… ou ao Deus da Lua?
Ler maisEmmy Zack Daha Ao acordar naquela manhã, a primeira sensação que tive foi dos dedos de Alec deslizando devagar pelos meus cabelos, como se procurasse desenhar cada fio em sua memória. Seus olhos negros, profundos como abismos, me encaravam sem piscar. Havia algo em seu olhar que sempre me assustava, como se ele enxergasse partes de mim que eu mesma tentava esquecer. Ainda assim, não tive forças para recuar. Apenas me encolhi debaixo do lençol, buscando abrigo do mundo em sua presença tão densa, tão inevitável. Um riso rouco escapou de sua garganta quando viu meu gesto. — É tão ruim assim, querida? – perguntou, sua voz baixa reverberando contra minha pele. Neguei com a cabeça, mas não consegui pronunciar nenhuma palavra. Era como se meu corpo estivesse preso entre o sono e a vigília, e eu fosse apenas uma extensão de seus desejos. Ele se aproximou mais, colando sua boca na minha em um beijo faminto, que parecia exigir até o ar dos meus pulmões. Senti seu corpo nu roçando no meu,
Emmy Zack Daha’chAs sombras se dissolveram ao nosso redor como véus rasgados por mãos invisíveis, revelando um salão que parecia ter sido moldado a partir de um pesadelo antigo. O teto abobadado não possuía fim visível — sumia em uma escuridão líquida e densa, onde constelações falsas tremeluziam em cores impossíveis, como se a própria realidade estivesse distorcida ali. As estrelas não eram estrelas; eram olhos, talvez, ou memórias presas em forma de luz.No centro do salão, uma mesa colossal feita de uma pedra negra e vítrea ocupava quase todo o espaço. Runas sangradas e círculos de conjuração pulsavam suavemente sobre sua superfície, como um coração vivo batendo sob carne petrificada. Era como se a mesa estivesse viva. Como se nos observasse.Ao redor, sentavam-se entidades que jamais imaginei ver reunidas — talvez jamais devessem estar. Algumas lembravam humanos apenas à distância: guerreiros de armaduras negras cravejadas de presas, ossos e inscrições arcanas esquecidas pelo t
Emmy ZackDahaAlec me observava com aquele sorriso calmo, porém cheio de sombras. Ao seu lado, um lobo negro gigante – quase tão imenso quanto Cael – estava deitado, a cabeça repousada sobre as patas enormes enquanto seus olhos âmbar seguiam cada movimento meu com vigilância silenciosa.Olhei ao redor, absorvendo o cenário à minha volta. O salão era amplo, sustentado por pilares de pedra escura marcados com runas antigas que pulsavam em dourado fraco. Ainda parecia novo, inacabado, como se a fortaleza tivesse acabado de nascer no ventre do mundo, arrancada de outra dimensão pela vontade dele. Havia um vazio frio ali, como se a vida ainda não ousasse preencher aquele espaço.Respirei fundo, sentindo o cheiro de terra molhada misturado ao sangue seco.— Você pode me deixar voltar para casa? — perguntei, mantendo a voz firme apesar de soar distante até para mim mesma.Ele inclinou a cabeça, analisando-me com intensidade. Seus olhos eram duas fendas de fogo esverdeados, e por um instant
Emmy Zack Daha Após um banho longo e fumegante, que me deixou tonta de calor e aliviei parte das cólicas com a pouca magia que conseguia acessar, retornei ao quarto. Um vestido branco fora deixado sobre a cama. Toquei o tecido fino, sentindo a suavidade entre meus dedos. Cael estava lá, deitado aos pés da cama. Seus olhos me seguiam como os de uma estátua viva, seu peito se movendo devagar, mas seu olhar era de fera. Cheirou o ar na minha direção, as narinas se expandindo. Senti o poder oculto naquela criatura e um calafrio me percorreu a espinha. — Senhora… seu marido a espera… — disse uma voz feminina que entrou devagar, abrindo a porta sem fazer ruído. Virei-me rapidamente. Era apenas uma senhora, curvada pela idade, vestindo roupas simples, mas limpas. O cabelo grisalho preso em um coque baixo, o rosto enrugado expressava cansaço e medo. — Quem é você? — perguntei, minha voz saindo fria, sem intenção. — Oh… Deusa… sou apenas uma mulher qualquer que o senhor Alec decidiu ac
Emmy ZackDahaMergulhei em uma visão estranha, como se meu espírito tivesse sido arrancado do corpo e lançado a um outro plano. Talvez fossem meus poderes divinos tentando me alertar, ou quem sabe apenas um delírio do medo que me corroía.Vi Alec em um trono feito inteiramente de sombras. As correntes de trevas que brotavam de sua presença se espalhavam pelo chão, retorcidas, vivas, dominando tudo ao redor. O mundo – aquele mundo que eu não reconhecia, queimado e fragmentado – se curvava diante dele.E eu estava ali, ao seu lado.Não era a mim mesma que via, mas sabia que era eu. Sentia a força de minha aura entrelaçada à dele, como se nossas essências estivessem costuradas juntas de forma tão profunda que a separação fosse impossível.Uma sensação estranha se espalhou pelo meu peito. Medo, desejo, repulsa e um inexplicável senso de pertencimento.Acordei com um sobressalto, levando a mão ao ventre. Uma pontada tão aguda atravessou meu corpo que precisei morder o lábio para não grita
Emmy Zack Daha’ch Acordei com uma dor surda que latejava por todo o corpo. Meus músculos estavam rígidos, a pele ainda sensível ao toque, como se eu tivesse sido moldada por mãos impacientes. E, de certa forma, fui. Alec me envolvia como se pudesse me prender para sempre entre os braços. Seu corpo, grande e tenso, pressionava o meu de forma possessiva. Um calor estranho emanava dele, quase febril, e o cheiro — uma mistura de terra molhada, sangue e algo primitivo — preenchia o espaço ao redor. Tentei respirar fundo, buscando alguma clareza no torpor da madrugada que ainda nos cercava. No teto do quarto, feixes tênues de luz filtravam-se por entre as tramas mágicas que protegiam o local, criando sombras dançantes sobre os contornos de seu rosto. Meus dedos percorreram, quase inconscientes, as marcas escuras que se espalhavam pelos ombros dele como raízes vivas. Elas pareciam menos agressivas, mais retraídas. Quase... em paz. Mas era uma paz sombria, densa, como o silêncio antes
Último capítulo