Mundo de ficçãoIniciar sessãoArabella Whitmore sempre acreditara que o amor fosse uma escolha. Até descobrir que, às vezes, ele nascia do abandono. Quando sua irmã retornou de uma viagem ao exterior decidida a romper um noivado que nunca revelara à família, Arabella acreditou que tudo se resumia a uma incompatibilidade de mundos. Mas a verdade era outra, e muito mais cruel. Zayn Al-Rashid não era o homem que Arabella esperava encontrar. Nem a situação que o cercava. O que deveria ser uma conversa breve transformou-se em algo muito maior: um pedido que jamais deveria ter sido feito, uma verdade dita tarde demais e uma decisão que mudaria o rumo de todos os envolvidos. Um acordo silencioso fora firmado entre dois estranhos. E enquanto o mundo insistia em lembrar Arabella de que ela não fora a escolhida, sentimentos inesperados começavam a crescer onde só deveria existir dever. Porque o maior risco não era casar com o homem errado. Era amar sabendo que, desde o início, ela fora apenas a substituta.
Ler maisPov - Arabella WhitmoreDubai não me recebeu com ruído.Essa foi a primeira coisa que me chamou atenção ao sair do aeroporto. Eu esperava movimento excessivo, vozes altas, calor extremo e algum tipo de choque imediato que justificasse todo o medo que Helena associara àquele lugar. Em vez disso, encontrei plenitude organizada, eficiência calculada e uma sensação estranha de estar sendo observada sem que ninguém realmente me encarasse.Havia quietude, mas não ausência. Pessoas circulavam com naturalidade, cada uma consciente de seu próprio espaço, como se o ambiente tivesse regras invisíveis que todos compreendiam, menos eu. Nada parecia improvisado. Nada parecia fora do lugar. Aquilo, por si só, já contrariava tudo o que Helena insinuara em suas mensagens aflitas.O ar era quente, mas controlado. O tipo de calor que não sufocava, apenas envolvia. Respirei fundo enquanto ajustava a alça da bolsa no ombro, sentindo o peso simbólico daquele gesto simples: eu tinha atravessado meio mundo p
Pov - Arabella WhitmoreUm peso incômodo saiu das minhas costas quando, num dia qualquer, Helena alegou que faria a coisa certa.Eu era uma péssima mentirosa, e pior ainda em fingir que estava tudo bem quando não estava. Por isso, não estava sabendo ficar na presença dos nossos pais sem deixar evidente que algo estava errado. Uma sensação amarga me apunhalava toda vez que lembrava no que minha irmã havia se metido, e eu tinha que fingir para eles que, pela primeira vez, Helena não havia aprontado em uma de suas viagens — porque, sim, isso era algo corriqueiro.Mas o peso de todo o seu segredo aliviou no instante em que ela dissera que iria até Dubai para terminar com seu noivo.Não com firmeza absoluta, mas com uma convicção cansada que soara mais madura do que qualquer entusiasmo impulsivo. Tinha falado da passagem comprada para dali a alguns dias, da necessidade de resolver tudo pessoalmente, de encerrar aquilo sem transferir o peso para mais ninguém — no caso, eu, como sempre.— Eu
Pov - Arabella WhitmoreNa manhã seguinte, encontrei Helena na cozinha, sentada à mesa como se não tivesse dormido. O cabelo estava preso de qualquer jeito, e havia uma xícara de café intocada à sua frente.— Você acordou cedo — comentei, pegando outra xícara no armário.— Não consegui dormir — respondeu, sem me olhar.Sentei-me diante dela. O silêncio entre nós parecia continuação da conversa da noite anterior, como se tivesse sido apenas pausada.— Pensou no que conversamos? — perguntei.Ela assentiu, devagar.— Pensei demais.Mexeu o açúcar no café, sem beber um único gole. O som repetitivo da colher contra a porcelana começou a me incomodar.— Vai fazer a coisa certa e falar com ele? — questionei. — Ir até lá e encerrar isso de uma vez?Helena apertou os lábios, como se impedisse as palavras de escapar, e deu de ombros.Não fiquei surpresa por ainda estar tão resoluta, então respirei fundo e soltei a ideia que tive:— Então por que não termina com ele pelo telefone?A pergunta sai
Pov - Arabella WhitmoreHelena voltou de viagem como sempre voltava de tudo: ocupando espaço.Sua mala ainda estava no hall quando ela já falava, gesticulando com entusiasmo exagerado, descrevendo hotéis que pareciam palácios e jantares que meus pais ouviam como se fossem relatos de um conto distante. A viagem fora um presente de aniversário — mais um entre tantos — e, como esperado, ela fizera questão de aproveitá-la até o último detalhe.— Dubai é surreal — dizia, sorrindo. — Tudo é grande demais, brilhante demais. É impossível não se sentir especial lá.Minha mãe observava com orgulho. Meu pai assentia, satisfeito por ter proporcionado mais uma experiência memorável à filha favorita, ainda que jamais admitisse isso em voz alta.Eu permaneci encostada no batente da porta da sala, apenas ouvindo.Helena sempre teve esse dom. Onde ela chegava, o mundo parecia girar em torno de si. Mas eu a conhecia bem demais para me deixar enganar completamente por aquele entusiasmo.Havia nervosismo










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