O telefone tocava com insistência no solar Ferraz, e o som ecoava pelos corredores silenciosos. Isabel atendeu sem pensar — a rotina de chamadas da Casa Aurora havia se tornado parte dos seus dias.
Mas a voz que veio do outro lado da linha não era familiar.
Era calma. Feminina. Inquietantemente confiante.
— Madame Ferraz, sei que esse telefonema pode parecer inoportuno, mas o que tenho para lhe dizer não pode esperar.
Isabel franziu o cenho, recostando-se na cadeira.
— Quem está falando?
— Alguém que sabe que seu marido está em Genebra. — A voz soou baixa, quase um sussurro. — E que ele não contou o motivo real.
Um arrepio percorreu a espinha de Isabel.
— Eu sei por que ele foi. — respondeu, tentando manter a calma. — Negócios da família.
A mulher riu de leve.
— Negócios? É esse o nome que ele dá para acobertar os rastros que o ligam ao império Monteiro e à família Larrieux?
Isabel apertou o telefone contra o ouvido.
— Isso é mentira.
— Mentira? — a voz continuou, agora mais suave, qu