O amanhecer em Santa Aurélia foi suave, e Isabel despertou com uma paz rara. O beijo à beira do lago ainda pulsava em sua memória como uma chama acesa. Gabriel, tão discreto e firme, tornara-se algo que ela não sabia explicar: porto seguro, mas também tempestade contida.
Durante o café da manhã, Teresa observava a filha com olhos atentos. Isabel sorria mais, falava com leveza, e até o gesto de segurar a xícara parecia diferente — menos tenso, menos escondido. Teresa lançou um olhar para Gabriel, que apenas manteve a serenidade. Não precisava de palavras para reconhecer a cumplicidade que começava a nascer.
— Hoje haverá um pequeno concerto na cidade — comentou Teresa. — Uma apresentação de jovens músicos locais. Acho que seria bom para vocês dois comparecerem.
Isabel olhou para Gabriel, hesitante.
— O que acha?
— Acho que não há motivo para recusarmos — respondeu ele, simples. — Se estiver ao seu lado, não me importo com os olhares.
A frase, tão direta, aqueceu Isabel de uma forma ine